Por: Vitor Necchi | 12 Mai 2018
A evocação dos 50 anos do movimento que inflamou a França permite que se estabeleça uma relação com a atualidade brasileira, “após cinco anos de uma singular contrarrevolução sem revolução, em resposta às jornadas de junho de 2013”. Para Erick Corrêa, “assim como na França em 68, o trabalho de desqualificação e de deslegitimação das posições da esquerda revolucionária durante e depois da crise, realizado tanto por gaullistas como por comunistas-stalinistas, não se distancia muito do trabalho realizado no Brasil, sobretudo entre 2013 e as jornadas anticopa de 2014, feito por petistas e antipetistas, contra os movimentos sociais de base autônoma, como o Movimento Passe Livre ou as federações anarquistas e demais frentes populares independentes de partidos e sindicatos”.
Nas duas situações, “tais posições de certa maneira prepararam o terreno para uma contraofensiva da direita que, em simbiose com os aparatos estatais de controle e repressão, depois atingiria frontalmente todo o campo da esquerda”, avalia Corrêa, que identifica um risco: “No plano histórico, quase sempre que as posições da direita e da esquerda reformista se uniram no ataque às correntes minoritárias e revolucionárias do movimento operário, o fascismo avançou e o autoritarismo estatal instaurou-se”.
Ao refletir sobre os episódios transcorridos há meio século, Corrêa, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, avalia que “na radicalização de setores minoritários do meio estudantil, principalmente em Strasbourg, Nantes e Nanterre, que reside o significado mais profundo da crise que explode em Maio-Junho de 68: um duplo rechaço, simultaneamente dirigido ao sistema capitalista e às principais formas partidárias e sindicais (social-democrata ou bolchevique) de organização e representação política e econômica das classes trabalhadoras”.
O que ocorreu naquele ano transformou a realidade: “A crise redefiniu a dinâmica da modernização capitalista e o panorama social e político francês das décadas seguintes”. Para Corrêa, “68 foi a maior greve geral selvagem da história da França, mas saiu vencida”, e essa derrota “abre o caminho para as reestruturações produtivas posteriores”.
No Brasil, a resistência à ditadura instaurada em 1964 impactou o teor e o rumo da efervescência de 1968. O regime de exceção colocava os contestadores “diante de um horizonte de expectativas historicamente mais rebaixado do que aquele aspirado pelos contestadores de um país como a França, que gozava de liberdades democráticas mínimas (todavia ausentes no Brasil), além de um vigoroso Estado de Bem-Estar Social, após cerca de 20 anos de glórias econômicas e expansão capitalista na Europa ocidental”.
Erick Corrêa | Foto: Reprodução Facebook
Erick Corrêa é graduado, mestre e doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista – Unesp. Sua dissertação é intitulada Guy Debord: crítica e crise da sociedade do espetáculo. Organizou, com Maria Teresa Mhereb, o livro 68 – como incendiar um país (São Paulo: Ed. Veneta, 2018). Atualmente desenvolve sua tese sobre a revolução portuguesa de 1974-75.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Que forças e pensamentos políticos compunham o cenário que antecedeu o Maio de 68 na França?
Erick Corrêa – No campo intelectual de esquerda, o marxismo francês da época era marcado por uma vitalidade conferida pelo questionamento, portado por correntes heterodoxas, ao conformismo e à ortodoxia teórica patrocinada pelo Partido Comunista Francês - PCF, bem como por uma redescoberta criativa dos textos de Marx [1] que sublinham a alienação e a subjetividade revolucionária, como era o caso de Henri Lefebvre [2], André Gorz [3] e Jean-Paul Sartre [4]. No plano político, o PCF havia apoiado a repressão dos stalinistas na revolução húngara de 1956 e se recusado a aprofundar a desestalinização da organização, mesmo após a morte de Stalin [5] e do Relatório Khrushchov [6] sobre os crimes do stalinismo, além de prosseguir com o expurgo de suas correntes radicais, o que explica em parte a sensibilidade anticomunista de grande parte dos protagonistas de 68, sobretudo dos mais jovens (entre estudantes e trabalhadores).
As organizações mais originais deste campo à esquerda do PCF eram minúsculas, como Informação Correspondência Operária (ICO, 1958-73) e a Internacional Situacionista (IS, 1957-72), organização que realizou com êxito um esforço de conciliação entre a crítica da cultura e a crítica da economia política. Havia também diversos grupos da extrema-esquerda, de orientação pró-chinesa (maoísta) ou trotskista.
Algumas revistas, como Arguments e Socialisme ou Barbarie, conduziam um trabalho de “revisão” do marxismo. As teses conselhistas de Rosa Luxemburgo [7] e de Anton Pannekoek [8] reencontravam um solo fértil para uma retomada dos princípios de autonomia decisória e de controle da produção pelos próprios trabalhadores. Nas antípodas do pensamento heterodoxo, Louis Althusser [9] conduzia uma equipe de jovens pesquisadores encarregados de esterilizar o marxismo de qualquer traço de “ideologia”.
No campo da sociologia, especificamente nos anos que antecedem a explosão revolucionária de 1968, Paris contava com pelo menos quatro importantes revistas científicas: a Sociologie du travail, animada por Georges Friedmann [10] e de cujo comitê de redação participariam, entre outros, os sociólogos Michel Crozier [11], Jean-Daniel Reynaud [12], Alain Touraine [13] e Jean-René Tréanton [14]; a Revue française de sociologie, cuja chefia de redação era assinada por Edgar Morin [15]; a Archives européennes de sociologie, dirigida por Raymond Aron [16] e de cujo comitê de redação se destacariam Croizier (França), Ralf Dahrendorf [17] (Alemanha) e Thomas Bottomore [18] (Grã-Bretanha); além da Communications, na qual participariam nomes como Roland Barthes [19] e Morin.
No decurso de 1968, G. Friedmann, Morin e Touraine se destacariam nas páginas do Le monde como os principais articulistas franceses da crise sociopolítica deflagrada naquele ano. Dentre as editoras que acolheram em seus catálogos e coleções as principais obras do pensamento sociológico francês daquele período, destacam-se a Plon, a Éditions du Seuil e a Minuit. Elas publicariam O Fenômeno burocrático (1963), de Croizier, e Os herdeiros, os estudantes e a cultura (1964), de Bourdieu e Passeron.
À direita e à extrema-direita do espectro sociopolítico, entre gaullistas moderados e monarquistas radicais, havia organizações, como o grupo Occident, além de revistas como Rivarol ou Restauration Nacionale.
IHU On-Line – Antes de o movimento eclodir, havia prenúncios dele?
Erick Corrêa – Sim, certamente a agitação no meio estudantil francês já apresentava sinais de radicalização pelo menos desde 1966. Naquele ano, um grupo de estudantes da Universidade de Estrasburgo, por exemplo, associou-se à Internacional Situacionista para denunciar uma crise geral do meio estudantil francês, em todos os seus aspectos (econômico, político, psicológico, sexual e intelectual), propondo, por sua vez, alguns meios revolucionários de resolvê-la. Voltada contra o reformismo da principal entidade representante do sindicalismo estudantil francês, a Unef (União Nacional dos Estudantes da França, equivalente à UNE brasileira), tal crítica se fazia desde uma perspectiva revolucionária, de inspiração conselhista e situacionista. A Associação de Estrasburgo chegou a apresentar uma moção de dissolução da Unef, aprovada pela Associação de Nantes, na assembleia geral da entidade, em janeiro de 1967.
Em março daquele ano, estudantes do sexo masculino, da faculdade de Nanterre, ocuparam os prédios de moradia destinados exclusivamente às estudantes (homens eram até então proibidos de visitar os pavilhões femininos, sendo permitido apenas o contrário). O diretor da faculdade convocou rapidamente as forças policiais para realizarem a desocupação dos pavilhões femininos. A polícia estava proibida de intervir no perímetro universitário desde a Idade Média. A partir de 1968, essa prática passa a acontecer normalmente na França.
Houve ainda uma série de greves parciais de trabalhadores ao longo dos anos 1960, de diferentes setores da economia, como a greve de fevereiro e março de 1966, na fábrica da Rhodiacéta, em Besançon. Mas é na radicalização de setores minoritários do meio estudantil, principalmente em Strasbourg, Nantes e Nanterre, que reside o significado mais profundo da crise que explode em maio-junho de 68: um duplo rechaço, simultaneamente dirigido ao sistema capitalista e às principais formas partidárias e sindicais (social-democrata ou bolchevique) de organização e representação política e econômica das classes trabalhadoras.
IHU On-Line – A intelectualidade francesa foi pega de surpresa pela explosão das ruas?
Erick Corrêa – Sim, com exceção dos situacionistas. Um episódio é exemplar nesse sentido. Em 1967, Henri Lefebvre publicou na França Posição contra os tecnocratas, um livro de crítica sociológica ao campo tecnocrático, mas no qual, a certa altura, o então professor de sociologia de Nanterre debocha dos situacionistas justamente por acreditarem e difundirem a ideia de que uma conjuntura insurrecional como aquela ocorrida em Paris, em 1871, estava prestes a retornar à França...
Entre os “teóricos críticos” (ou “marxistas ocidentais”), os filósofos alemães Herbert Marcuse [20] e Theodor Adorno [21] também não apostavam, em suas principais obras do período imediatamente anterior a 1968 (respectivamente, O Homem Unidimensional e Dialética Negativa, ambos publicados em 1966), em nenhuma forma de irrupção revolucionária das contradições sociopolíticas engendradas pelo capitalismo do segundo pós-guerra, dado que as classes que encarnavam a sua negação haviam sido, de acordo com eles, totalmente integradas ao sistema.
Já o situacionista Guy Debord [22], em seu livro A sociedade do espetáculo, publicado em novembro de 1967, via na “recusa da antiga política especializada, da arte e da vida cotidiana”, presente em movimentos de contestação radicais espalhados pelo mundo àquela altura, “o prenúncio do segundo assalto proletário contra a sociedade de classes” (§ 115).
IHU On-Line – E os partidos e políticos, como reagiram?
Erick Corrêa – Em favor da restauração do Estado, do início ao fim da crise. Desde o período da Resistência ao regime de colaboração de Vichy (1940-44), o PCF detinha uma influência muito grande sobre a vida cultural e política da França, que até a fundação do Partido Socialista - PS, em 1971, contava com uma esquerda não comunista pequena e dividida. Grosso modo, as posições do PCF se resumiram, no início da crise, a apoiar vagamente a solidariedade entre professores, estudantes e operários, mas condenando sempre a ação dos grupos esquerdistas, como o 22 de Março, a IS, dentre outros grupos de orientação anarquista ou conselhista, além daqueles comitês de trabalhadores formados espontaneamente, em bases autônomas a partidos e sindicatos que, segundo os comunistas, estavam jogando o jogo do governo, tomando-as como elementos provocadores a serviço da burguesia.
Ao final da crise, em junho, os comunistas do PCF pactuariam os chamados Acordos de Grenelle que, costurados pelo primeiro-ministro Georges Pompidou [23], a burguesia, o Ministério do Trabalho e a Confederação Geral do Trabalho - CGT sob seu controle, impôs ao movimento grevista um duro golpe em suas aspirações iniciais, canalizando seu potencial revolucionário para vias reformistas. Essa situação vai favorecer um novo equilíbrio de forças na esquerda francesa, que a partir de 1970 passa progressivamente a se deslocar em favor dos socialistas.
IHU On-Line – Jovens e operários franceses tentavam combater o autoritarismo do Estado, dos partidos políticos e dos sindicatos. Houve transformação nessas três formas de poder e de representação?
Erick Corrêa – Sem dúvida, a crise redefiniu a dinâmica da modernização capitalista e o panorama social e político francês das décadas seguintes. O sucessor imediato de De Gaulle, Georges Pompidou, procurou atenuar o dirigismo do general e moderar o estatismo vigente na chamada modernização gaullista (1945-68), dando ao empresariado mais liberdade de manobra nos mercados domésticos e externos.
As demandas gestadas na dinâmica do processo revolucionário, como das mulheres e dos novos setores do trabalho qualificado por maior autonomia e liberdade, ignoradas pelas rígidas instituições partidárias e sindicais da esquerda comunista e socialista, acabaram sendo incorporadas e neutralizadas pelo próprio capitalismo vitorioso, na forma de uma inserção subordinada da mulher no mercado de trabalho e de uma desregulamentação predatória das legislações trabalhistas. Uma tese desenvolvida de certa maneira tanto pelo português João Bernardo [24] em Economia dos conflitos sociais (1991), como também pelos franceses Luc Boltanski [25] e Ève Chiapello [26] em O novo espírito do capitalismo (1999).
IHU On-Line – No Brasil, em que as pautas da mobilização se aproximavam e se afastavam do movimento francês?
Erick Corrêa – A resistência à ditadura civil-militar instaurada em 1964 colocava a geração de contestadores brasileiros de 68 diante de um horizonte de expectativas historicamente mais rebaixado do que aquele aspirado pelos contestadores de um país como a França, que gozava de liberdades democráticas mínimas (todavia ausentes no Brasil), além de um vigoroso Estado de Bem-Estar Social, após cerca de 20 anos de glórias econômicas e expansão capitalista na Europa ocidental.
Aqui, 68 tem início em fevereiro, com a agitação dos secundaristas cariocas da Frente Unida dos Estudantes do Calabouço - Fuec. A luta contra o aumento do preço da refeição culminaria na morte do estudante Edson Luís [27], após uma ação policial de repressão política. A repercussão de sua morte rapidamente se espalha por todo o país. Em março, ocorrem as primeiras greves operárias desde 1964, em Contagem (MG) e Osasco (SP); em junho, no Rio de Janeiro, ocorrem os episódios da “Sexta-feira Sangrenta” e a subsequente “Passeata dos Cem Mil”.
No segundo semestre, os militares iniciam uma contraofensiva inicialmente dirigida a operários, professores, estudantes, parlamentares, jornalistas e artistas que se opunham ao regime. Em julho, sob a capa paramilitar do Comando de Caça aos Comunistas - CCC, invadem e espancam atores da peça teatral Roda viva, de Chico Buarque [28] (montada por Zé Celso Martinez Corrêa [29]), e destroem a ocupação estudantil do prédio da Filosofia da Universidade de São Paulo - USP, na Rua Maria Antônia (com saldo de mais uma vítima fatal). Em agosto, invadem o campus da Universidade de Brasília - UnB para aterrorizar professores e estudantes, numa operação conjunta das forças de repressão (Polícia Militar, Dops, Polícia Federal, SNI e Polícia do Exército). Em outubro, invadem o 30° Congresso da União Nacional dos Estudantes - UNE e prendem todos os seus dirigentes, em Ibiúna, interior de São Paulo. Em dezembro, desferem o golpe final, com a decretação do Ato Institucional N° 5 - AI-5 [30], que daria início aos chamados “anos de chumbo”.
Há, portanto, uma dinâmica de aproximação e afastamento entre as demandas brasileiras e francesas de 68. As formas de governo mais ou menos democráticas, mais ou menos autoritárias, vigentes na França e no Brasil em 1968, representavam, grosso modo, forças complementares de um mesmo sistema complexo, o capitalismo (ou espetáculo, nos termos situacionistas). Tal dinâmica resultava, portanto, das contradições sociais, políticas e econômicas estruturais do sistema, globalmente agudizadas em 68. Nessa perspectiva sistêmica, as revoluções de 1968 portavam um mesmo sentido antissistêmico, o que fazia delas partes constituintes de um mesmo “acontecimento histórico-mundial” (Cf. Immanuel Wallerstein. Os limites dos paradigmas do século XIX), como 1848.
IHU On-Line – Os estudantes franceses criaram slogans marcantes e tingiam muros com suas frases de efeito. A disputa narrativa e as estratégias discursivas adotadas tiveram que importância para a expansão do movimento e para a memória que se fez dele?
Erick Corrêa – A produção de grafites, cartazes e panfletos, de informação ou propaganda política, floresce especialmente em momentos de levantes revolucionários. Em 68, mais especificamente no 68 francês, tal produção gráfica tornou-se mesmo indissociável do imaginário sobre aquelas lutas. Grande parte dessa intensa literatura/iconografia revolucionária foi, inclusive, produzida em gráficas ocupadas por trabalhadores em greve, que desviavam o uso de seu maquinário para fins revolucionários. Os situacionistas inovaram neste aspecto da propaganda política, ao desviarem os textos dos balões de histórias em quadrinhos de super-heróis, dando a elas uma nova significação (revolucionária). Os slogans e palavras de ordem pichados pelos muros e paredes de Paris exprimiam uma variedade incrível de orientações ideológicas, em sua maioria de inspiração socialista e libertária: anarquistas, maoístas, guevaristas, situacionistas e até surrealistas.
IHU On-Line – Que crítica o movimento fazia à sociedade do espetáculo?
Erick Corrêa – A crítica da sociedade do espetáculo foi particularmente desenvolvida pelos situacionistas e difundidas na Europa ocidental, mas também no leste europeu, no norte africano, no Japão e nos Estados Unidos, desde o final da década de 1950. Tal crítica se encontra sintetizada em dois livros de teoria, publicados na França poucos meses antes do incêndio de Maio-Junho de 68: A sociedade do espetáculo, do francês Guy Debord, e A arte de viver para as novas gerações, do belga Raoul Vaneigem [31]. Esses livros exerceram influência decisiva na radicalização do meio estudantil francês no período que antecede a explosão de Maio, como vimos. O próprio Daniel Cohn-Bendit [32], então estudante de sociologia da faculdade de Nanterre, eleito pela mídia europeia como a principal liderança do movimento, reconhece a influência dos textos situacionistas na formação do movimento 22 de Março que, surgido em Nanterre, seria um dos principais pivôs da crise que em Maio de 1968 incendiaria a Sorbonne e, na sequência, o país inteiro.
Grosso modo, a crítica dos situacionistas levou a contestação social e política moderna a terrenos até então protegidos da luta de classes histórica, como a educação, a literatura e a arte moderna, a arquitetura, o urbanismo, a publicidade e a comunicação. Na concepção original de Debord, o espetáculo representa o estágio mais avançado já atingido pelo sistema capitalista, no qual ocorre uma colonização total da vida cotidiana. A tomada de consciência teórica dessa crise da vida cotidiana, na forma de uma crítica situacionista do espetáculo, era um dos princípios de base da IS. Seu programa objetivava a uma descolonização total da vida cotidiana.
Em termos materialistas, Debord e os situacionistas sabiam que o desenvolvimento das forças produtivas de então possibilitava a realização de novas formas de vida que, contudo, permaneciam impedidas pelas relações de produção capitalistas. A IS defendia também uma concepção de proletariado mais ampliada, pluriclassista, do que aquela, em vigor no século 19, que o circunscrevia aos trabalhadores das fábricas, aos operários. Na perspectiva bastante heterodoxa dos situacionistas e de Debord em particular, a classe proletária constitui, na sociedade espetacular-mercantil, “a imensa maioria de trabalhadores que perderam todo poder sobre o uso de sua própria vida” (A sociedade do espetáculo, § 114).
IHU On-Line – Caracterizaste a crise revolucionária de 1968, na França, como renovação das tentativas derrotadas de revolução proletária de 1917-21, ocorridas em diversos países europeus. Comente esta afirmação, por favor.
Erick Corrêa – Sim, como também a revolução portuguesa de 1974-75 e a italiana de 1968-78. Em todas essas situações, as correntes minoritárias e revolucionárias do proletariado saíram da crise derrotadas por suas próprias representações sindicais e partidárias. Isso ocorre pela primeira vez na vitória do partido social-democrata alemão contra o poder dos conselhos (raete) de trabalhadores em 1918-20, num processo concomitante à centralização do poder operada pelo partido bolchevique russo, durante o processo revolucionário de 1917-21, contra o poder autônomo dos soviets.
A polêmica original entre social-democratas, bolcheviques e esquerdistas (concentrada em torno de questões de princípio e táticas, como entre massas ou chefes, conselhos ou partidos, revolução ou reforma, em suma, entre os paradigmas conflitantes da autonomia proletária e da representação proletária), transcorrida no primeiro quarto do século 20, será reposta em jogo e atualizada sob as novas condições do capitalismo do segundo pós-guerra, pelas tendências conselhistas que retornam com muita força a partir da crise do movimento comunista internacional (de 1956-57), tanto em países do leste europeu como Hungria, Polônia, China ou Alemanha oriental, como também nos países ocidentais, como França, Itália, Espanha e Portugal.
IHU On-Line – Em um artigo, trataste da repercussão de Maio de 68 no pensamento de Michel Foucault. Que impacto foi esse?
Erick Corrêa – A produção teórica de Michel Foucault [33] se divide em dois polos sucessivos, o arqueológico e o genealógico. Trata-se de uma conhecida divisão metodológica (ou “ruptura epistemológica”, nos termos foucaultianos), a qual corresponde uma transição temática, das reflexões sobre o saber para aquelas sobre o poder. O que procurei demonstrar neste artigo é precisamente como esse ponto de inflexão na produção intelectual de Foucault tem origem no processo de “politização” deflagrado pela explosão de 68. Argumento, porém, que para além do fato de ter exercido uma influência decisiva sobre o pensamento de Foucault, o movimento revolucionário refutou o método arqueológico empregado em seu livro de 1966, As palavras e as coisas. Afinal, como um acontecimento histórico ligado à luta de classes e à práxis revolucionária podia ser acolhido teoricamente pelo mesmo autor que, antes de 68, e de acordo com as suas exposições teóricas da década de 1960, teria considerado uma irrupção de natureza histórica e social como aquela um fenômeno exterior e independente do campo científico, assim como, igualmente, teria considerado uma teoria que o acolhesse como “doxológica” – isto é, “não científica” –, situando-a no campo da ideologia?
IHU On-Line – Os movimentos sociais foram influenciados pela efervescência de Maio de 68?
Erick Corrêa – Certamente. Ocorre que tais tendências, como o movimento feminista, LGBT ou ecologista, apesar de já atuarem na França de modo embrionário no período pré-68, só passam a formalizar suas organizações no pós-68, depois que ocorre uma abertura, nos planos da cultura e dos costumes, ocasionada pelo levante de maio-junho de 68. É o caso do Movimento de Libertação das Mulheres - MLM, formalizado em 1970, como da Frente Homossexual de Ação Revolucionária - FHAR, fundada em 1971.
IHU On-Line – É correto afirmar que Maio de 68 também abriu caminho para ideias neoliberais, ao se pensar na liberdade não como construção humanista? Como isso ocorreu?
Erick Corrêa – Essa leitura faz parte de uma espécie de contrarrevolução cultural preventiva que, ao falsificar a memória histórica de 68 (ocultando seus aspectos mais selvagens e destacando suas supostas características liberal-modernizantes), pretende afastá-la do presente e confiná-la ao seu acabamento conclusivo no passado, apenas como objeto de interesse de alguns especialistas, entre historiadores, jornalistas e cientistas sociais.
68 foi a maior greve geral selvagem da história da França, mas saiu vencida. É a derrota da revolução de 68 que abre o caminho para as reestruturações produtivas posteriores. A crítica radicalmente centrada na questão do Estado partia antes de um ponto de vista proletário (e de inspiração anarquista, conselhista ou situacionista), mas jamais de um ponto de vista liberal ou neoliberal. Essa elaboração enviesada parece ter sido introduzida na França nos anos 1980, por intelectuais conservadores como Luc Ferry [34] e Alain Renaut [35], responsáveis pela popularização da enganosa expressão pensamento 68 que, segundo eles, estaria presente nas teorias de autores historicamente ignorados pelos contestatários de 68, como Foucault e Bourdieu. Sabe-se, entretanto, que a ação dos contestatários de 68 era muito inspirada pela literatura de esquerda, dos clássicos, como Marx e Engels [36], Lenin [37], Rosa, Trotsky [38], Pannekoek, Korsch [39], aos contemporâneos, como Sartre, Mao [40], Marcuse, Lefebvre, Debord, Reich [41], Vaneigem, Débray [42], Negri [43].
IHU On-Line – E a direita, se apropriou das perspectivas de Maio de 68?
Erick Corrêa – Historicamente, a direita se apropria das novas formas e métodos de luta e organização construídos pela esquerda, mais do que de suas perspectivas, aspirações e expectativas. Foi assim que o fascismo italiano se apropriou da forma de organização do partido bolchevique russo, que a extrema-direita estadunidense se inspirou nas formas de luta do seu principal oponente, o Black Lives Matter, nas manifestações racistas de Charlottesville, em 2017, e que o Movimento Brasil Livre - MBL incorporou, a partir de 2016, não somente parte da nomenclatura da sua organização, como também alguns métodos de luta usados pelo Movimento Passe Livre - MPL durante as jornadas de junho de 2013.
Na França pós-68, será apenas nas eleições de 1986 que a direita conquista uma maioria parlamentar, liderada pela Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen [44], após duas décadas de contrarrevolução, num contexto, portanto, de baixíssima sindicalização, de desarticulação e desmobilização das classes trabalhadoras (com o refluxo dos movimentos grevistas e a desativação da luta de classes revolucionária), como também de um eclipse intelectual da esquerda, marcado pelo abandono do marxismo e pela vigência de um vácuo ideológico em que predominavam as vozes conservadoras do neoliberalismo ortodoxo, do racismo, do nacionalismo e do paternalismo.
IHU On-Line – As efemérides são momentos de celebrar datas e de reinterpretá-las. Para além disso, a evocação de 1968 pode sugerir algumas chaves para compreensão da atual conjectura do Brasil e do mundo?
Erick Corrêa – Sem dúvida. Mais do que cíclica, a história é infinita, o que quer dizer que ela não se repete, simplesmente, mas continua. O que nos liga ao 68 francês é precisamente o fato de que, a partir daquelas jornadas, isto é, na reação a elas, a distinção clássica entre Estado de Direito e Estado de Exceção como antíteses inconciliáveis passa a perder seu sentido histórico. As soluções encontradas pela Quinta República francesa para um desfecho que lhe fosse favorável no combate à radicalização proletária que se anuncia na crise de maio-junho de 68 combinou elementos coercitivos e coesitivos que dariam origem a um novo ciclo histórico, marcado pela fusão entre as máfias, os Estados e mercados, pela mentira como técnica de governo normal das democracias contemporâneas, pela imposição de um estado de violência permanente, além do crescente poder de influência do segredo e dos serviços secretos nos arranjos estatais (esse é o diagnóstico feito pelo situacionista Guy Debord em 1988, em seus importantes, porém pouco lidos Comentários sobre a sociedade do espetáculo).
Eis o fio que nos conduz da França de 1968 ao Brasil de 2018, após cinco anos de uma singular contrarrevolução sem revolução, desencadeada em resposta às jornadas de junho de 2013. Assim como na França em 68, o trabalho de desqualificação e de deslegitimação das posições da esquerda revolucionária durante e depois da crise, realizado tanto por gaullistas como por comunistas-stalinistas, não se distancia muito do trabalho realizado no Brasil, sobretudo entre 2013 e as jornadas anticopa de 2014, feito por petistas e antipetistas, contra os movimentos sociais de base autônoma, como o Movimento Passe Livre ou as federações anarquistas e demais frentes populares independentes de partidos e sindicatos.
Aqui como lá, tais posições de certa maneira prepararam o terreno para uma contraofensiva da direita que, em simbiose com os aparatos estatais de controle e repressão, depois atingiria frontalmente todo o campo da esquerda, até mesmo as suas variantes mais reformistas e conciliadoras (como o Partido Comunista lá e o Partido dos Trabalhadores cá). Uma contraofensiva que prefigura uma situação de desconstrução da seguridade social e de retração das liberdades democráticas básicas. No plano histórico, quase sempre que as posições da direita e da esquerda reformista se uniram no ataque às correntes minoritárias e revolucionárias do movimento operário, o fascismo avançou e o autoritarismo estatal instaurou-se.
IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
Erick Corrêa – Comentei, no início da entrevista, o fato de que a agitação das alas mais radicalizadas do movimento estudantil na faculdade de Nanterre foi um dos elementos detonadores da crise revolucionária de maio-junho de 1968 na França. Desde 1978, a cada decênio, repõe-se uma situação de disputa pela memória daquele episódio. Contudo, entre as dezenas de interpretações acadêmicas, jornalísticas, político-partidárias, produzidas há 50 anos sobre aquele evento extraordinário, não há nenhuma mais apta a reconhecer a natureza histórica real da revolução de 68 do que aquela que se coloca desde o ponto de vista dos protagonistas da luta que se desenrola sob os nossos olhos em 2018.
Eis um trecho que selecionei de um panfleto produzido por estudantes de Nanterre contrários à realização de um evento ocorrido na faculdade local, no dia 22 de março de 2018, em “comemoração” ao primeiro cinquentenário de 68 e, especialmente, ao movimento construído por jovens marxistas e libertários no campus de Nanterre e fundado no dia 22 de março de 1968: “Nesta quinta-feira ocorrerá a comemoração do Maio de 68, uma ocasião para a universidade de Nanterre se reapropriar da memória de um movimento cujos princípios, no entanto, ela rejeita pela aplicação de uma política neoliberal. Essa comemoração é uma afronta, não somente à memória das lutas que se comemoram, como se elas pertencessem apenas ao passado, mas igualmente porque se trata de uma recuperação hipócrita quando nosso direito aos estudos não para de recuar. Enquanto participam ativamente da privatização da universidade pela Lei Vidal, eles comemoram um movimento que aspirava a uma universidade popular, crítica, aberta a todas e todos. Na verdade, não é Maio de 68 que eles comemoram, mas a sua vitória sobre Maio de 68” (Estudantes reunidos em comitê de mobilização na Universidade Paris-Nanterre em 20 de março de 2018).
Notas:
[1] Karl Marx (1818-1883): filósofo, cientista social, economista, historiador e revolucionário alemão, um dos pensadores que exerceram maior influência sobre o pensamento social e sobre os destinos da humanidade no século 20. A edição 41 dos Cadernos IHU ideias, de autoria de Leda Maria Paulani, tem como título A (anti)filosofia de Karl Marx. Também sobre o autor, a edição número 278 da revista IHU On-Line, de 20-10-2008, é intitulada A financeirização do mundo e sua crise. Uma leitura a partir de Marx. A entrevista Marx: os homens não são o que pensam e desejam, mas o que fazem, concedida por Pedro de Alcântara Figueira, foi publicada na edição 327 da IHU On-Line, de 3-5-2010. A IHU On-Line preparou uma edição especial sobre desigualdade inspirada no livro de Thomas Piketty O Capital no Século XXI, que retoma o argumento central de O Capital, obra de Marx. (Nota da IHU On-Line).
[2] Henri Lefebvre (1901-1991): filósofo marxista e sociólogo francês. Estudou filosofia na Universidade de Paris, onde se graduou em 1920. (Nota da IHU On-Line).
[3] André Gorz (1923-2007): filósofo austríaco. Escreveu vários livros, entre eles Adeus ao proletariado (Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982), Metamorfoses do trabalho. Crítica da razão econômica (São Paulo: Annablume, 2003) e Misérias do Presente, Riqueza do Possível (São Paulo: Annablume, 2004). Realizamos uma entrevista com André Gorz, publicada parcialmente na 129ª edição da revista IHU On-Line, de 2-1-2005, e na íntegra no número 31 dos Cadernos IHU Ideias, com o título A crise e o êxodo da sociedade salarial. Sobre André Gorz também pode ser lido o texto Pelo êxodo da sociedade salarial. A evolução do conceito de trabalho em André Gorz, de autoria de André Langer, pesquisador do Cepat, publicado nos Cadernos IHU n.º 5, de 2004. (Nota da IHU On-Line).
[4] Jean-Paul Sartre (1905-1980): filósofo existencialista francês. Escreveu obras teóricas, romances, peças teatrais e contos. Seu primeiro romance foi A náusea (1938), e seu principal trabalho filosófico é O ser e o nada (1943). Sartre define o existencialismo em seu ensaio O existencialismo é um humanismo como a doutrina na qual, para o homem, “a existência precede a essência”. Na Crítica da razão dialética (1964), Sartre apresenta suas teorias políticas e sociológicas. Aplicou suas teorias psicanalíticas nas biografias Baudelaire (1947) e Saint Genet (1953). As palavras (1963) é a primeira parte de sua autobiografia. Em 1964, foi escolhido para o prêmio Nobel de literatura, que recusou. (Nota da IHU On-Line).
[5] Josef Stalin (1878-1953): ditador soviético, líder máximo da URSS de 1924 a 1953 e responsável pela condução de uma política nomeada como stalinismo. Chegou a estudar em um colégio religioso de Tbilisi, capital georgiana, para satisfazer os anseios de sua mãe, que queria vê-lo seminarista. Mas logo acabou enveredando pelas atividades revolucionárias contra o regime czarista. Passou anos na prisão e, quando libertado, aliou-se a Vladimir Lenin e outros camaradas, que planejavam a Revolução Russa. Stalin ocupou o posto de secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética entre 1922 e 1953 e, por conseguinte, o de chefe de Estado da URSS durante cerca de um quarto de século. Sobre Stalin, confira a entrevista concedida pelo historiador brasileiro Ângelo Segrillo à edição 265 da IHU On-Line, Nazismo: a legitimação da irracionalidade e da barbárie, analisando a obra Prezado Sr. Stalin (Rio de Janeiro: Zahar, 2008), de autoria de Susan Butler. (Nota da IHU On-Line).
[6] Nikita Khrushchov (1894-1971): secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética entre 1953 e 1964 e líder político do mundo comunista até ser afastado do poder por sua perspectiva reformista e substituído na conudação da URSS pelo político conservador Leonid Brejnev. O chamado Discurso Secreto ou Relatório Khrushchov, cujo nome oficial é Sobre o culto à personalidade e suas consequências, é uma famosa intervenção de Khrushchov durante o 20° Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 25 de fevereiro de 1956. No discurso, reafirma sua crença nos ideais comunistas, invocando as ideias de Lenin, ao mesmo tempo que critica o regime de Stalin, particularmente pelos brutais expurgos de militares de alto escalão e de quadros superiores do partido e pelo culto à personalidade de Stalin. O discurso foi um marco na Era Khrushchov e um sinal da intensa disputa pela liderança soviética, na qual Khrushchov procurava desacreditar os stalinistas. Significou, também, uma mudança da linha oficial do Partido Comunista da União Soviética e dos seus postulados baseados no chamado stalinismo. O texto original só foi publicado em sua totalidade no dia 3 de março de 1989, pela gazeta oficial do Comitê Central do Partido, já no período da glasnost – abertura do regime promovida por Mikhail Gorbatchov. (Nota da IHU On-Line).
[7] Rosa Luxemburgo (1870-1919): filósofa marxista e revolucionária polonesa. Participou na fundação do grupo de tendência marxista que viria a tornar-se, mais tarde, o Partido Comunista Alemão. (Nota da IHU On-Line).
[8] Antonie Pannekoek (1873-1960): astrônomo e teórico marxista holandês. (Nota da IHU On-Line).
[9] Louis Althusser (1918-1990): filósofo marxista francês nascido na Argélia. Aluno brilhante, foi aceito na prestigiada École Normale Supérieure (ENS) em Paris, mas não pôde frequentar a escola, pois estava convocado para a Segunda Guerra Mundial. Acabou aprisionado na Alemanha. Permaneceu no campo até o final da guerra, ao contrário dos demais soldados, que fugiram para lutar – motivo pelo qual Althusser se puniu mais tarde. Após a guerra, Althusser pôde frequentar a ENS. Entretanto, sua saúde mental e psicológica estava severamente abalada, tendo, inclusive, recebido terapia de eletrochoques em 1947. A partir de então, Althusser sofreu de enfermidades periódicas durante o resto de sua vida. A ENS foi compreensiva à sua condição, permitindo que ele residisse em seu próprio quarto na enfermaria, onde viveu por décadas, a não ser em períodos de internação hospitalar. Marxista, filiou-se ao Partido Comunista Francês em 1948. No mesmo ano, tornou-se professor da ENS. Em 1946, Althusser conheceu Hélène Rytmann, uma revolucionária de origem judaico-lituana oito anos mais velha. Ela foi sua companheira até 16 de novembro de 1980, quando morreu estrangulada pelo próprio Althusser, num surto psicótico. As exatas circunstâncias do ocorrido não são conhecidas – uns afirmam ter se tratado de um acidente; outros dizem que foi um ato deliberado. Althusser afirmou não se lembrar claramente do fato, alegando que, enquanto massageava o pescoço da mulher, descobriu que a tinha matado. A justiça considerou-o inimputável no momento dos acontecimentos e, em conformidade com a legilação francesa, foi declarado incapaz e inocentado em 1981. Cinco anos mais tarde, em seu livro L'avenir dure longtemps [O futuro dura muito tempo], Althusser refletiu sobre o fato, pretendendo reivindicar uma espécie de responsabilidade por seus atos quando do assassinato, o que gerou uma polêmica entre seus correligionários e detratores, sobre tal responsabilidade ser filosófica ou real. Althusser não foi preso, mas foi internado no Hospital Psiquiátrico Sainte-Anne, onde permaneceu até 1983. Após esta data, ele se mudou para o norte de Paris, onde viveu de forma reclusa, vendo poucas pessoas e não mais trabalhando, a não ser em sua autobiografia. Louis Althusser morreu de ataque cardíaco em 22 de outubro de 1990, aos 72 anos. (Nota do IHU On-Line).
[10] Georg Friedmann (1912-2008): historiador cultural alemão e um grande representante do diálogo entre judeus e cristãos na Alemanha. (Nota da IHU On-Line).
[11] Michel Crozier (1922-2013): sociólogo francês. Formulou as bases da análise estratégica em sociologia das organizações. Era membro da Academia de Ciências Morais e Políticas da França e Diretor de Pesquisa emérito do CNRS. Estudou o fenômeno burocrático nas organizações a partir do exemplo francês. Sua análise pôs a descoberto as forças que bloqueiam a adaptação das estruturas econômicas, políticas e sociais capazes de promoveram a modernização das organizações. (Nota da IHU On-Line).
[12] Jean-Daniel Reynaud (1926): professor de sociologia francês, nascido em Lausanne. Diretor da Revista Francesa de Sociologia (1985-1993) e co-fundador da revista Sociologia do Trabalho. (Nota da IHU On-Line).
[13] Alain Touraine (1925): sociólogo francês conhecido por sua obra dedicada à sociologia do trabalho e dos movimentos sociais. Tornou-se conhecido por ter sido o pai da expressão "sociedade pós-industrial". Seu trabalho é baseado na "sociologia de ação", e seu principal ponto de interesse tem sido o estudo dos movimentos sociais. Touraine acredita que a sociedade molda o seu futuro através de mecanismos estruturais e das suas próprias lutas sociais. (Nota da IHU On-Line).
[14] Jean-René Tréanton (1925-2015): sociólogo francês, teórico da sociologia do trabalho. Lecionou na Université de Lillee na École des Hautes Études Commerciales. (Nota da IHU On-Line).
[15] Edgar Morin (1921): sociólogo francês, autor da célebre obra O Método. Os seis livros da série foram tema do Ciclo de Estudos sobre “O Método”, promovido pelo IHU em parceria com a Livraria Cultura de Porto Alegre em 2004. Embora seja estudioso da complexidade crescente do conhecimento científico e suas interações com as questões humanas, sociais e políticas, se recusa a ser enquadrado na sociologia e prefere abarcar um campo de conhecimentos mais vasto: filosofia, economia, política, ecologia e até biologia, pois, para ele, não há pensamento que corresponda à nova era planetária. Além de O Método, é autor de, entre outros, A religação dos saberes. O desafio do século XXI (Bertrand do Brasil, 2001). Confira a edição especial sobre esse pensador, intitulada Edgar Morin e o pensamento complexo, de 10-9-2012. (Nota da IHU On-Line).
[16] Raymond Aron (1905-1983): sociólogo, filósofo e jornalista francês. Doutor em Filosofia da História. Como professor na Universidade de Colônia, na Alemanha, assistiu à ascensão do nazismo. Quando a Segunda Guerra Mundial começou, em 1939, era professor de filosofia social na Universidade de Toulouse e alistou-se na Força Aérea Francesa. Quando a França foi ocupada, Aron foi para Londres, na Inglaterra, onde se juntou às forças do General de Gaulle e editou, de 1940 a 1944, o jornal do movimento de resistência, "France Libre". No fim da guerra, em 1945, ele voltou para Paris, trabalhando como professor de sociologia. Lecionava essa disciplina na Universidade Sorbonne quando aconteceram os protestos dos estudantes de Maio de 1968. O humanismo e liberalismo de Aron faziam contraponto ao existencialismo marxista de outro intelectual francês de sua época, Jean-Paul Sartre. Em O ópio dos intelectuais, de 1955, criticou o conformismo de esquerda e as tendências totalitárias dos regimes marxistas. A partir da observação da realidade de sua época, o filósofo tentou explicar a atração exercida pelo marxismo sobre muitos intelectuais europeus, com quem entrou em conflito. Para Aron, a doutrina de Marx para a sociedade, a economia e a política parecia divorciada da evolução econômica e social do mundo ocidental. Foi um colunista influente do jornal Le Figaro e do semanário L'Express, onde escreveu até sua morte. (Nota da IHU On-Line).
[17] Ralf Dahrendorf (1929-2009): sociólogo, filósofo e político alemão radicado no Reino Unido. Estudou filosofia, filologia clássica e sociologia em Hamburgo e Londres entre 1947 e 1952. Doutorou-se em Filosofia. Também fez um doutorado na London School of Economics. (Nota da IHU On-Line).
[18] Thomas Bottomore (1920-1992): importante professor e sociólogo marxista inglês, membro do British Labour Party (Partido Trabalhista Inglês). Ficou conhecido internacionalmente pela sua visão aberta, humana e anti-dogmática do marxismo, que o levou a ser admirado pelo mundo acadêmico não marxista. Foi professor de sociologia da London School of Economics (1952-64), professor e diretor do departamento de Sociologia na Simon Fraser University, Vancouver (1965-67) e professor da Sussex University até sua aposentadoria (1968-1985). Sua principal publicação em português é o Dicionário do Pensamento Marxista (Rio de Janeiro, Zahar, 1988). Foi secretário da Associação Internacional de Sociologia (International Sociological Association) de 1953 a 1959. Ele foi um editor prolífico e tradutor dos escritos de Karl Marx. Bottomore editou e contribuiu com várias revistas de sociologia e ciências políticas. (Nota da IHU On-Line).
[19] Roland Barthes (1915-1980): crítico literário, sociólogo e filósofo francês. Entre suas obras se destacam Elementos de semiologia (1965), Sistema da moda (1967), O Império dos signos (1970). (Nota do IHU On-Line).
[20] Herbert Marcuse (1898-1979): sociólogo alemão naturalizado estadunidense, membro da Escola de Frankfurt. Estudou Filosofia em Berlim e Freiburg, onde conheceu os filósofos e professores Husserl e Heidegger e se doutorou com a tese Romance de artista. Algumas de suas obras: Razão e Revolução, Eros e Civilização, O Homem Unidimensional. (Nota da IHU On-Line).
[21] Theodor Adorno (1903-1969): sociólogo, filósofo, musicólogo e compositor, definiu o perfil do pensamento alemão das últimas décadas. Adorno ficou conhecido no mundo intelectual, em todos os países, em especial pelo seu clássico Dialética do Iluminismo, escrito junto com Max Horkheimer, primeiro diretor do Instituto de Pesquisa Social, que deu origem ao movimento de ideias em filosofia e sociologia conhecido como Escola de Frankfurt. Sobre Adorno, confira a entrevista concedida pelo filósofo Bruno Pucci à edição 386 da Revista IHU On-Line, intitulada Ser autônomo não é apenas saber dominar bem as tecnologias. A conversa foi motivada pela palestra Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecnologias digitais, proferida por Pucci dentro da programação do Ciclo Filosofias da Intersubjetividade. (Nota da IHU On-Line).
[22] Guy Debord (1931-1994): filósofo e sociólogo francês, autor de A sociedade do espetáculo – Comentários sobre a sociedade do espetáculo (Rio de Janeiro: Contraponto) e fundador da Internacional Situacionista (IS). (Nota da IHU On-Line).
[23] Georges Pompidou (1911-1974): político francês. Ocupou o cargo de primeiro-ministro da França de 14 de abril de 1962 a 10 de julho de 1968 e de presidente da República a partir de 20 de julho de 1969 até à sua morte, em 2 de abril de 1974. (Nota da IHU On-Line).
[24] João Bernardo Maia Viegas Soares (1946): militante político português, escritor e ensaísta autodidata. Tem se dedicado à pesquisa em torno da crítica ao capitalismo, tais como o fascismo e seus desenvolvimentos contemporâneos; da formação do capitalismo a partir do desenvolvimento do regime senhorial da Idade Média; do sindicalismo; da teoria e da prática da administração; da teoria do Estado; da exploração do trabalho e dos métodos de organização do trabalho; e da história do movimento operário. Ele se filia, desde que se afastou do estalinismo maoísta, por volta de 1973, a uma tradição do pensamento marxista que tem suas origens no comunismo de conselhos representado por Karl Korsch, Anton Pannekoek, Herman Gorter, entre outros, no início do século 20. Apresenta uma visão crítica do capitalismo em várias obras, bem como do sistema soviético, qualificado por ele como capitalismo de estado. Uma de suas teses é a teoria da classe dos gestores, que seria, no campo da teoria social marxista, uma outra classe social além da burguesia e do proletariado. (Nota da IHU On-Line).
[25] Luc Boltanski (1940): sociólogo francês, professor na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) de Paris, onde foi um dos fundadores do Groupe de sociologie politique et morale. Conhecido como a figura principal da escola "pragmática" da sociologia francesa, corrente que iniciou com Laurent Thévenot e que também é chamada de teoria das "economias da grandeza" ou "sociologia dos regimes de ação". O trabalho de Boltanski influenciou significativamente a sociologia, a economia política e a história social e econômica. (Nota da IHU On-Line).
[26] Ève Chiapello (1965): socióloga francesa. Leciona na École des Hautes Études en Sciences Sociales – EHESS. Autora de Novo espírito do capitalismo (Martins Fontes), escrito com Luc Boltanski. (Nota da IHU On-Line).
[27] Edson Luís de Lima Souto (1950-1968): estudante secundarista nascido em Belém (PA), assassinado por policiais militares durante um confronto no restaurante Calabouço, centro do Rio de Janeiro, no dia 28 de março de 1968. Seu assassinato marcou o início de um ano turbulento de intensas mobilizações contra o regime militar, que endureceu até a decretação do AI-5. Nascido em uma família pobre, iniciou os estudos na Escola Estadual Augusto Meira, em Belém. Mudou-se para o Rio de Janeiro para fazer o Segundo Grau no Instituto Cooperativo de Ensino, que funcionava no restaurante Calabouço. Em 28 de março de 1968, os estudantes do Rio de Janeiro estavam organizando uma passeata-relâmpago para protestar contra a alta do preço da comida no restaurante Calabouço, que deveria acontecer no final da tarde do mesmo dia. Por volta das 18h, a Polícia Militar chegou ao local e dispersou os estudantes, que se abrigaram dentro do restaurante e responderam à violência policial utilizando paus e pedras. Isso fez com que os policiais recuassem e a rua ficasse deserta. Quando os policiais voltaram, tiros começaram a ser disparados do edifício da Legião Brasileira de Assistência, o que provocou pânico entre os estudantes, que fugiram. Os policiais acreditavam que os estudantes iriam atacar a Embaixada dos Estados Unidos e acabaram por invadir o restaurante. O comandante da tropa da PM, aspirante Aloísio Raposo, atirou e matou o secundarista Edson Luís com um tiro a queima roupa no peito. Outro estudante, Benedito Frazão Dutra, chegou a ser levado ao hospital, mas também morreu. Temendo que a PM sumisse com o corpo, os estudantes não permitiram que ele fosse levado para o Instituto Médico Legal (IML), mas o carregaram em passeata diretamente para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde foi velado. A necrópsia foi feita no próprio local. (Nota da IHU On-Line).
[28] Chico Buarque [Francisco Buarque de Hollanda] (1944): músico, compositor, teatrólogo e escritor carioca. Um dos mais famosos nomes da música popular brasileira (MPB), cuja discografia tem aproximadamente 80 títulos. Ganhou fama por sua música, que comenta o estado social, econômico e cultural do Brasil. Começa a ter destaque a partir de 1966, quando lançou seu primeiro álbum, Chico Buarque de Hollanda, e venceu o Festival de Música Popular Brasileira com a música A banda. Autoexilou-se na Itália em 1969, devido ao aumento da repressão da ditadura instalada em 1964. Venceu três Prêmios Jabuti de literatura: o de melhor romance em 1992, com Estorvo, e o de Livro do Ano com Budapeste, lançado em 2004, e Leite Derramado, em 2010. (Nota da IHU On-Line).
[29] José Celso Martinez Corrêa (1937): conhecido como Zé Celso, é um dos nomes mais importantes do teatro brasileiro. Destacou-se como um dos principais diretores, atores, dramaturgos e encenadores do Brasil. Seu trabalho, encarado às vezes como orgiástico e antropofágico, iniciou-se no fim da década de 1950, e se definiu na década de 1960, quando Zé Celso liderou a importante Teatro Oficina − grupo amador formado quando integrava a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. (Nota da IHU On-Line).
[30] AI-5 (Ato Institucional Número Cinco): decretado pelo general Arthur da Costa e Silva, que ocupava a cadeira de presidente, em 13 de dezembro de 1968, foi um instrumento de poder que deu ao regime militar poderes políticos absolutos. A primeira consequência do AI-5 foi o fechamento por quase um ano do Congresso Nacional. O ato representou o ápice da radicalização do regime de exceção e inaugurou o período em que as liberdades individuais foram mais restringidas e desrespeitadas, constituindo-se em movimento final de "legalização" da arbitrariedade que pavimentou uma escalada de torturas e assassinatos contra opositores reais e imaginários ao regime. (Nota da IHU On-Line).
[31] Raoul Vaneigem (1934): escritor e filósofo belga, um dos principais articuladores do movimento político e artístico conhecido com Internacional Situacionista, durante a década de 1960. Autor do livro A Arte de Viver Para as Novas Gerações (1967), que trata de forma voraz a existência no capitalismo moderno, abordando a função dos papéis relacionados às profissões e da inversão dos valores, fazendo um apanhado geral sobre os males e as representações a que as pessoas são expostas diariamente. Ele e Guy Debord foram cabeças do movimento situacionista. (Nota da IHU On-Line).
[32] Daniel Cohn-Bendit (1945): político franco-alemão. Nasceu na França, filho de judeus alemães refugiados no país em 1933, fugidos do Nazismo. Foi líder estudantil no movimento ocorrido em Maio de 1968, na França. Aos 14 anos, optou pela nacionalidade alemã porque não queria se sujeitar ao serviço militar francês. Membro da Federação Anarquista e depois do movimento Negro e Vermelho, se definiu mais tarde como liberal-libertário. Em 1967, enquanto era estudante de Sociologia da Universidade de Nanterre, começa o movimento de contestação que levou ao Movimento de 22 de Março em 1968. Na sequência da evacuação das salas pela polícia em 2 de maio, esteve entre os estudantes que ocuparam a Sorbonne em 3 de maio. Foi, junto com Alan Geismar e Jacques Sauvageot, uma das principais figuras de Maio de 68. Em 21 de maio, enquanto estava em Berlim, foi proibido de retornar à França. Em 28 de maio, com o cabelo tingido e óculos escuros, voltou para Sorbonne, sendo aclamado. Em maio de 2015, Cohn-Bendit obteve a nacionalidade francesa. (Nota da IHU On-Line).
[33] Michel Foucault (1926-1984): filósofo francês. Suas obras, desde a História da Loucura até a História da sexualidade (a qual não pôde completar devido a sua morte), situam-se dentro de uma filosofia do conhecimento. Foucault trata principalmente do tema do poder, rompendo com as concepções clássicas do termo. Em várias edições, a IHU On-Line dedicou matéria de capa a Foucault: edição 119, de 18-10-2004; edição 203, de 6-11-2006; edição 364, de 6-6-2011, intitulada 'História da loucura' e o discurso racional em debate; edição 343, O (des)governo biopolítico da vida humana, de 13-9-2010, e edição 344, Biopolítica, estado de exceção e vida nua. Um debate. Confira ainda a edição nº 13 dos Cadernos IHU em formação, Michel Foucault – Sua Contribuição para a Educação, a Política e a Ética. (Nota da IHU On-Line).
[34] Luc Ferry (1951): filósofo francês, foi ministro da Educação na França, autor de O que é uma vida bem-sucedida (São Paulo: Difel, 2004). Com Marcel Gauchet escreveu Le religieux après la religion (O religioso após a religião. Paris: Grasset. 2004). Com André Comte-Sponville, escreveu A sabedoria dos modernos (São Paulo: Martins Fontes, 1999). (Nota da IHU On-Line).
[35] Alain Renaut (1948): professor emértido de Filosofia Política na Universidade de Paris IV – Sorbonne. Autor de vários ensaios que renovaram a compreensão da modernidade, entre eles A Era do Indivíduo; Alter ego: os Paradoxos da Identidade; A Libertação das Crianças e os cinco volumes da História da Filosofia Política. (Nota da IHU On-Line).
[36] Friedrich Engels (1820-1895): filósofo alemão que, junto com Karl Marx, fundou o chamado socialismo científico ou comunismo. Ele foi co-autor de diversas obras com Marx, entre elas Manifesto Comunista. Grande companheiro intelectual de Karl Marx, escreveu livros de profunda análise social. (Nota da IHU On-Line).
[37] Lenin [Vladimir Ilyich Ulyanov] (1870-1924): revolucionário russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética. Influenciou teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo. Suas contribuições resultaram na criação de uma corrente teórica denominada leninismo. (Nota da IHU On-Line).
[38] Leon Davidovich Trotsky (1870-1940): revolucionário bolchevista e intelectual marxista, político influente na União Soviética. Com Joseph Stalin, na União Soviética dos anos 1920, foi expulso do Partido Comunista e deportado da União Soviética. Foi assassinado no México por um agente soviético a mando de Stalin. Frida Kahlo e Diego Rivera hospedaram Trotsky em sua estadia no México. As ideias de Trotsky constituem a base da teoria comunista do trotskysmo. (Nota da IHU On-Line).
[39] Karl Korsch (1886-1961): filósofo alemão, professor universitário, representante do chamado "marxismo ocidental" e do "comunismo de conselhos". (Nota da IHU On-Line).
[40] Mao Tsé-Tung: (1893-1976): ditador, político, teórico, líder comunista e revolucionário chinês. Liderou a Revolução Chinesa e foi o arquiteto e fundador da República Popular da China, governando o país desde a sua criação em 1949 até sua morte em 1976. Sua contribuição teórica para o marxismo-leninismo, suas estratégias militares e políticas comunistas são conhecidas coletivamente como maoísmo. Chegou ao poder comandando a Longa Marcha, formando uma frente unida com Kuomintang (KMT) durante a Guerra Sino-Japonesa para repelir uma invasão japonesa e, posteriormente, conduzindo o Partido Comunista Chinês até a vitória contra o generalíssimo Chiang Kai-shek do KMT na Guerra Civil Chinesa. (Nota da IHU On-Line).
[41] Wilhelm Reich (1897-1957): psiquiatra e psicanalista austríaco, discípulo de Freud. (Nota da IHU On-Line).
[42] Régis Debray (1940): filósofo, jornalista, escritor e professor francês. Doutorou-se na Escola Normal Superior de Paris. Foi seguidor do marxista Louis Althusser. Amigo de Fidel Castro e de Ernesto Che Guevara, nos anos 1960 acompanhou Che na guerrilha, especialmente na Bolívia, onde foi preso em 1967 junto com Irineu Guimarães. Nesse mesmo ano, escreveu sua primeira obra, A revolução na revolução. Em 1968, a repercussão desse livro na juventude brasileira acabou resultando no engajamento na luta armada contra a ditadura militar por parte de muitos jovens. Pertenceu ao Partido Socialista Francês, do qual se distanciou por diferenças ideológicas com o ex-presidente François Mitterrand. Debray é criador da midiologia – estudo crítico dos signos e de sua difusão na sociedade. Leciona no departamento de Filosofia da Universidade de Lyon. Foi o primeiro presidente do Instituto Europeu de Ciências das Religiões e membro da Comissão Stasi, que deu origem às leis francesas sobre secularização e ostentação de símbolos religiosos nas escolas em 2003. (Nota da IHU On-Line).
[43] Antonio Negri (1933): filósofo político e moral italiano. Durante a adolescência, foi militante da Juventude Italiana de Ação Católica, como Umberto Eco e outros intelectuais italianos. Em 2000, publicou o livro-manifesto Império (Rio de Janeiro: Record), com Michael Hardt. Em seguida, publicou Multidão. Guerra e democracia na era do império (Rio de Janeiro/São Paulo: Record), também com Michael Hardt – sobre esta obra, a edição 125 da IHU On-Line, de 29-11-2004, publicou um artigo de Marco Bascetta. (Nota da IHU On-Line).
[44] Jean-Marie Le Pen (1928): é um político francês. Presidiu, até janeiro de 2011, a Frente Nacional, partido nacionalista francês mais à direita no espectro político do país. Foi substituído na liderança do partido por sua filha, Marine Le Pen. É conhecido por defender políticas radicais visando a diminuir a violência e o desemprego na França, entre elas a volta da pena de morte, maior restrição à entrada de imigrantes na França e uma maior autonomia política e legislativa da França em relação às decisões emanadas da União Europeia. (Nota da IHU On-Line).
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68 foi a maior greve geral selvagem da história da França, mas saiu vencida. Entrevista especial com Erick Corrêa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU