Ásia emergente e América Latina submergente. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Foto: Diógenes | Flickr CC

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06 Julho 2021

 

"Manter uma política macroeconômica sustentada e equilibrada é fundamental para garantir a geração de emprego e um futuro de bem-estar", escreve José Eustáquio Diniz Alves, demógrafo e pesquisador em meio ambiente, em artigo publicado por EcoDebate, 01-07-2021.

 

Eis o artigo.

 

A América Latina e Caribe (ALC) e a Ásia emergente são duas regiões do mundo que estão apresentando ritmos diferentes e opostos nos resultados do processo de desenvolvimento.

Enquanto a Ásia em desenvolvimento é uma região emergente que tem apresentado bons indicadores econômicos e cresce acima da média mundial, a ALC é uma região submergente que está presa na armadilha do baixo crescimento socioeconômico e cresce abaixo da média mundial.

O relatório WEO, do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado no dia 06 de abril de 2021, apresenta uma série de estatísticas nacionais e internacionais de 1980 até 2020, com projeções até 2026. O gráfico abaixo mostra a renda per capita (US$ a preços constantes em poder de paridade de compra – ppp) da ALC, que era de US$ 11,8 mil em 1980, enquanto a Ásia emergente tinha uma renda de US$ 1,28 mil (a ALC tinha uma renda 9,2 vezes maior). Em 2019, antes da pandemia, a renda da ALC era de US$ 15,5 mil e da Ásia emergente de US$ 11,1 mil (a ALC tinha renda 40% maior). Em 2020 a renda da ALC caiu cerca de 8%, enquanto da Ásia emergente caiu 4%. Portanto, a Ásia sofreu menos e deve se recuperar rapidamente em 2021.

As projeções do FMI indicam uma renda per capita de US$ 16,2 mil na ALC e de US$ 15 mil na Ásia emergente em 2026, uma diferença de somente 7%. Ou seja, a ALC deverá ter a renda estagnada por mais de uma década (2013 a 2016) enquanto a Ásia emergente marcha celeremente para ultrapassar a ALC ainda na atual década (2021-2030).

 

Foto: Reprodução EcoDebate

 

Evidentemente, as razões para o avanço asiático e a estagnação latino-americana são muitas e fogem do escopo deste artigo. Mas cabe ressaltar que a Ásia tem conseguido combater a pandemia com muito mais sucesso. Especialmente no leste asiático, pois a comparação do Brasil, América do Sul, a média mundial e a Ásia é muito marcante.

O gráfico abaixo mostra que o Brasil e a América do Sul possuem médias diárias de casos bem acima das médias do mundo e da Ásia. O contraste é enorme e a América do Sul sofreu muito mais casos e mortes do que a Ásia emergente (principalmente leste asiático). Consequentemente, maior impacto da pandemia significa maior impacto econômico.

 

Foto: Reprodução EcoDebate

 

O gráfico abaixo também mostra que o Brasil e a América do Sul possuem médias diárias de óbitos bem acima das médias do mundo e da Ásia. O número de vítimas fatais foi bem maior na América do Sul e a recuperação econômica será mais lenta e mais difícil para os países sul-americanos.

 

Foto: Reprodução EcoDebate

 

Reportagem do jornal Valor (01/07/2021) mostra que o pior ainda está por vir para os países emergentes. Segundo Agustín Carstens, diretor-geral do BIS (o banco dos bancos centrais), os emergentes estão próximos de esgotar sua capacidade de tomar empréstimos e de usar a política fiscal e monetária. Esta realidade é mais grave para a América do Sul e a América Latina.

Os países da Ásia emergente e, em especial, do leste asiático possuem maiores taxas de poupança e de investimento, o que os capacitam para aproveitar o 1º e o 2º bônus demográfico, conforme apresentei no Webinar “Tendências demográficas e pandemia de covid-19” do IPEA. Manter uma política macroeconômica sustentada e equilibrada é fundamental para garantir a geração de emprego e um futuro de bem-estar.

 

Referências:

ALVES, JED; CAMARANO, AA. Tendências demográficas e pandemia de covid-19, Webinário IPEA, 23/06/2021. Disponível aqui.

ALVES, JED. Três séculos de população no Brasil e os três bônus demográficos, Apresentação Webinário IPEA, 23/06/2021. Disponível aqui.

 

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