28 Abril 2021
O Vaticano e, especialmente, o cardeal Angelo Becciu, poderiam ter impedido as fraudes no palácio londrino de Sloane Square, que deixou um buraco nas contas vaticanas que supera os 400 milhões de euros, segundo uma reportagem emitida ontem pelo canal italiano RAI 3.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 27-04-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Em “Il sabotaggio”, se oferece uma série de testemunhos que demonstram como a Secretaria de Estado – e, concretamente, Becciu – não proporcionou a documentação solicitada pelo auditor-geral da Santa Sé, ao descobrir o investimento feito na primavera de 2016.
Na sua reportagem, a televisão pública italiana apresenta como a maior parte dos profissionais escolhidos tanto por Bento XVI quanto por Francisco para supervisionar a transparência financeira no Vaticano “foram sistematicamente boicotados, e inclusive sabotados, nos últimos anos”.
De fato, alguns dos protagonistas da luta contra a lavagem de capitais e a fiscalização da Santa Sé entre 2011 e 2017 contam no programa a guerra sofrida dentro dos muros do Vaticano, em forma de expedientes, computadores infectados e muitas outras coisas. Tudo isso em um momento em que o Conselho da Europa decidirá, na quinta-feira, o relatório Moneyval, para decidir se exclui a Santa Sé da “lista negra” de países considerados “opacos”.
Mesmo antes da transmissão do relatório, os advogados do cardeal Becciu enviaram um comunicado de imprensa no qual lamentavam “os graves erros e distorções” do programa da RAI 3, que oferece, em sua opinião, “um vazamento deplorável de documentos do Vaticano que parece inspirado por um ataque dirigido exclusivamente, e sem fundamento, ao cardeal Becciu”.
Por outro lado, como afirma ADNKronos, a Justiça italiana confirmou as medidas cautelares contra Gianluigi Torzi, ‘corretor’ de Becciu, acusado de possíveis crimes de lavagem de dinheiro e emissão e anotação de faturas para transações inexistentes. Os defensores de Torzi, os advogados Marco Franco e Ambra Giovene, solicitaram a anulação da medida “por falta de provas”.
O corretor, já envolvido na questão da venda do imóvel da Sloane Avenue em Londres, pelo qual está sendo investigado pela Autoridade Judiciária do Vaticano, que o acusou de um lucro ilegal de 15 milhões de euros, foi declarado na semana passada formalmente foragido do juiz da capital.
“Ainda não recebemos nenhuma comunicação, mas se é verdade que confirmaram a ordem, já sabemos antes de lermos os motivos que levaram a uma injusta provisão”, afirma o advogado Marco Franco, defesa do corredor Gianluigi Torzi. “Vamos até ao fim nesta batalha judicial com todos os meios que o ordenamento jurídico oferece, até encontrarmos um juiz que reconheça a falta de fundamento das acusações”.
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O Vaticano poderia evitar as fraudes no palácio de Sloane Square, segundo televisão italiana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU