26 Novembro 2020
O apóstolo Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, que anunciou em culto que não tem partido político nem faz campanha eleitoral, não hesitou, porém, de chamar até o altar o candidato Bruno Covas, que concorre à reeleição para a Prefeitura de São Paulo. Covas assistiu a celebração no templo da Mundial, no domingo, mas não se pronunciou enquanto estava no altar para não infringir a lei eleitoral.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Com um apoiador “apostólico”, nem precisava se manifestar. Ao chamá-lo ao altar, Valdemiro anunciou: “Eu estou falando de uma pessoa que eu tenho carinho muito grande, uma admiração. Eu não sou de nenhum partido, também não estou fazendo campanha para ninguém. Eu queria pedir a bênção para esta pessoa que confessou que igreja é o hospital da alma. Eu quero pedir para Bruno Covas a oração”, noticiou o site Antropofagista. Em tempos de campanha eleitoral, bênção virou sinônimo de voto.
Covas se viu numa saia justa quando o apóstolo agradeceu o empenho do prefeito ao conceder o alvará da igreja onde pregava. O candidato à reeleição negou que houvesse algum tipo de favorecimento à Igreja Mundial, uma vez que a lei de Anistia “regularizou mais de 200 mil imóveis na cidade de São Paulo, templos e não templos, lugares de comércio e residência”.
Para o candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, tratou-se de um gesto pensado, “uma tentativa mais uma vez de politizar, partidarizar, instrumentalizar a fé das pessoas, que é o que o meu adversário tem tentado fazer com o apoio de determinadas lideranças que não representam a comunidade evangélica”, registrou o portal Metrópoles.
Outro compromisso na agenda de Covas foi a participação na reunião de jovens da Assembleia de Deus. Covas estava no altar quando o pastor Adauto Silva, segundo matéria do Antropafista, agradeceu pela decisão do prefeito de manter os templos abertos durante a pandemia (mesmo infringindo todas as orientações da Organização Mundial da Saúde).
Também o apóstolo Valdemiro agradeceu pela abertura dos templos em plena pandemia. Ou seja, templo aberto, dízimo em caixa, ainda mais na situação em que se encontra a Igreja Mundial do Poder de Deus. A Justiça de São Paulo decretou, no início do mês, a penhora de 17,5 mil reais das contas do pastor para quitar um débito de quatro meses de aluguel de apartamento utilizado por pastor da igreja e sua família em Pereira Barreto, interior paulista, informa o colunista do UOL Rogério Gentile.
Em agosto passado, prossegue Gentile, o pastor sofreu a penhora de 246,6 mil reais pelo não pagamento do aluguel de um de seus templos. A arrecadação da igreja caiu com a pandemia. Valdemiro argumentou, nesses casos, que ele não pode ser responsabilizado pela dívida, uma vez que não tem nenhuma relação jurídica com a Igreja Mundial. Argumentou que não assinou contrato de locação, assim como seu nome não faz parte da ata fundamental nem do estatuto social da igreja.
O candidato do PSOL também busca o apoio de evangélicos. Na segunda-feira, 23, ele reuniu-se com cerca de 90 pessoas de diferentes denominações simpáticas à candidatura de Guilherme Boulos. “Há pessoas que querem falar em nome do conjunto dos evangélicos. Essas pessoas que só pregam intolerância não falam em nome de todos. Ninguém é dono de uma religião, ninguém é dono de uma fé”, afirmou.
No Recife, o ex-vereador Estéfano Menudo, pai da vereadora Nathalia Menudo, do PSB, pediu votos, num culto de ação de graças em templo evangélico, para o candidato João Campos, do PSB, para, assim, não perder 232 cargos comissionados na Prefeitura da capital pernambucana. Se a candidata do PT, Marília Arraes, vencer as eleições, esses cargos irão para o partido dela, contabilizou Menudo.
Em 2016, Estéfano Menudo foi condenado a cinco anos, oito meses e 12 dias de prisão por crimes de tortura, formação de quadrilha, falsificação de documentos públicos e concussão – utilização de cargo público para obter vantagens. Depois de dez meses na prisão, passou para o regime aberto em 2018.
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Líder evangélico se diz apartidário, mas pede bênçãos para Covas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU