06 Setembro 2020
A 26ª edição do Grito dos Excluídos terá manifestações em 18 estados. Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo se unem em defesa da vida, da democracia e dos direitos.
A reportagem é publicado por Rede Brasil Atual - RBA, 05-09-2020.
Desde 1995, o Grito dos Excluídos mobiliza cidadãos em todo o Brasil no 7 de setembro como um contraponto ao grito da Independência. Para os movimentos sociais, esse grito ainda não se concretizou. Em 2020, diante dos retrocessos impostos ao povo brasileiro e com o agravamento da desigualdade social a 26ª edição do Grito dos Excluídos avisa: “Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação!”
Serão realizadas manifestações em cidades de pelo menos 18 estados do país e no Distrito Federal. Em Brasília, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo unem-se ao Grito dos Excluídos em um Ato Cênico Performático – em defesa da vida, da democracia e dos direitos. O objetivo, informam os organizadores, é denunciar os retrocessos sociais, econômicos e ambientais no Brasil implementados pelo governo de Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão.
O ato, na Esplanada dos Ministérios (no gramado ao lado do Teatro Nacional), tem concentração marcada para 9h. Intitulado Brasil, qual o seu grito? #ForaBolsonaroeMourão, será desenvolvido por meio de imagens que mostrem a situação do Brasil em consequência do descaso do governo federal com a vida e os direitos da população.
Dirigida pelo dramaturgo brasiliense Zé Regino, o protesto criado coletivamente foi inspirado nas escolas de samba e será organizado em alas. Cada uma delas fará uma denúncia, por meio de recursos cênicos, de forma estática, silenciosa, sem microfones ou auto-falantes. O distanciamento social e todas as normas sanitárias de afastamento, de não aglomeração e de uso de máscaras serão respeitados.
Os temas – vida, democracia e direitos – serão retratados pelos diversos movimentos sociais, coletivos políticos de resistência e partidos políticos de esquerda.
O advogado Raimundo Bonfim, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), conta que, em tempos de pandemia, de isolamento contra a covid-19, a mobilização foi adaptada a essa nova realidade. “Neste 7 de setembro realizaremos o 26º Grito dos Excluídos, com manifestações nas ruas, praças, e também nas redes, com debates virtuais, lives, pelo Brasil inteiro.”
Na cidade de São Paulo, há 12 anos a CMP organiza a mobilização pelo Grito dos Excluídos a partir da Praça Osvaldo Cruz, com caminhada pela Avenida Paulista e descida pela Avenida Brigadeiro Luiz Antônio até o Parque do Ibirapuera. “Este ano, a manifestação ficará somente na Praça, com respeito ao distanciamento social”, explica Bonfim. “Vamos levar cruzes para simbolizar as mortes de mais de 120 mil pessoas pela covid-19, pela irresponsabilidade do governo Jair Bolsonaro. Vamos soltar balões para homenagear as famílias que perderam seus entes queridos. E expor carteiras de trabalho, para denunciar o desemprego, uma questão que preocupa muito os trabalhadores.”
O coordenador da Central de Movimentos Populares valoriza a unidade dos movimentos sociais, das duas frentes, diante da conjuntura vivida pelos brasileiros. “Em acordo com a coordenação do Grito, estaremos levando para as ruas do Brasil a pauta do Fora Bolsonaro. É muito importante essa unidade para enfrentarmos o desmonte das políticas públicas, o aumento do desemprego, da miséria, da fome que está se acentuando sobretudo a partir do golpe de 2016. E com mais força com a vitória do projeto fascista liderado pelo presidente Jair Bolsonaro, que tem destruído a economia do nosso país – privatizando recursos naturais, empresas públicas de desenvolvimento econômico e social –, e atacado a democracia.”
Para Raimundo Bonfim, Bolsonaro mostra desprezo pela vida humana, pela saúde pública, ao não liderar um processo de ações de mitigação dos efeitos da pandemia. “Então é um 7 de setembro marcado por indignação contra essa política genocida, de morte. Mas é também um momento de somar forças e mostrar a unidade dos movimentos sociais em parceria com as pastorais sociais e o conjunto das forças democráticas e populares. Será um dia de manifestações em defesa da vida, do emprego, da renda, da saúde, da moradia, da liberdade de expressão e de organização dos movimentos populares e da classe trabalhadora.”
Em carta de apoio, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lembra que o Grito dos Excluídos é uma manifestação popular carregada de simbolismo. “É um espaço de animação e profecia, sempre aberto e plural de pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos.”
“Vida em primeiro lugar”, clama a CNBB. “O 26º Grito dos Excluídos e Excluídas quer ressoar em nossas mentes e em nossos corações o compromisso de que precisamos estar atentos e atentas para percebermos os sinais que nos impõem os tempos atuais, marcados pela pandemia que escancara a triste situação de como vive a maioria da população brasileira, sem terra (território), sem teto e sem trabalho, sem saúde, sem educação e sem alimento. Portanto sendo arrancada sua dignidade.”
A CNBB ressalta o sofrimento das famílias pelas perdas sofridas durante a pandemia do coronavírus. “Infelizmente, existe uma omissão por parte do governo brasileiro. Um ministério que não se deixa orientar pelos conhecimentos científicos. Incapacidade de administrar os recursos destinados ao combate a pandemia. Há uma indiferença em relação aos cuidados da vida”, critica a carta.
A carta lembra os gritos dos encarcerados, do povo em situação de rua, das comunidades tradicionais, das periferias, dos povos indígenas, dos trabalhadores em serviços precarizados, das comunidades ciganas, migrantes, do povo do circo. “Eis um grande apelo para nós: igrejas, pastorais, organismos, movimentos populares. Ecoamos os nossos gritos, com o ‘ressoar dos atabaques do povo negro; som do maracá de esperança e resistência dos povos indígenas’. Juntemo-nos com todos os povos, tecendo sonhos de justiça e paz na grande teia da solidariedade e gritar: Vida em primeiro lugar.”
As informações a seguir – como links, endereços, horários e pontos de concentração, entre outras – foram fornecidas por organizadores locais de atividades do 26º Grito dos Excluídos e compiladas na medida do possível por coletivos de comunicação e de movimentos sociais que apoiam a realização do Grito.
Amazonas
Dia 6: em Manaus, às 16h, com transmissão ao vivo. Disponível aqui. Perspectiva Revolucionária da Economia de Francisco e Clara nos dias atuais
Bahia
Dia 7, em Salvador, às 15h, com transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Ceará
Dia 6, Tianguá, às 16h, com transmissão ao vivo
Dia 7, em Fortaleza:
Distrito Federal
Dia 7, em Brasília, às 10h: Ato Cênico Performático no gramado da Esplanada dos Ministérios
Espírito Santo
Dia 6, em Vitória, às 19h: projeção Mapeada no Convento da Penha, com transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Dia 7, em Vitória, às 8h: celebração inter-religiosa, com transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Goiás
Dia 7, em Goiânia: dia de manifestações, com transmissão ao vivo, disponível aqui. E a participação de Ermínia Maricato, João Pedro Stédile e Leonardo Boff
Maranhão
Dia 7, ato na Diocese de Brejo, às 9h, transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Dia 7, em São Luís: ação com a população em situação de rua no Mercado Central à noite
Mato Grosso
Dia 7, em Cuiabá, às 18h: celebração ecumênica na Paróquia Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, com transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Minas Gerais
Dia 7, em Belo Horizonte, às 10h: Igreja São Francisco de Assis – Pampulha; Viaduto – Av. Antônio Carlos (próximo a PPL); Viaduto – Av. Antônio Carlos com Av. Abrahão Caram; Av. Amazonas (Mercado Central); Praça da Estação
Pará
Dia 7, em Belém, às 8h: concentração do Grito na Praça da República, em frente ao teatro, transmissão ao vivo pela rádio web Idade Mídia e página oficial do Grito de Belém. Disponível aqui.
Paraná
Dia 7, em Curitiba, às 12h: missa presidida por Dom José Antonio Peruzzo, arcebispo de Curitiba, com transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Pernambuco
Dia 7, em Recife, às 9h: ato público presencial no Parque Treze de Maio
Rio de Janeiro
Dia 7, na cidade do Rio de Janeiro, às 9h: ato público presencial na Rua Uruguaiana com Av. Presidente Vargas e marcha até o museu do Amanhã – Praça Mauá. Bicuda do Bozó presente
Rio Grande do Norte
Dia 7, em Mossoró: distribuição de cestas com alimentos e materiais de higiene arrecadados durante a Campanha de Solidariedade, às pessoas em situação de vulnerabilidade social, entre elas imigrantes, com momentos de diálogos e encerramento com mística
Rio Grande do Sul
Dia 7, Ato Estadual "A Vida em primeiro lugar: basta de miséria, preconceito e repressão queremos terra, teto e participação". Transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Dia 7, em São Leopoldo, às 10h: ato simbólico com o plantio de 80 mudas de árvores, em memória às mais de 3,5 mil vidas perdidas na pandemia do coronavírus no Rio Grande do Sul. Transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Dia 7, em Caxias do Sul, às 18h: transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Rondônia
Dia 7, em Porto Velho: amanhecer com casas com panos pretos e cartazes dos gritos; às 17h, ato presencial cultural no Centro Político Administrativo do Governo do Estado, com no máximo 25 pessoas, participação de representantes dos povos indígenas ameaçados nos territórios, que será transmitido ao vivo pela página da diocese
Roraima
Dia 7, em Boa Vista, às 8h: ato presencial público, concentração do Grito na Praça do Centro Cívico
São Paulo
Dia 7, no ABC, às 15h: leitura de mensagem do teólogo e escritor Frei Betto; A história do Grito; Os excluídos pelo racismo; Os excluídos pelos despejos. Com transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Dia 7, atividades a partir das 7h30. Às 9h: missa na catedral de Mogi das Cruzes com a presença do bispo dom Pedro Stringhini, do padre Dimas e outros para a reflexão do 26º Grito dos Excluídos. Atividade do Grito, às 11h, com transmissão ao vivo e a página do Facebook O Grito dos Excluídos do Alto Tietê. Disponível aqui.
Dia 7, em Aparecida, às 9h: celebração da 33ª Romaria dos Trabalhadores/as e do 26º Grito dos/as Excluídos/as, presidida pelo bispo de Aparecida, dom Orlando Brandes. Participação com banners e com a temática na celebração. A missa será transmitida pela TV Aparecida, Rádio Aparecida e Portal A 12
Dia 7, na Baixada Santista, às 9h: atos nas cinco cidades, em espaços públicos, transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Dia 6, em Carapicuíba, às 15h: “Os gritos do povo por terra, teto e trabalho”, com a participação de Salete Carollo, assentamento Tapes MST/RS, Darcy Costa, coordenador MNPR, Soledad Pequena, assessora Cemir, Arnaldo de Negri, Fórum da Sociedade Civil da Saúde e Seguridade Social e do Grito dos Excluídos Continental. Com transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Dia 7, em Carapicuíba, às 10h: saída do Parque da Aldeia com destino ao Parque Gabriel Chucre, Via Inocência Seráfico
Dia 7, em Jundiaí, às 9h: a Diocese de Jundiaí realiza o seu 10º Grito dos Excluídos, com uma celebração na Paróquia São José Parque Almerinda Chaves, com transmissão ao vivo. Disponível aqui.
Dia 7, em Osasco, pela manhã: ato simbólico na Praça Helena Maria
Dia 7, em São Paulo, às 10h: ato sem caminhada na Praça Oswaldo Cruz, na Avenida Paulista, Fora, Bolsonaro! Queremos Trabalho, Terra, Teto e Pão!
Regional CNBB Nordeste 2 (AL, PE, PB, RN)
Dia 7, Grito dos Excluídos, das 9h às 12h. 9h – Boas vindas e abertura; Mística com Zé Vicente; Plenária “Os clamores do povo: gritos do Regional Nordeste 2”; Exibição de vídeo do Regional; 12h – Encerramentoscaras serão respeitados.
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26º Grito dos Excluídos em defesa da vida. Confira como serão os atos pelo país - Instituto Humanitas Unisinos - IHU