12 Agosto 2020
“Eu acho que, de fato, pode-se dizer que as igrejas podem ser um dos maiores propagadores da ideologia racista” nos Estados Unidos, afirmou o pastor Carl Lentz no programa televisivo “Conversas desconfortáveis com um homem negro”, ancorado pelo ex-atleta de futebol americano e hoje analista da ESPN, Emmanuel Chinedum Acho, 29 anos.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Stephen Carl Lentz, 41 anos, é pastor líder da Igreja Hilsong em Nova Iorque. Emmanuel provocou o religioso: embora a segregação na América tenha sido proibida em meados da década de 1960, as manhãs de domingo nas casas de culto em todo o país ainda permanecem segregadas. Perguntado por que pastores brancos não foram sinceros sobre o assunto, Lentz recorreu ao exemplo de uma casa extremamente suja.
- Vou deixar minha casa suja porque dá muito trabalho (limpá-la). É o que acontece com o racismo. No momento em que você começa a investigar isso, percebe ‘oh, uau, isso vai até o topo’. Isso é no coro da igreja. Isso é na administração da igreja. Isso é da maneira que ensinamos a Bíblia. E há muitos cristãos que partem para limpar a casa até descobrirem quão perto chegam.
Segundo Lentz, durante décadas a igreja americana varreu o problema do racismo para debaixo do tapete. Como poderosos homens brancos, “fomos autorizados a dizer coisas ignorantes” e “ninguém disse nada”, disse o pastor, segundo a repórter Jeannie Law, do Christian Post.
Após o assassinato de George Floyd, o pastor da Hilsong iniciou uma reflexão a respeito da pergunta se ele fazia parte do problema ou da solução. Concluiu que ele era mais parte do problema do que solução. A partir de então tomou a decisão: “Nunca mais quero dizer isso de mim mesmo”.
“Minha posição vem do Antigo Testamento, onde Deus diz ‘Eu quero justiça, oceanos dela’. Portanto, se não faço parte da equipe de oceanos de justiça, não estou fazendo o suficiente. Agora posso dizer que sou parte da solução”, revelou. E começou em casa. Como pai, passou a ensinar os seus três filhos pequenos o que é racismo.
Lentz também recorreu ao Novo Testamento. “Jesus era odiado pela comunidade religiosa por quê? Proximidade.” E exemplificou: Cristo jantava com pecadores, ia nas festas erradas, saia com pessoas erradas. Ele conversava com mulheres quando elas não eram reconhecidas como sujeitas da palavra. “Então, se você tivesse que se perguntar onde Jesus estaria, você deveria voltar à Bíblia, porque Ele está onde as pessoas estão machucadas”, apontou.
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Igrejas propagaram racismo, admite pastor - Instituto Humanitas Unisinos - IHU