Igrejas propagaram racismo, admite pastor

Foto: Unsplash

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

12 Agosto 2020

“Eu acho que, de fato, pode-se dizer que as igrejas podem ser um dos maiores propagadores da ideologia racista” nos Estados Unidos, afirmou o pastor Carl Lentz no programa televisivo “Conversas desconfortáveis com um homem negro”, ancorado pelo ex-atleta de futebol americano e hoje analista da ESPN, Emmanuel Chinedum Acho, 29 anos.

A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.

Stephen Carl Lentz, 41 anos, é pastor líder da Igreja Hilsong em Nova Iorque. Emmanuel provocou o religioso: embora a segregação na América tenha sido proibida em meados da década de 1960, as manhãs de domingo nas casas de culto em todo o país ainda permanecem segregadas. Perguntado por que pastores brancos não foram sinceros sobre o assunto, Lentz recorreu ao exemplo de uma casa extremamente suja.

- Vou deixar minha casa suja porque dá muito trabalho (limpá-la). É o que acontece com o racismo. No momento em que você começa a investigar isso, percebe ‘oh, uau, isso vai até o topo’. Isso é no coro da igreja. Isso é na administração da igreja. Isso é da maneira que ensinamos a Bíblia. E há muitos cristãos que partem para limpar a casa até descobrirem quão perto chegam.

Segundo Lentz, durante décadas a igreja americana varreu o problema do racismo para debaixo do tapete. Como poderosos homens brancos, “fomos autorizados a dizer coisas ignorantes” e “ninguém disse nada”, disse o pastor, segundo a repórter Jeannie Law, do Christian Post.

Após o assassinato de George Floyd, o pastor da Hilsong iniciou uma reflexão a respeito da pergunta se ele fazia parte do problema ou da solução. Concluiu que ele era mais parte do problema do que solução. A partir de então tomou a decisão: “Nunca mais quero dizer isso de mim mesmo”.

“Minha posição vem do Antigo Testamento, onde Deus diz ‘Eu quero justiça, oceanos dela’. Portanto, se não faço parte da equipe de oceanos de justiça, não estou fazendo o suficiente. Agora posso dizer que sou parte da solução”, revelou. E começou em casa. Como pai, passou a ensinar os seus três filhos pequenos o que é racismo.

Lentz também recorreu ao Novo Testamento. “Jesus era odiado pela comunidade religiosa por quê? Proximidade.” E exemplificou: Cristo jantava com pecadores, ia nas festas erradas, saia com pessoas erradas. Ele conversava com mulheres quando elas não eram reconhecidas como sujeitas da palavra. “Então, se você tivesse que se perguntar onde Jesus estaria, você deveria voltar à Bíblia, porque Ele está onde as pessoas estão machucadas”, apontou.

Leia mais