04 Mai 2019
“Diante da inevitável constatação do aumento da exploração da miséria e da pilhagem da natureza, os grandes capitalistas avançam com seus tanques de pensamento: procuram colonizar nossas mentes e manipular a percepção da realidade”, escreve Manuel E. Yepe, advogado, jornalista e economista, em artigo publicado por Rebelión, 29-04-2019. A tradução é do Cepat.
Cecília Zamudio é uma pintora e escritora nascida na Colômbia, que viveu em uma dezena de países do mundo. Sua obra, muito versátil e integral, se define dentro do Colorismo Humanista e nela ressalta sua preocupação e estudo pelos processos sociais e históricos. Um de seus mais recentes trabalhos é dedicado a demonstrar que o capitalismo é selvagem por natureza, que não existe um capitalismo menos selvagem, posto que é um ordenamento social que se baseia na exploração.
Constantemente, a pobreza aumenta em nível mundial, ao passo que as grandes fortunas crescem de maneira exponencial. Cada vez mais, os capitalistas degradam o planeta, escravizam e coisificam mais seres vivos. Excluem milhões de pessoas da possibilidade de vida sadia e digna, ao mesmo tempo em que exterminam espécies e ecossistemas, conforme expõe a intelectual colombiana.
Milhões de seres humanos, empobrecidos pela pilhagem perpetrada pelas multinacionais que capitalizam baseadas na destruição de montanhas e rios, acabam se aglomerando nos cinturões de miséria das grandes cidades enriquecidas.
Intensifica-se o êxodo de pessoas dos países mais brutalmente saqueados para a metrópole do capitalismo. Contudo, os países enriquecidos à custa de empobrecer os outros apreciam cinicamente as riquezas, mas não as pessoas. Crescem os muros e os cercados, ao mesmo tempo em que diminui a análise e a empatia.
A areia das praias fica mais branca com as ossadas de milhares de naufragados em sua tentativa de fugir da caldeira capitalista em que os homens converteram seus países, com base em pilhagem e guerras imperialistas.
Os patrões dos países na metrópole capitalista, que também intensifica a exploração contra os trabalhadores autônomos e precariza suas condições de vida, precisam de um bode expiatório a quem culpar de ações contra as quais não quer se responsabilizar. Usa seus meios de comunicação para alienar as maiorias, aduzindo que a precarização de suas condições de vida se deve aos “imigrantes”. Intensifica nos meios de alienação massiva a promoção do racismo e do fascismo, para aumentar assim a divisão da classe trabalhadora e multiplicar os níveis do fanatismo racista.
A violência contra as mulheres também é intensamente promovida pelos meios de alienação massiva. Dado que o machismo é parte fundamental da superestrutura capitalista, crescem os lucros de uns poucos sobre a aberração do feminicídio.
A coisificação do ser humano é promovida até a saciedade. Os valores da solidariedade são substituídos por falsas virtudes consumistas. A noção de “justiça social” busca ser apagada e suplantada pela perversa, egocêntrica e triste “caridade”.
“Enquanto os meios de alienação capitalista vulgarizam as pessoas com seu promovido “não mude o mundo, mude a si mesmo” (como se não fosse possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo), os capitalistas continuam depredando. Implementam com maior intensidade a obsolescência programada (envelhecimento prematuro e programado das coisas), tornando o planeta uma lixeira. Envenenam a terra e os alimentos de maneira cancerígena, assassinam por fome uma criança a cada cinco segundos, em um mundo no qual a agricultura atual teria condições de alimentar 12 bilhões de pessoas”.
Os capitalistas aproveitam a precarização das condições de vida que eles próprios promovem para ampliar sua pedreira de escravizados: crescem a escravidão moderna, a prostituição, o tráfico de crianças”.
É urgente sair deste sistema em que um punhado capitaliza sobre o sangue, o suor e as lágrimas das maiorias. Diante da inevitável constatação do aumento da exploração da miséria e da pilhagem da natureza, os grandes capitalistas avançam com seus tanques de pensamento: procuram colonizar nossas mentes e manipular a percepção da realidade.
Estes tanques de pensamento tentam apresentar o problema sob luzes deformantes, e para ganhar tempo inventaram esta falsa dicotomia entre “capitalismo selvagem” versus um suposto “capitalismo com rosto humano”.
O capitalismo é selvagem por natureza, posto que se baseia na exploração de uma parte dos humanos contra outra. Não há um “capitalismo menos selvagem”, uma vez que a violência do mesmo é intrínseca à aceleração da acumulação capitalista que cada dia aumenta mais.
E com ela, a exclusão, a exploração, a pilhagem, a repressão, o terrorismo de Estado, as guerras imperialistas, o fascismo, racismo, machismo, e todas as formas de violência de ricos contra pobres.
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O velho conto do capitalismo bom - Instituto Humanitas Unisinos - IHU