14 Dezembro 2018
A Companhia de Jesus na Espanha tornou-se a primeira congregação do nosso país a elaborar uma estratégia de análise, investigação e prevenção dos abusos sexuais em seu interior. Numa diretiva datada de outubro, à qual Religión Digital teve acesso, o provincial, Antonio J. España, instituiu a “Comissão para a proteção e o cuidado de menores e pessoas vulneráveis” e criou uma comissão para investigar esses casos.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 13-12-2018. A tradução é de André Langer.
“A importância do tema não obedece a um fenômeno midiático, nem é o resultado de um modismo, ou se explica por uma perseguição orquestrada”, diz a carta, onde se reconhece “uma série de fatos muito graves – agora conhecidos e muitos estão comprovados – que demandam de nós uma maior sensibilidade e que adotemos atitudes de maior cuidado e proteção de menores e pessoas vulneráveis, assim como que mantenhamos uma atenção especial às vítimas e seus familiares”.
Entre as decisões tomadas, e que se fundamentam na carta do Papa ao Povo de Deus, de 20 de agosto passado, e em uma carta similar do Geral da Ordem, Arturo Sosa, S.J., de 24 do mesmo mês, os jesuítas divulgam seus protocolos e medidas para reafirmar a proteção e a segurança em suas instituições. Também divulgam as normas de conduta dos jesuítas, voluntários e trabalhadores dos centros da Companhia.
“Reafirmamos o nosso compromisso com a proteção dos menores e pessoas vulneráveis, bem como a atenção especial às vítimas de abuso e seus familiares”, diz a Companhia de Jesus, que coloca à disposição um correio eletrônico para coletar e investigar “toda informação, testemunho ou denúncia que se queira enviar em relação a comportamentos contra algum membro da Companhia de Jesus na Espanha”. O correio eletrônico é o que segue: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Da mesma forma, o provincial criou uma comissão para o cuidado e a proteção de menores, da qual fazem parte, junto com ele, destacados especialistas no assunto, como Antonio Allende, Ignacio Boné, Miguel Campo (assessor da Confer e que também faz parte da Comissão Antipederastia da CEE), Javier Beramendi e José María Rodríguez Olaizola.
Oportunamente, o provincial nomeará um delegado para esta comissão, que irá trabalhar em estreita colaboração com a assessoria jurídica e com o Comitê de Observação do Código de Conduta, coordenado pelo Pe. Manuel Gallego, para garantir o cumprimento dos protocolos de atuação.
“Diante dos casos de abusos que em nosso entorno possam aparecer, o sofrimento das vítimas e nossa solidariedade com elas deve ser a nossa reação mais imediata, ao mesmo tempo que teremos que reconhecer e assumir o dano que tenhamos infligido por meio de um dos nossos”, escreve o provincial, que ressalta que “já é inegociável que nos equipemos com todos os meios e instrumentos à nossa disposição, que possibilitem que nossas comunidades, obras e ministérios sejam espaços seguros e protegidos para todos, especialmente para as crianças e os adolescentes e as pessoas vulneráveis”.
“Se não fizermos isso – conclui –, não seremos compassivos com as vítimas, nem responsáveis e firmes com os abusadores. Também não poderemos continuar a ser testemunhas do Evangelho através das nossas vidas e obras, pois perderíamos toda a nossa credibilidade e provocaríamos em quem se aproxima de nós uma verdadeira insatisfação”. Mais uma vez, os jesuítas dão um decidido passo em frente. Pela purificação e pelas vítimas.
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Espanha. Os jesuítas, a primeira congregação a investigar sistematicamente casos de abusos em suas fileiras - Instituto Humanitas Unisinos - IHU