10 Dezembro 2018
"O que já está ruim, pode piorar", avalia Marcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace, em texto publicado pelo portal do Greenpeace, 09-12-2018, sobre a indicação do ministro do Meio Ambiente.
Eis o texto.
O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou neste domingo (09) o nome do novo ministro do Meio Ambiente: o advogado Ricardo Salles, ex-secretário de Meio Ambiente de São Paulo no governo Alckmin (2016-2017). Como um dos fundadores do Movimento Endireita Brasil (MEB) e apoiado por ruralistas, Salles já esteve nas manchetes graças a declarações polêmicas de apoio à ditadura e em defesa da pena de morte. Entre outros processos sofridos, em 2017, Salles se tornou réu em uma ação civil do Ministério Público Estadual sob a acusação de participar de alteração ilegal do zoneamento do plano de manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, para favorecer empresas ligadas à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Agra, foi nomeado para a pasta de meio ambiente.
“Jair Bolsonaro já deixou claro que deseja reduzir o Ministério do Meio Ambiente a uma espécie de subsede do Ministério da Agricultura. A escolha do novo ministro apenas segue esta lógica”, afirma Marcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace. Segundo divulgado pela imprensa, Bolsonaro teria dito que a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, seria quem aprovaria o nome indicado.
Durante a campanha eleitoral, o presidente eleito ganhou apoio da bancada ruralista do Congresso e se comprometeu com uma extensa agenda de retrocessos, ameaçando atacar as áreas de florestas protegidas, diminuir a atuação do Ibama e aprovar leis como a que libera o uso descontrolado de agrotóxicos no Brasil, além de enfraquecer o licenciamento ambiental.
A nomeação de Salles ocorre no momento em que a área ambiental recebe más notícias: o desmatamento da Amazônia registrou o maior índice dos últimos dez anos, e o país acaba de retirar sua candidatura para sediar a COP-25. Além disso, o futuro Ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo, deu declarações em que nega a existência das mudanças climáticas, prometendo colocar o país na contramão dos esforços realizados por mais de 190 países. Com a decisão de não sediar mais a COP em 2019, Bolsonaro começa a cumprir sua lista de ameaças ao meio ambiente.
“Seguindo as promessas do presidente eleito, a principal função do novo ministro será a promoção de uma verdadeira agenda antiambiental, colocando em prática medidas que resultarão na explosão do desmatamento na Amazônia e na diminuição do combate ao crime ambiental. O que já está ruim, pode piorar”, avalia Astrini
O Brasil tem um papel de extrema importância na preservação ambiental. O equilíbrio climático é essencial tanto para o combate às mudanças climáticas quanto para a produção agropecuária do país e, portanto, para a economia e a geração de empregos. É no Brasil também que encontra-se a maior floresta tropical do mundo, berço de metade da biodiversidade já registrada, de 12% da água potável do mundo e lar de populações que dependem da floresta para viver. Além disso, já temos áreas abertas suficientes para duplicar nossa produção agropecuária sem desmatar mais nenhum hectare de floresta.
Por conta disso, trabalharemos para que as promessas na área socioambiental feitas por Bolsonaro durante a campanha eleitoral não sejam cumpridas, pois representam enormes retrocessos que terão efeitos extremamente negativos para nossas florestas, nossos rios, a economia e para a vida das pessoas no Brasil e no mundo.
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Saiba quem é o novo ministro do Meio Ambiente. Nota do Greenpeace - Instituto Humanitas Unisinos - IHU