Sobrevivente de abuso, Marie Collins diz que todos que ficam e ficaram em silêncio "são cúmplices" de McCarrick

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03 Agosto 2018

"Homens como McCarrick dependem dessa aura de poder e reverência desproporcional para se comportarem como quiserem".

A reportagem é de Sarah Mac Donald, publicada por The Tablet, 01-08-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.

A sobrevivente irlandesa de abuso clerical, Marie Collins, disse que todos os que permaneceram e permanecem em silêncio sobre os abusos perpetrados pelo Cardeal Theodore McCarrick "são cúmplices e deveriam ser chamados para se explicar".

Falando ao The Tablet, Collins disse que renunciou da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores em 2017 devido à resistência curial às recomendações da Comissão. “Os fatos sobre McCarrick eram bem conhecidos entre seus pares em altas posições. No entanto, ninguém impediu sua ascensão, o elevando à posição de cardeal”, disse Collins.

Segundo ela, o caso do Cardeal McCarrick mostrou as “muitas fraquezas” na estrutura da Igreja. "O nível esmagador de reverência e admiração que é dado faz com que os homens no alto escalão pareçam fora das regras de comportamento esperadas por todos", afirmou Collins.

Ela culpou o clericalismo e o temor de que, se a verdade fosse admitida, toda Igreja desmoronaria pela pretensão de que tais homens são incapazes de cometer erros, atos imorais ou criminosos. Isso, ela advertiu, leva a abusos sem contestação.

“Homens como McCarrick dependem dessa aura de poder e reverência desproporcional para se comportarem como gostam e confiarem de que ninguém os desafiará”, disse Collins.

Sobre a alegação da Igreja americana de que opera uma política de “tolerância zero” sobre o abuso, Collins destacou que a política de medidas de segurança dos EUA não se aplica a bispos ou cardeais, o que ela disse “ridicularizar a alegação”.

“A explicação pode muito bem ser porque não há provisões na lei canônica para responsabilizar esses homens nos altos escalões da Igreja. Certamente, isso significa que há uma necessidade de mudança na lei, e não uma exclusão da responsabilidade”, afirmou Collins.

Se referindo ao recente reconhecimento por parte do Cardeal Sean O'Malley da falta de políticas ou procedimentos na Igreja para responsabilizar os membros da hierarquia por suas ações e a necessidade de que isso seja tratado, Collins disse que, enquanto era membro da Pontifícia Comissão, este processo de responsabilização foi posto em pauta em 2015.

“Apesar de ter sido aprovado pelo Papa Francisco, a Congregação para a Doutrina da Fé, com o cardeal Müller, se recusou a colocá-lo em prática. Naquela época, o Cardeal O'Malley e a Comissão não fizeram nada para tornar isso público ou para protestar contra a recusa e tentar garantir que a política fosse implementada. Eu pedi demissão para poder protestar e fazer conhecer que o Vaticano havia anulado essa iniciativa de prestação de contas. Agora vemos que se fala de novo, como se fosse uma ideia nova. Isso vai acontecer ou será esquecido quando a questão do McCarrick sair das manchetes?”, disse Collins.

Na sexta-feira passada, o Papa Francisco aceitou a renúncia do cardeal McCarrick do Colégio Cardinalício e ordenou que o ex-arcebispo de Washington, de 88 anos, levasse “uma vida de oração e penitência em isolamento” até o final do processo canônico contra ele, que investigará uma alegação credível de abuso sexual infantil contra o Cardeal tornada pública em junho. Desde então, surgiram outras alegações de má conduta sexual com seminaristas.

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