13 Setembro 2017
Nos dias seguintes à palestra do integrante de uma Comissão Real australiana, o Sínodo Geral aprovou regras para a proteção infantil que são vinculativas a todo o clero e agentes pastorais.
A reportagem é de Mark Brolly, publicada por The Tablet, 11-09-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
A Austrália é um país em que as “pessoas perderam completamente a confiança” na Igreja. É o que diz o padre jesuíta Hans Zollner, membro fundador da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, do Papa Francisco.
A reportagem é de Mark Brolly, publicada por The Tablet, 11-09-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Zollner, que também preside o Centro para a Proteção Infantil da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, contou a agentes pastorais em Brisbane que “parece haver uma confiança quase nula no que a Igreja diz”, reportou o jornal The Catholic Leader em 7 de setembro.
“Isso não é verdade em outras partes do mundo”, falou. “Eu acho que vocês estão em uma situação bastante singular”.
Zollner declarou que, embora muitos países da Europa e da América do Norte já estejam trabalhando há alguns anos com eficácia para a salvaguarda contra abusos sexuais na Igreja, a maior parte dos países ainda não conseguiu lidar com a questão.
“Este assunto não atingiu a superfície do interesse, do debate e do noticiário públicos em 75% dos países, no mínimo”, disse o religioso. “Não tenho condições de dizer onde ou quando atingirá, mas algum dia irá acontecer”.
Já em Queensland, um dos seis integrantes da Comissão Real Institucional para Respostas ao Abuso Sexual Infantil, Robert Fitzgerald, contou ao Sínodo Trienal da Igreja Anglicana da Austrália, em Maroochydore, que ele deveria adotar uma abordagem consistente em nível nacional para a proteção dos menores.
Fitzgerald manifestou a confiança de que a Igreja volte a ganhar a confiança da comunidade australiana, embora “não facilmente, não rapidamente e não sem alguma dor”.
Ele também disse que o assessoramento jurídico e outros que os líderes eclesiásticos receberam tiveram um papel importante no escândalo: “Deve estar óbvio a todos nós hoje que estas assessorias erraram. Em última instância, a reputação da Igreja não se salvou, na verdade ela foi degradada e diminuída, e isso poderia ser evitado caso tivesse sido adotada uma abordagem diferente, caso valores diferentes tivessem sido aplicados...”.
Fitzgerald, católico que presidiu a St Vincent de Paul Society, no estado australiano de New South Wales, e, na qualidade de membro do comitê nacional da Caritas Austrália, falou ao Sínodo sobre como a sombra da crise de pedofilia afetou a sua experiência pessoal de vida paroquial.
“Recentemente estive em minha igreja local e a comunidade convidou as crianças para a liturgia delas, e eu quase não consegui olhar para o rosto daquelas crianças de 9, 10 e 11 anos de idade, que tinham as mesmas aspirações, o mesmo senso de alegria, o mesmo senso de esperança que aquelas que foram abusadas tinham e que estavam na mesma faixa etária”, disse. “Com efeito, na Igreja Anglicana a idade média do primeiro abuso de uma criança é quando elas estão com 10 anos e meio”.
Nos dias seguintes à palestra do integrante da Comissão Real, o Sínodo Geral aprovou regras para a proteção infantil que são vinculativas a todo o clero e agentes pastorais, incluindo auditorias independentes regulares que serão publicadas para a comunidade em geral; a criação de uma empresa independente para lidar com as queixas e indenizações às vítimas de abuso sexual – permitindo que Igreja se junte ao programa do governo de indenizações nacionais – bem como medidas para responder às queixas contra os bispos diocesanos, inclusive bispos eméritos.
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Os australianos “perderam completamente a confiança” na Igreja, diz integrante da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores - Instituto Humanitas Unisinos - IHU