Jesus, o bispo e o filósofo ateu. Artigo de Sara Ricotta Voza

Foto: Wikimedia Commons

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13 Dezembro 2025

Porque tudo se resume a um apelo à paz, a ser buscada mesmo por meio da desobediência civil, mesmo por meio do martírio: "A única revolução valorosa e indispensável hoje é a revolução da paz".

O artigo é de Sara Ricotta Voza, publicado por La Stampa-Tuttolibri, de 06-12-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo. 

Um bispo católico e um filósofo marxista se encontram no Caminho de Jesus. Para o primeiro, é um caminho de fé de uma vida; para o segundo, uma experiência um tanto inesperada e retroativa. “A vinda de Cristo foi um Evento absoluto e imprevisível, e depois que aconteceu, somos obrigados a ler toda a história anterior como se o estivesse anunciando”, é a conclusão de Slavoj Žižek, um pensador esloveno conhecido por seu radicalismo.

Certamente, o Jesus de ambos possui características que podem fazer pular da cadeira um católico com formação catequética. Raffaele Nogaro — professor emérito de Caserta e "figura épica" (como diz Roberto Saviano) pelas lutas mais incômodas — camorra, migrantes e paz — aqui escreve palavras fortes sobre Verdade, Igreja e Catecismo, mas não recita o Credo, justamente aquele que resultou do Concílio de Niceia, cujo 1700º aniversário está sendo celebrado e cuja memória o Papa acaba de ir prestar honras. Mas, das 128 páginas de Gesù, l'amore oltre la verità (Jesus, o amor além da verdade, em tradução livre, Ponte alle Grazie, €13), vale a pena extrair, em tão poucas linhas, o Jesus em que ambos convergem.

Nogaro — que compila um decálogo de frases de Jesus mais uma de Bonhoeffer — lembra que "para o primeiro mandamento da Antiga Lei (‘Amarás o Senhor teu Deus’ Dt 6,5), Jesus substitui o mandamento que não tem Deus como destinatário direto do amor, mas sim o nosso próximo. Quando você ama o homem, de fato, você ama a Deus (cf. 1 Jo 4,11-20)".

Žižek fala do Jesus que ressuscitou dos mortos dizendo: "A paz esteja convosco" (Jo 20,19), não daquele que disse: "Eu não vim trazer paz, mas a espada". Porque tudo se resume a um apelo à paz, a ser buscada mesmo por meio da desobediência civil, mesmo por meio do martírio: "A única revolução valorosa e indispensável hoje é a revolução da paz", conclui Nogaro.

A Boa Nova neste enésimo Natal de guerra.

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