03 Dezembro 2025
O Papa Leão XIV concluiu sua primeira viagem à Turquia e ao Líbano defendendo o diálogo e o multilateralismo para resolver os problemas na Ucrânia. Ao mesmo tempo, o Papa pediu aos Estados Unidos que se engajassem no diálogo antes de atacar a Venezuela.
A reportagem é de Jesus Bastante, publicada por El Diario, 02-12-2025.
“Há muitos receios na Europa, mas na maioria das vezes são gerados por pessoas que são contra a imigração e que tentam impedir a entrada de pessoas que possam vir de outro país, de outra religião, de outra raça. Nesse sentido, gostaria de dizer que todos precisamos trabalhar juntos.” No voo que o trouxe de volta de Beirute, o Papa Leão XIV criticou a política de ódio e medo contra os migrantes promovida pela extrema-direita europeia.
Em resposta às perguntas dos jornalistas que o acompanhavam na primeira viagem de seu pontificado, que incluiu a Turquia e o Líbano, Prevost defendeu a “paz e o respeito entre pessoas de diferentes religiões” como elementos fundamentais para a construção do futuro. “Um dos aspectos positivos desta viagem é que ela chamou a atenção do mundo para a possibilidade de diálogo e amizade entre muçulmanos e cristãos”, respondeu o pontífice, acrescentando que “esta é uma lição importante que nós, na Europa e na América do Norte, devemos levar em consideração”. “Talvez devêssemos ter um pouco menos de medo e buscar maneiras de promover um diálogo autêntico e o respeito”, enfatizou.
Juntamente com esse apelo, o Papa reiterou a necessidade de uma solução negociada na Ucrânia, que não exclua a Europa, e sugeriu que a Santa Sé poderia exercer algum tipo de mediação para que "juntos possamos buscar uma solução que possa realmente oferecer paz, uma paz justa, neste caso na Ucrânia".
Por fim, em relação à situação na Venezuela, Leão XIV reconheceu que “estamos buscando maneiras de acalmar a situação”. Em uma referência velada a Donald Trump, o Papa enfatizou como “as vozes vindas dos Estados Unidos mudam com bastante frequência”, embora tenha admitido que existe “o perigo de alguma operação, inclusive de invasão do território venezuelano”. A esse respeito, “penso que seja melhor buscar caminhos de diálogo, talvez pressão (mesmo pressão econômica), mas buscando outra via, se for isso que os Estados Unidos decidirem fazer”.
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