26 Novembro 2025
"O desejo de muitos membros em Fulda de assumir posições sociopolíticas já na primeira Conferência Sinodal sugere que os papéis do Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK) e da Conferência Sinodal ainda precisam ser definidos. A Conferência Sinodal também deve ter cuidado para não se transformar em um órgão político partidário com aspirações católicas", escreve Thomas Arnold, criador do departamento de planejamento estratégico, desenvolvimento organizacional e controlo no âmbito da gestão do Ministério do Interior do Estado da Saxônia, em artigo publicado por Katholisch.de, 24-11-2025.
Eis o artigo.
Os estatutos da nova Conferência Sinodal foram aprovados, garantindo, assim, a viabilidade a longo prazo da sinodalidade na Alemanha. No futuro, a Igreja Católica na Alemanha, além de seus 27 bispos, será representada por 54 outros membros leigos que tomarão decisões sobre questões relevantes para além das dioceses individuais. E Roma parece ter dado sua aprovação. Para este órgão, o futuro envolverá mais do que simplesmente eliminar as causas sistêmicas dos abusos. Ele definirá a agenda e mudará a relação entre bispos e leigos, bem como entre a Conferência Episcopal e o Comitê Central dos Católicos Alemães.
O desejo de muitos membros em Fulda de assumir posições sociopolíticas já na primeira Conferência Sinodal sugere que os papéis do Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK) e da Conferência Sinodal ainda precisam ser definidos. A Conferência Sinodal também deve ter cuidado para não se transformar em um órgão político partidário com aspirações católicas.
O maior desafio para os futuros membros deste órgão provavelmente se tornará evidente logo após a primeira reunião, quando assumirem a responsabilidade de "definir prioridades, particularmente nos processos de planejamento estratégico e no orçamento da Associação das Dioceses na Alemanha (VDD)". Isso significa, na prática, decidir em conjunto quais organizações terão seus subsídios suspensos, comprometendo, assim, seu apoio financeiro e, na maioria dos casos, sua viabilidade a longo prazo. As consequentes disputas de poder serão travadas não apenas pelos bispos, mas também pelos representantes do Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK) e pelos demais membros eleitos.
A maior oportunidade, contudo, reside na tarefa da nova Conferência Sinodal de propor "medidas para a missão da comunidade de fiéis". O que parece inócuo pode se tornar uma oportunidade para uma nova dinâmica missionária dentro de uma sociedade pluralista com declínio na filiação à Igreja. Isso reflete o desejo do Papa Francisco de não se apegar apenas a debates estruturais, mas sim de considerar qual postura pode ser adotada para uma evangelização bem-sucedida. Essa tarefa pode se tornar o diferencial da nova Conferência Sinodal. Isso seria desejável tanto para a sociedade alemã quanto para toda a Igreja universal.
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