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Trump e “sua” guerra às drogas. Artigo de Greg Grandin

Foto: Trump White House Archived/Flickr

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19 Novembro 2025

“Trump insiste que a ‘guerra contra as drogas’ não é uma metáfora, mas uma guerra real, e que, como tal, lhe confere poderes extraordinários em tempos de guerra, incluindo a autoridade para bombardear o México e atacar a Venezuela”. A reflexão é de Greg Grandin, em artigo publicado por TomDispatche reproduzido por La Jornada, 18-11-2025. A tradução é do Cepat.

Greg Grandin é autor de Empire's Workshop: Latin America, the United States, and the Rise of the New Imperialism [Oficina do império: América Latina, os Estados Unidos e a ascenção do novo imperialismo], publicado pela Metropolitan Books; The End of the Myth: From the Frontier to the Border Wall [O fim do mito: da fronteira ao muro fronteiriço], vencedor do Prêmio Pulitzer; e, mais recentemente, America, America: A New History of the New World [América, América: uma nova história do Novo Mundo].

Eis o artigo.

Atualmente, Donald Trump é presidente da sua própria Murder Incorporated (Assassinato S.A.), menos um governo e mais um esquadrão da morte.

Muita gente descartou sua proclamação, no início de seu segundo mandato presidencial, de que o Golfo do México passaria a se chamar de Golfo da América (isto é, Golfo dos Estados Unidos) como uma demonstração tola de domínio: tola, mas inofensiva. Agora, no entanto, ele produziu um banho de sangue no adjacente Mar do Caribe. Até o momento, o Pentágono destruiu 18 lanchas rápidas na região e no Oceano Pacífico.

Nenhuma evidência ou acusação foi apresentada que sugira que essas embarcações transportavam drogas, como vem sendo alegado. A Casa Branca simplesmente continua divulgando vídeos de vigilância aérea (na verdade, um filme snuff) de um barco sendo atacado. Em seguida, um clarão surge, e tudo acaba, junto com as pessoas a bordo, sejam elas traficantes de drogas, pescadores ou migrantes. Até onde sabemos, pelo menos 64 pessoas foram assassinadas nesses ataques.

O número de mortos está aumentando rapidamente. No início de setembro, os Estados Unidos atacavam uma embarcação a cada sete a dez dias. No início de outubro, esse número subiu para uma embarcação a cada dois dias. Por um período, a partir de meados de outubro, chegou a ser uma por dia, incluindo quatro ataques somente no dia 27 de outubro. Parece que sangue exige mais sangue. E a zona de caça se expandiu das águas do Caribe, em frente à Venezuela, para as costas da Colômbia e do Peru, no Oceano Pacífico.

Muitos motivos poderiam explicar a compulsão de Trump para matar. Talvez ele aprecie a emoção e a sensação de poder que advêm da emissão de ordens de execução, ou talvez ele (e seu secretário de Estado, Marco Rubio) espere provocar uma guerra com a Venezuela. Talvez veja os ataques como distrações úteis da criminalidade e da corrupção que definem sua presidência. O assassinato a sangue frio de latino-americanos também serve de munição para os apoiadores vingativos de Trump, criados por guerreiros culturais como o vice-presidente JD Vance, que culpam a crise dos opioides, que infesta desproporcionalmente a base rural republicana, pela “traição” das elites.

Os assassinatos, que Trump insiste serem parte de uma guerra contra os cartéis e os traficantes de drogas, são horríveis. Eles evidenciam a crueldade absoluta de Vance. O vice-presidente chegou a fazer piadas sobre o assassinato de pescadores e afirma que “não se importa” se as chacinas são ilegais ou não. Quanto a Trump, ele descartou a necessidade de autorização do Congresso para destruir lanchas rápidas ou atacar a Venezuela, dizendo: “Acho que vamos matar pessoas. Certo? Vamos matá-las. Elas vão estar, bom, mortas”.

Mas, como acontece com tantas coisas relacionadas a Trump, é importante lembrar que ele não seria capaz de fazer o que faz se não fossem as políticas e instituições criadas por muitos de seus antecessores. Seus horrores têm uma longa história. Na verdade, Donald Trump não está intensificando a guerra contra as drogas; ele está intensificando a escalada dessa guerra.

O que se segue é um breve histórico de como chegamos a um ponto em que um presidente pode ordenar o assassinato em série de civis, compartilhar publicamente vídeos dos crimes e constatar que a resposta de muitos repórteres, políticos (com algumas exceções, como Rand Paul) e advogados tem sido pouco mais do que um encolher de ombros, ou, em alguns casos, um endosso.

Breve história da guerra mais longa

Richard Nixon (1969-1974) foi o primeiro presidente a declarar guerra às drogas. Em 14 de junho de 1971, enquanto a Guerra do Vietnã continuava com toda a sua fúria, Nixon anunciou uma “nova e total ofensiva” contra as drogas. Ele não usou o termo “guerra às drogas”; no entanto, em 48 horas, dezenas de jornais em todo o país já o haviam feito, sugerindo que funcionários da Casa Branca haviam vazado a expressão militarizada para os repórteres.

O apelo de Nixon por uma ofensiva antidrogas foi uma resposta direta a uma reportagem bombástica publicada um mês antes pelo The New York Times, intitulada “O vício em heroína nas Forças Armadas: uma epidemia no Vietnã”. Dezenas de milhares de soldados estadunidenses eram viciados e, em algumas unidades, foi relatado que 50% das tropas usavam heroína.

Em coletivas de imprensa, Nixon não era mais questionado apenas sobre quando e como planejava encerrar a guerra no Vietnã, mas também se os usuários de drogas nas Forças Armadas seriam enviados para reabilitação ou punidos. O que ele pretendia fazer, perguntou um repórter, em relação aos “soldados que retornavam do Vietnã viciados em heroína”.

O que Nixon fez foi lançar o que hoje poderíamos considerar um segundo ato da guerra, uma expansão global das operações militares, desta vez focadas não em comunistas, mas na maconha e na heroína.

Em 1973, pouco depois da saída do último soldado combatente do Vietnã do Sul, Nixon criou a Agência de Combate às Drogas (DEA). A primeira operação em larga escala no México apresentou uma semelhança assustadora com a do Vietnã. A partir de 1975, agentes estadunidenses infiltraram-se no norte do México, juntando-se à polícia local e às forças armadas para realizar varreduras militares e fumigações aéreas. Um relatório descreveu a operação como uma campanha terrorista de execuções extrajudiciais e tortura contra produtores rurais de maconha e ópio, em sua maioria agricultores pobres.

A campanha tratou todos os moradores das aldeias como “inimigos internos”. Sob o pretexto de combater as drogas, as forças de segurança mexicanas, munidas de informações da DEA e da CIA, reprimiram impiedosamente ativistas camponeses e estudantis. Como escreveu a historiadora Adela Cedillo, em vez de limitar a produção de drogas, a campanha levou à sua concentração nas mãos de algumas organizações paramilitares hierarquicamente estruturadas que, no final da década de 1970, começaram a ser conhecidas como “cartéis”.

Assim, o primeiro campo de batalha totalmente militarizado da guerra contra as drogas ajudou a criar os próprios cartéis que a atual versão da guerra contra as drogas combate.

Gerald Ford (1974-1977) respondeu à pressão do Congresso — especialmente do democrata nova-iorquino Charles Rangel — adotando uma estratégia “pelo lado da oferta”, atacando a produção de drogas em sua origem (em vez de tentar reduzir a demanda interna). Embora os países do Sudeste Asiático, juntamente com Afeganistão, Paquistão e Irã, fossem os principais fornecedores de heroína para os Estados Unidos, os mexicanos, fornecedores de maconha há muito tempo, começaram a cultivar papoula para atender à demanda dos veteranos do Vietnã viciados em heroína. Em 1975, eles forneciam mais de 85% da heroína que entrava nos Estados Unidos. “A situação no México não está boa”, disse um assessor da Casa Branca a Ford em preparação para uma reunião com Rangel.

Ford intensificou as operações da DEA na América Latina.

Jimmy Carter (1977–1981) apoiou a legalização da maconha para uso pessoal e, em seus discursos e pronunciamentos, enfatizou o tratamento em vez da punição. No exterior, porém, a DEA continuou a expandir suas operações (logo teria 25 escritórios em 16 países da América Latina e do Caribe).

Ronald Reagan (1981–1989) governou durante uma época em que a política de drogas tomou um rumo surreal ao fortalecer os laços entre a política de direita e as drogas ilícitas.

Mas vamos voltar um pouco no tempo. A convergência entre a política de direita e as drogas começou no final da Segunda Guerra Mundial, quando, segundo o historiador Alfred McCoy, a inteligência estadunidense na Itália passou a depender do crescente cartel internacional de drogas do chefe do crime Lucky Luciano, que se estendia do Mediterrâneo ao Caribe e de Istambul a Havana, para realizar operações secretas contra o comunismo. Em 1959, após a Revolução Cubana ter posto fim ao lucrativo comércio de drogas na ilha, os traficantes migraram para outras partes da América Latina ou para os Estados Unidos, onde também aderiram à causa anticomunista.

A CIA, então, utilizou esses gângsteres exilados em operações destinadas a desestabilizar o governo de Fidel Castro e minar o movimento contra a guerra nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a CIA operava sua própria companhia aérea, a Air America, no Sudeste Asiático, que traficava ópio e heroína para financiar a guerra secreta da agência no Laos. E o FBI notoriamente usou o pretexto do combate às drogas para “expor, desestabilizar, confundir, desacreditar ou neutralizar de outras formas” dissidentes políticos, incluindo os Panteras Negras. Por exemplo, trabalhou com a polícia local em Buffalo, Nova York, para incriminar o ativista afro-americano Martin Sostre, que dirigia uma livraria que se tornara um centro da política negra radical da cidade. Ele foi preso sob a falsa acusação de vender heroína.

A criação da Agência Antidrogas (DEA) por Nixon uniu esses fios, e seus agentes trabalharam em estreita colaboração com o FBI nos Estados Unidos e a CIA na América Latina. Quando, após a derrota na Guerra do Vietnã, o Congresso tentou controlar a CIA, seus agentes usaram a extensa rede da DEA no exterior para continuar suas operações secretas.

Quando Reagan chegou à presidência, a produção de cocaína na região andina da América Latina estava em plena expansão, com uma dinâmica curiosa em jogo: a CIA trabalhava com governos repressivos de direita envolvidos na produção de coca, ao mesmo tempo em que a DEA trabalhava com esses mesmos governos para suprimir a produção de coca. Essa dinâmica foi perfeitamente capturada já em 1971 na Bolívia, quando a CIA ajudou a derrubar um governo moderadamente de esquerda, no primeiro de uma série de golpes que ficaram conhecidos como “golpes da cocaína”.

Os “coronéis da cocaína” da Colômbia receberam então todo o dinheiro que Washington estava disposto a oferecer para travar sua própria versão da guerra contra as drogas, enquanto facilitavam a produção de cocaína para exportação. Em 1980, o presidente Carter suspendeu o financiamento para operações antidrogas na Bolívia, mas Reagan o restabeleceu em 1983.

A ascensão do ditador chileno Augusto Pinochet seguiu a mesma dinâmica. Pinochet apresentou, em parte, seu golpe de Estado contra o presidente socialista Salvador Allende, em 1973, apoiado pela CIA, como uma frente da guerra às drogas de Nixon. Trabalhando em estreita colaboração com a DEA, torturou e matou traficantes de drogas e ativistas políticos como parte da onda de repressão que se seguiu ao golpe. Enquanto isso, seus aliados começaram a “traficar drogas impunemente”: a família Pinochet lucrou milhões de dólares com a exportação de cocaína para a Europa (com a ajuda de agentes de suas infames forças de segurança).

Uma vez no cargo, Reagan começou a intensificar a guerra às drogas, assim como fizera com a Guerra Fria... e a ligação entre cocaína e política de direita se fortaleceu. O cartel de Medellín doou milhões de dólares para a campanha de Reagan contra o governo sandinista da Nicarágua. As conexões eram obscuras e conspiratórias, parte do que McCoy chamou de “submundo secreto”, tornando fácil se perder na toca de coelho da rede secreta de figuras públicas e privadas que tentavam rastreá-los, mas detalhes podem ser encontrados em reportagens de Gary Webb, Robert Parry, Leslie Cockburn, Bill Moyers, John Kerry e no programa 60 Minutes da CBS, entre outros.

George H.W. Bush (1989-1993) adotou ações muito semelhantes às de Trump ao apresentar seus argumentos ao público sobre a necessidade de intensificar a guerra contra as drogas. Ele ordenou que a DEA fosse à parte mais pobre de Washington para prender um traficante de drogas afro-americano de baixo escalão, Keith Jackson, e o pagou para ir à Casa Branca vender 85 gramas de crack para um agente disfarçado. Bush então exibiu as drogas na televisão nacional para ilustrar como era fácil comprar narcóticos. Jackson, um estudante do ensino médio, passou oito anos na prisão para que Bush pudesse encenar seu programa de televisão.

Na sequência, o presidente aumentou o financiamento para a guerra contra as drogas, expandindo as operações militares e de inteligência nos Andes e no Caribe. Esses foram os anos do esquadrão antinarcóticos em Miami, quando os esforços para suprimir o tráfico de drogas na Flórida apenas fizeram com que as rotas se deslocassem para o interior, através da América Central e do México. A principal contribuição de Bush para a guerra contra as drogas foi a Operação Justa Causa, na qual, poucas semanas após a queda do Muro de Berlim no final de 1989, ele enviou 30.000 fuzileiros navais ao Panamá para prender o autocrata Manuel Noriega sob acusações de tráfico de drogas. Noriega havia sido um agente da CIA quando Bush era diretor da agência, mas com o fim da Guerra Fria, sua serventia tinha acabado.

Bill Clinton (1993-2001) intensificou as políticas de “tolerância zero” contra as drogas de seu antecessor. Manteve as penas mínimas obrigatórias e aumentou o número de pessoas cumprindo pena de prisão por crimes relacionados às drogas.

Em seu último ano de mandato, Clinton desenvolveu o Plano Colômbia, que injetou bilhões de dólares adicionais para o combate ao tráfico de drogas, mas com uma peculiaridade: a privatização. Washington concedeu contratos a empresas mercenárias para realizar operações em terra. A DynCorp forneceu pilotos, aeronaves e produtos químicos para a erradicação aérea das drogas (que teve consequências ambientais terríveis) e trabalhou em estreita colaboração com os militares colombianos. Uma nova empresa do ramo cibernético, a Oakley Networks, agora parte da Raytheon, também recebeu financiamento do Plano Colômbia para fornecer “software de vigilância por internet” à Polícia Nacional da Colômbia, que usou a tecnologia para espionar ativistas de direitos humanos.

O Plano Colômbia levou à morte de centenas de milhares de civis e à devastação ambiental generalizada. O resultado? As estimativas variam, mas acredita-se que a área dedicada ao cultivo de coca na Colômbia seja agora aproximadamente o dobro daquela no início do Plano Colômbia, em 2000, e que a produção de cocaína tenha dobrado.

George W. Bush (2001-2009) intensificou ainda mais a guerra contra as drogas, aumentando o financiamento para seu combate tanto em âmbito nacional quanto internacional. Pressionou o presidente mexicano Felipe Calderón a lançar seu próprio ataque militar brutal contra os cartéis das drogas. Quando Calderón deixou o cargo, as forças de segurança e os cartéis, em conjunto, haviam matado ou feito desaparecer dezenas de milhares de mexicanos.

Conceitualmente, Bush vinculou sua guerra global contra o terror pós-11 de setembro à guerra global contra as drogas. “O narcotráfico financia o mundo do terror”, declarou.

Barack Obama (2009-2017), assim como o ex-presidente Carter, enfatizou o tratamento em vez do encarceramento. Contudo, não fez nada para reduzir a escala da guerra às drogas, continuando a financiar o Plano Colômbia e a expandir o Plano Mérida, criado por seu antecessor para combater os cartéis na América Central e no México.

Em fevereiro de 2009, três ex-presidentes do Brasil, México e Colômbia — Fernando Cardoso, Ernesto Zedillo e César Gaviria, respectivamente — publicaram um relatório intitulado “Drogas e Democracia: Rumo a uma Mudança de Paradigma”, que pedia o fim da guerra às drogas e propunha a descriminalização e o tratamento do uso de drogas como uma questão de saúde pública. Os autores eram políticos tradicionais, e Obama poderia ter usado o relatório inédito para ajudar a construir um novo consenso de saúde pública sobre o uso de drogas. Mas, em geral, a Casa Branca, sob sua liderança, ignorou o relatório.

Donald Trump (2017–2021) aumentou o financiamento de alto nível para as operações militarizadas de combate às drogas na fronteira e no exterior, exigindo a pena de morte para os traficantes. Ele também cogitou a ideia de lançar “mísseis no México para destruir os laboratórios de drogas”, mas de forma “discreta”, para que “ninguém soubesse que éramos nós quem estava realizando a operação”.

Durante seu primeiro mandato, Trump apresentou um primeiro esboço, hoje amplamente esquecido (pelo menos nos Estados Unidos), para o assassinato de civis em embarcações. Em 11 de maio de 2017, agentes da DEA e seus colegas hondurenhos, a bordo de uma embarcação no rio Patuca, abriram fogo contra um táxi aquático com 16 passageiros. Um agente da DEA em um helicóptero ordenou que um soldado hondurenho abrisse fogo com sua metralhadora contra o táxi. Quatro pessoas morreram, incluindo um jovem e duas mulheres grávidas, enquanto outras três ficaram gravemente feridas. Dez agentes estadunidenses estavam envolvidos no incidente; nenhum deles sofreu quaisquer consequências pelo massacre.

Joe Biden (2021–2025) apoiou, em princípio, a redução da intensidade da fumigação aérea relacionada ao narcotráfico na Colômbia e, de fato, diminuiu o financiamento. Também concedeu indultos a milhares de pessoas condenadas por acusações federais relacionadas à maconha. No entanto, assim como presidentes anteriores, ele continuou financiando as operações da DEA e militares na América Latina.

Donald Trump (2025–?) abriu uma nova frente na guerra contra os cartéis de drogas mexicanos na Nova Inglaterra. A DEA, em colaboração com o ICE e o FBI, afirma que em agosto fez 171 “prisões de alto nível” de “membros do cartel de Sinaloa” nos estados de Massachusetts e New Hampshire. No entanto, a equipe investigativa Spotlight do Boston Globe relatou que a maioria dos presos estava envolvida em “vendas de drogas em pequena escala” ou eram simplesmente viciados, sem nenhuma ligação com o cartel de Sinaloa.

Trump insiste que a “guerra contra as drogas” não é uma metáfora, mas uma guerra real, e que, como tal, lhe confere poderes extraordinários em tempos de guerra, incluindo a autoridade para bombardear o México e atacar a Venezuela.

Diante desse histórico, quem se oporia? Ou pensaria que tal guerra só poderia terminar mal... ou, aliás, nunca terminar?

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