Guerra em Gaza fragiliza economia israelense, gera fuga de talentos e isolamento internacional

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07 Outubro 2025

Por anos, o Estado de Israel foi celebrado como o “país das startups” e referência global em inovação tecnológica. Entretanto, os dois anos de guerra contra o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza, em retaliação ao ataque de 7 de outubro de 2023, criaram uma fase de turbulência na economia israelense, tensões com o Irã e o afastamento de parceiros históricos. A retração do crescimento, a saída de profissionais qualificados e o isolamento diplomático colocam em xeque um modelo antes considerado exemplar.

A reportagem é de Stéphane Geneste, publicada por Rfi, 06-10-2025.

Israel abriga grandes empresas de tecnologia, exporta softwares, equipamentos médicos e soluções de cibersegurança. No entanto, desde o início do conflito com o Hamas, os indicadores econômicos vêm piorando. No último trimestre, o PIB israelense caiu significativamente, o consumo das famílias recuou, os investimentos privados diminuíram e a produção desacelerou.

As projeções para 2025 são pouco animadoras: crescimento de apenas 1%, após 0,9% em 2024 – bem distante dos 6,5% registrados em 2022. A inflação gira em torno de 3% e o déficit fiscal aumentou. Para conter a desvalorização do shekel – a moeda local –, o Banco Central precisou injetar mais de US$ 30 bilhões no mercado cambial.

Além disso, cerca de 170 mil pessoas deixaram o país desde 2023, muitas delas jovens com ensino superior, o que agrava a sensação de instabilidade e compromete a força de trabalho qualificada.

Investidores se afastam e parcerias internacionais são revistas

A fragilidade econômica vem acompanhada de uma perda de confiança por parte de parceiros estrangeiros. O investimento direto externo caiu, financiamentos internacionais foram congelados e contratos importantes estão sendo revistos. A União Europeia, principal parceiro comercial de Israel, cogita reduzir colaborações estratégicas – um sinal preocupante para uma economia fortemente dependente do comércio com o bloco.

O fundo soberano da Noruega, por exemplo, se desfez de ações em empresas israelenses do setor de defesa. Nos Estados Unidos, gigantes como a Microsoft estão reavaliando sua presença no país, pressionados pela opinião pública. Até aliados tradicionais, como a Colômbia, buscam alternativas: Bogotá apresentou recentemente seu primeiro fuzil de assalto produzido localmente, após encerrar compras de armamentos israelenses.

Esses movimentos criam um efeito dominó: a perda de apoio político, capital estrangeiro e mercados estratégicos enfraquece o crescimento israelense e ameaça sua posição internacional.

Impacto direto na vida dos israelenses

O isolamento também afeta o cotidiano da população. O custo de vida continua alto e há risco de aumento de impostos para cobrir gastos militares e o rombo fiscal. A queda na atratividade econômica e a saída de talentos podem levar ao fechamento de empresas e ao crescimento do desemprego.

Israel ainda possui vantagens competitivas – como expertise tecnológica e uma economia diversificada –, mas seu futuro depende cada vez mais das decisões políticas e diplomáticas de seus líderes. Reconquistar a confiança internacional será essencial para evitar que o atual isolamento comprometa de forma duradoura o modelo econômico do país.

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