03 Outubro 2025
O principal sindicato da Itália, CGIL, está convocando uma greve para esta sexta-feira contra o ataque do Estado israelense à Flotilha Sumud Global. O presidente italiano, Giorgia Meloni, afirma que os trabalhadores estão simplesmente "esperando um feriado prolongado".
A reportagem é publicada por El Salto, 02-10-2025.
A Itália se prepara para uma paralisação total na sexta-feira. O maior sindicato italiano, o CGIL, anunciou uma greve geral após o chamado inicial de mobilização do SI Cobas em protesto contra o apresamento da Flotilha Global Sumud em alto mar, que tentava entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Outros grupos, como o USB Central, aderiram à decisão, e espera-se que a mobilização afete os setores de transporte, portos, escolas e serviços públicos em todo o país.
A ação do sindicato é uma resposta imediata ao incidente ocorrido na manhã de quinta-feira: as forças israelenses já interceptaram a maioria dos navios da flotilha. Segundo o Estado israelense, os detidos serão transferidos para o porto de Ashdod, incluindo cidadãos italianos e ativistas internacionais, incluindo cidadãos espanhóis.
Maurizio Landini, secretário-geral da CGIL, alertou que um ataque israelense à Flotilha seria considerado "um ato de guerra" e que tal ataque não pode passar sem contestação. Em seu apelo, o sindicato enfatiza que não se trata de uma mobilização dirigida exclusivamente ao governo israelense, mas sim de um protesto na Itália contra o que considera uma "violação do direito internacional e dos direitos humanos".
Por sua vez, a União Sindálica de Base (USB) reafirmou seu apoio à greve geral e exigiu o rompimento de relações com Israel, acusando-o de manter um "Estado genocida" sobre Gaza. O protesto foi anunciado antes mesmo da interceptação, como medida preventiva caso Israel decidisse agir contra a flotilha.
Mobilizações em massa e tensão social
Desde a noite de quinta-feira, protestos espontâneos vêm ocorrendo em muitas cidades italianas. Em Roma, mais de 15.000 pessoas se reuniram perto da estação Termini, tentando avançar em direção ao Palazzo Chigi, a sede do governo, mas o caminho foi bloqueado por forte presença policial. Em outras cidades, como Milão, Nápoles e Gênova, bloqueios de estações de trem e atos semelhantes de solidariedade foram relatados.
Partidos de oposição e movimentos sociais aderiram ao apelo. A manifestação planejada para sábado em Roma permanece em alerta, com a expectativa de novas mobilizações caso a greve não consiga deter a intervenção militar israelense.
O ministro da Infraestrutura e Transportes, Matteo Salvini, rejeitou a legitimidade da greve sem aviso prévio, alertando que a convocação estava fora do quadro legal e acusando os sindicatos de "incitar o caos". Enquanto isso, a presidente italiana, Giorgia Meloni, disse que os trabalhadores "não querem paz" e estão apenas "procurando um feriado prolongado".
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