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Opção preferencial pelos machos: masculinismo católico e os padres fitness. Artigo de Renan Dantas e Tabata Tesser

Foto: Pexels/Canva

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06 Setembro 2025

"A “opção preferencial pelos machos” é mais que um trocadilho: é um sintoma. Ao investir em estética, musculatura e disciplina como signos centrais da masculinidade católica, parte do catolicismo, especialmente sua ala patriarcal, aposta num marketing identitário voltado a nichos conservadores".

O artigo é de Renan Dantas e Tabata Tesser, ambos integram como pesquisadores o Laboratório de Antropologia da Religião (LAR/Unicamp).

Renan Dantas é doutorando em Ciências Sociais pela Unicamp. Mestre em Antropologia Social também pela Unicamp.

Tabata Tesser é doutoranda em Sociologia pela USP. Mestra em Ciência da Religião pela PUC-SP.

Eis o artigo.

Durante décadas, a Teologia da Libertação na América Latina popularizou a noção de “opção preferencial pelos pobres” como síntese da missão social da Igreja. Em outros círculos católicos, parece que essa opção foi substituída por outra: uma “opção preferencial pelos nobres”, herdeira de um catolicismo aristocrático, hierárquico e marcadamente patriarcal. A fórmula ecoa o pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira, que defendia a neocristandade católica sob a condução de uma elite dirigente capaz de guiar os destinos da nação. Contrário à influência marxista e às pastorais sociais, Plínio não apenas confrontou a Teologia da Libertação, mas também articulou um projeto de Igreja voltado aos “melhores”, no sentido social, moral e estético, substituindo a ênfase nos pobres pela exaltação de uma “nobreza” espiritual e política.

Se no século XX esse imaginário se traduzia em liturgia solene, disciplina moral e defesa da ordem, no século XXI ele reaparece embalado por estética digital e musculatura definida. Ao sermos impactados por algoritmos do catolicismo conservador, no contexto de nossas pesquisas em páginas católicas conservadoras nas redes sociais, observamos florescer um estoicismo católico que celebra a disciplina, o autocontrole e a força como virtudes masculinas ideais para o clero e para leigos militantes. Para eles, falar de whey, crossfit e alimentação saudável é tão importante quanto clamar pela volta da missa tridentina.

Um exemplo emblemático é o do padre italiano Giuseppe Fusari, o “padre fisiculturista”: 58 anos, músculos definidos, mais de 60 mil seguidores no Instagram e a convicção de que “as mídias sociais são uma forma real de evangelização”. Numa reportagem sobre padres fitness, o jornalista Paolo Rodari mostra que, enquanto na Europa e na Itália esse fenômeno ainda é discreto, com poucos padres praticando boxe ou musculação intensa, nos Estados Unidos é comum encontrar sacerdotes que passam horas na academia para levar seu corpo “a um nível extremo de desenvolvimento espiritual”. O teólogo Massimo Faggioli analisa que essa prática não é apenas um hobby saudável, ela visa contrapor-se, de forma simbólica, à cultura queer, reafirmando um vínculo estreito entre sacerdócio e virilidade.

Nos EUA, há quem associe esses padres a uma corrente de machismo teológico. Ainda segundo Faggioli, o fenômeno dos padres fisiculturistas combina o catolicismo tradicional-devocional com o uso das novas mídias sociais, como parte de uma tentativa da Igreja de recuperar o contato com um mundo juvenil amplamente pós-cristão. Mas também expressa uma certa ansiedade do clero católico em fornecer provas visíveis que tranquilizem (os outros e a si mesmos) sobre a masculinidade do padre, uma tentativa de rejeitar a cultura queer, de gênero e da fluidez das identidades sexuais. No entanto, é evidente que se trata de um universo no qual, há algum tempo, está em crise uma retórica de fachada sobre a suposta forte masculinidade de padres e seminaristas.

Esse projeto de virilidade também se ancora no discurso do bem-estar e da saúde, um tema legítimo, mas que, no contexto católico conservador, pode vir carregado de gordofobia e de reforço de padrões estéticos excludentes. Leigos e religiosos reproduzem o ideal físico “boneca Barbie” para possíveis namoradas e esposas, e “guerreiro aristocrático” para homens futuros maridos, associando forma física à pureza moral. Embora institucionalmente casta, essa estética não deixa de flertar com a sexualização: músculos, tatuagens e poses cuidadosamente enquadradas para redes sociais comunicam um tipo de atratividade controlada, suficiente para chamar atenção, mas enquadrada no discurso religioso.

Na vertente do catolicismo carismático, há também iniciativas que dialogam diretamente com essa lógica. Um exemplo é o Jovens Sarados, criado pela Canção Nova em 2008, definido pelo movimento como “a academia para a sua alma”. A expressão “jovens sarados”, na linguagem popular, remete ao cuidado com o físico, à boa aparência e à estética corporal. Aqui, a metáfora da academia espiritual se constrói sobre um imaginário já consolidado na cultura contemporânea, no qual saúde física e espiritual são apresentadas como indissociáveis, reforçando a convergência entre culto ao corpo e missão religiosa.

Essa construção estética dialoga diretamente com o projeto político-cultural do conservadorismo católico. No Brasil, Renan Santos, do Movimento Brasil Livre (MBL), celebrou no YouTube o que chamou de “ressurgimento da Igreja Católica”, apoiando-se em dados do Pew Research Center, ainda que a pesquisa citada não tratasse exclusivamente do catolicismo. Santos apontou para páginas como a TradWest, que combinam memes, referências às Cruzadas e imagens de virilidade heroica para atrair a geração Z.

Essa retórica encontra eco em influenciadores e figuras religiosas, como Guilherme Freire, que idealiza jovens católicos “aristocráticos e guerreiros”, praticantes de jiu-jitsu e artes marciais; o Padre Paulo Ricardo, recém-faixa preta de karatê, exemplo de disciplina marcial; e o Frei Gilson, que reforça sua presença midiática com vídeos jogando futebol. A estética é nítida: tradição ocidental, musculatura e disciplina física como símbolos da verdadeira identidade católica, em oposição à fluidez de gênero e ao pluralismo moral. Como não lembrar do Padre Fábio de Melo, o “galã padre” da Globo, amado por uns e odiado por outros, e também da retomada da vida fitness do Padre Marcelo Rossi, que transformou sua própria mudança física em parte de seu testemunho público.

Ao mesmo tempo, até mesmo dentro do campo conservador e tradicionalista surgem contra vozes que denunciam certa idealização artificial da masculinidade. Críticos comentam sobre como certos influenciadores vendem uma vida católica gourmetizada, que mistura empreendedorismo de sucesso, corpo atlético, grande prole e erudição enciclopédica como se fossem requisitos indispensáveis da fé. Nesse modelo, ser católico significaria alcançar uma plenitude terrena de felicidade e performance.

A “opção preferencial pelos machos” é mais que um trocadilho: é um sintoma. Ao investir em estética, musculatura e disciplina como signos centrais da masculinidade católica, parte do catolicismo, especialmente sua ala patriarcal, aposta num marketing identitário voltado a nichos conservadores. Mas essa estratégia dificilmente responde aos desafios pastorais reais e corre o risco de reduzir a masculinidade católica a um projeto de masculinismo revestido de devoção.

Se o catolicismo quer falar às novas gerações de forma significativa, precisará ir além da imagem do padre sarado e do guerreiro aristocrático, patriarca da prole, faixa preta em jiu-jitsu e empresário de sucesso. É preciso pensar a masculinidade como prática de justiça social, refletir sobre os papéis de gênero e sexualidade, questioná-los. No limite, é preciso evitar que a defesa da tradição seja reduzida a uma mera performance corporal e estética.

Referências

  • SBARDELOTTO, Moisés. O fenômeno dos padres fisiculturistas e estrelas das redes sociais. Disponível aqui.
  • Jovens Sarados: a academia pra sua alma. Disponível aqui.

Leia mais

  • O fenômeno dos padres fisiculturistas e estrelas das redes sociais
  • 'Redes sociais deixam sociedade mais vulnerável'
  • Papa Francisco. “Há bispos e padres que usam batina, mas vivem uma grande hipocrisia”
  • Teólogos refletem sobre o culto do corpo
  • Espiritualidade contemporânea
  • Padres ornamentados: o que isso nos diz?
  • Como os smartphones e as mídias sociais estão mudando o cristianismo
  • As armadilhas de uma teologia de gênero na Igreja
  • @Pontifex e os sacros tuítes: As redes sociais digitais segundo Bento XVI
  • ‘Homens são aprisionados por ideia de masculinidade inatingível’, afirma antropóloga
  • É possível exercer formas mais saudáveis de masculinidade?
  • Masculinidades frágeis e inseguras. Artigo de Carolina Pulido
  • Os homens se tornaram culturalmente redundantes? Por uma nova visão de masculinidade
  • Um rosário só para homens como "expressão da fé católica e recuperação da masculinidade"
  • Procurando conselhos sobre masculinidade? Tente São José e ignore Jordan Peterson
  • Querida Amazônia e o resistente etnocentrismo: onde está o teu irmão indígena? Artigo de Gabriel Vilardi 

 


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