02 Setembro 2025
Insultos no gabinete de guerra entre o general Zamir e os extremistas Smotrich e Ben Gvir.
A informação é de Fabio Tonacci, publicada por la Reppublica, 02-09-2025.
Mais 98 mortos sob as bombas. Estudiosos do genocídio: "É isso que está acontecendo agora".
A tensa reunião noturna do Gabinete de Segurança de Israel, que terminou com insultos entre os ministros mais extremistas e o chefe de Gabinete Eyal Zamir, um falcão que parece uma pomba na presença dos messiânicos Ben-Gvir e Smotrich, revela quão profunda é a cisão interna dentro do estado judaico.
Zamir disse claramente aos ministros que o exército não está disposto a se tornar o futuro governo militar da Faixa de Gaza, mesmo que, após a Cidade de Gaza, seja solicitado a ocupar os campos de refugiados na região central. "Vocês querem nos arrastar para lá; tentem entender quais serão as consequências". Tomar toda a Faixa permitiria que os generais assumissem o controle, liberando assim o governo americano para implementar a ideia de transformar a terra palestina na "Riviera do Oriente Médio", como sugerido pelo projeto GREAT Trust e outros apresentados a Donald Trump.
Zamir, apoiado pelo ministro das Relações Exteriores, Gideon Sa'ar, reiterou a importância de aceitar a proposta do Egito e do Catar — uma trégua de 60 dias em troca da libertação de metade dos reféns restantes, essencialmente a oferta da Casa Branca — já aprovada pelo Hamas há mais de duas semanas. A ministra dos Assentamentos, Orit Strock, chamou Zamir de covarde na frente de todos, citando um versículo da Bíblia. "Alguém está com medo e desanimado? Que vá para casa..." Netanyahu imediatamente prosseguiu, afirmando que não pretendia aprovar acordos parciais. "Um acordo em fases não faz sentido." Segundo a imprensa israelense, o primeiro-ministro usou palavras que teriam sido dadas a ele por Trump: "Esqueça os acordos parciais, entre em Gaza com todas as suas forças e conclua".
O governo, portanto, ignora os avisos do comandante das Forças Armadas e se mostra até incomodado com as hesitações de Zamir, sentindo o cansaço e o baixo moral dos soldados (ontem, outro suicídio ocorreu em uma base perto de Tiberíades: 18 soldados tiraram a própria vida desde o início do ano). Como resultado, documentos confidenciais constrangedores estão vazando cada vez mais das mesas de comando das Forças de Defesa de Israel (IDF).
O Canal 12 revelou o conteúdo de um relatório interno que avalia os resultados da Operação Tanques de Gideon, lançada por Netanyahu após a quebra da trégua na primavera. "Israel fez tudo o que podia na Faixa de Gaza", retomando o conflito, o que o relatório chama de "fracasso" e "contrário à doutrina militar israelense". Segundo a reportagem, a distribuição de alimentos foi "muito mal" planejada e executada, o que "permitiu ao Hamas lançar uma campanha midiática internacional retratando Gaza como um lugar de fome".
O cerco de tanques na Cidade de Gaza avança lentamente, o que impediu o êxodo em massa de seus milhões de moradores, que se refugiaram nos bairros ocidentais próximos ao mar. Ontem, mais 98 palestinos foram mortos, segundo autoridades locais. "As políticas e ações de Israel em Gaza atendem à definição legal de genocídio, prevista no Artigo II da Convenção das Nações Unidas sobre Genocídio", afirma a resolução, aprovada por uma maioria esmagadora (86%) dos 500 membros da Associação Internacional de Estudiosos do Genocídio (IAGS), a principal associação mundial de estudiosos do genocídio.
Por fim, na frente iemenita, Israel aguarda a vingança dos houthis, após a ofensiva da última quinta-feira em Sanaa, que matou o primeiro-ministro do grupo pró-Irã, Ahmed al-Rahawi, e vários ministros. Medidas de segurança extraordinárias foram adotadas para Netanyahu e o ministro da Defesa, Israel Katz. Vários aviões civis decolaram do aeroporto de Tel Aviv, levando à especulação de que se trata de uma medida preventiva em antecipação a um possível ataque. No entanto, não há confirmação oficial de uma retaliação iminente.
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