28 Agosto 2025
A pequena comunidade cristã está tentando resistir à ordem de evacuação com fotos nas redes sociais: "Estamos ficando aqui com as crianças, os idosos e os doentes".
A reportagem é de Francesca Caferri, publicada por La Repubblica, 28-08-2025.
Crianças jogando futebol. Atividades de oratório. As freiras de Madre Teresa com as crianças do orfanato. Os doentes. Não se trata de retórica: é a vida que se desenrolou, apesar de tudo e de todos, dentro do complexo da Igreja Católica da Sagrada Família, em Gaza, nos últimos 22 meses.
As imagens, publicadas pelos padres nas redes sociais da paróquia, hoje têm um tom de despedida. Ontem, as Forças de Defesa de Israel (IDF) continuaram seu avanço sobre a Cidade de Gaza: a paróquia ortodoxa de São Porfírio foi notificada diretamente de uma ordem de evacuação. A paróquia católica, onde também reside a comunidade ortodoxa, não foi notificada: mas a ordem para deixar todo o bairro chegou há três dias, sem exceção. Ontem, também — após a declaração dos Patriarcas Latino e Ortodoxo, Pierbattista Pizzaballa e Teófilo III — os padres e freiras reiteraram que não partirão: os civis envolvidos na administração das instalações permanecerão com eles. Um comunicado da paróquia especifica isso. "Desde o primeiro dia, temos feito todos os esforços para servir os refugiados dentro da igreja e a comunidade fora dela: continuaremos."
No cerne dessa determinação — além da fé — está o mundo destas fotos: os idosos, os doentes crônicos, as crianças órfãs ou aqueles que sofrem de doenças incuráveis que foram acolhidos pelas freiras bem antes de outubro de 2023 e que não podem ser evacuados em nenhuma circunstância. Para todos eles, o complexo representava um oásis de quase normalidade e quase segurança em meio à tragédia da Faixa de Gaza. O que será deles agora é impossível de saber.
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