22 Agosto 2025
O Padre Gabriel Romanelli e a comunidade de 450 pessoas que, juntamente com ele e seus padres, estão sitiadas na Paróquia da Sagrada Família, na Cidade de Gaza, desde o início do ataque israelense, estão agora resignados à ansiedade, ao risco e à atmosfera de perigo iminente. No entanto, as tensões dentro e ao redor do complexo raramente foram tão altas.
A reportagem é de Francesca Caferri, publicada por La Repubblica, 22-08-2025.
"Toda a Faixa de Gaza é perigosa. Ainda mais a Cidade de Gaza. Ouvimos bombardeios constantes. Alguns distantes, outros mais próximos. Estilhaços caem com frequência. Esta manhã, houve explosões na extremidade sul dos bairros de El Zeytoun e Shujaiah, a cerca de 400 a 500 metros da paróquia", escreveu em suas redes sociais o padre argentino de 55 anos, que ficou ferido em julho quando um projétil de tanque atingiu a igreja, matando três das pessoas abrigadas no complexo, na noite passada. "Infelizmente, a guerra não apenas continua, como entrou em uma nova e terrível fase. As necessidades de todos os tipos para toda a população civil de Gaza são urgentes." "Não houve nenhuma ordem de evacuação nesta parte do nosso bairro. Esta área chamada 'Cidade Velha', ainda dentro do bairro maior de El Zeytoun, não recebeu nenhuma ordem de evacuação", concluiu.
Um "não" escrito em letras garrafais, para desmentir os falsos rumores que circularam nos últimos dias sobre uma ordem de evacuação que chegou à paróquia. Mas a negação não é suficiente para acalmar a população sobre o que pode acontecer à pequena comunidade, até agora protegida pela intervenção direta do Vaticano, e aos que vivem ao seu redor e que, até agora, conseguiram sobreviver — também graças à ajuda mútua dos padres. Em primeiro lugar, os pacientes e médicos do Hospital Anglicano, localizado a poucas centenas de metros das instalações.
Há meses, tanto no Vaticano quanto nos escritórios do Patriarcado Latino de Jerusalém, que supervisiona a paróquia, vêm sendo discutidos sobre o que fazer se, como parece estar acontecendo atualmente, a área da igreja também se tornar um campo de batalha. O próprio Padre Romanelli descartou repetidamente a possibilidade de sair. "Mesmo que quiséssemos, seria impossível", respondeu ele na última vez que o questionamos sobre esse ponto. "Há crianças com doenças crônicas aqui, pessoas acamadas e muitos idosos: eles não podem sair, morreriam. E nem nós, padres, nem as Irmãs de Madre Teresa que cuidam deles estamos dispostos a abandoná-los."
Uma preocupação especial são as mais de 50 "crianças borboleta", que sofrem de uma doença genética de pele e não podem se mover porque morreriam: as freiras cuidam delas há anos, bem antes do início desta guerra.
Então, o que fazer? Por enquanto, o Vaticano e o Patriarcado estão monitorando a evolução da crise, cientes de que pouco podem fazer além de administrar as consequências das decisões tomadas por outros. E estão cientes de que qualquer proposta de ação "humanitária" para evacuar os vulneráveis não pode se limitar à comunidade cristã, mas deve necessariamente incluir os feridos e doentes nos hospitais ao redor e em todo o restante da Faixa de Gaza. Esta é uma possibilidade que Israel até agora se recusou a considerar, mas que hoje, especialmente à luz da ordem de evacuação emitida para as unidades de saúde, se torna ainda mais urgente.