28 Agosto 2025
- Estamos abrindo novas portas e atitudes pastorais que permitem a compreensão e nos fazem sentir como caminhantes da esperança.
- As comunidades cristãs, além de acolher, devem promover uma cultura de diálogo, acompanhamento e inclusão daqueles que desejam caminhar na Igreja.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 24-08-2025.
"Pedimos ao Senhor que nos dê sabedoria e prudência para fomentar uma Igreja onde nos escutamos uns aos outros, de portas abertas, acolhedora e fraterna, capaz de caminhar com respeito, compaixão e delicadeza", sabendo que "nunca faremos o suficiente para alcançar a qualidade e o calor do acolhimento de Jesus". O cardeal de Madri e vice-presidente da Conferência Episcopal, José Cobo, quis estar presente na celebração da Assembleia da Rede Global de Católicos Arco-Íris (GNRC), que esta semana elegeu a cidade como capital mundial dos cristãos LGTBIQ+, com uma "calorosa saudação" em forma de carta, lida ontem durante a celebração de uma comovente vigília de oração ecumênica nos Jardins da Ermida da Virgen del Puerto.
Em sua carta, o cardeal enfatiza como "em seus encontros, Cristo soube revelar a humanidade de cada pessoa, revelando inclusive feridas e sofrimentos, relegando a segundo plano todas as outras considerações", algo que ainda precisa ser feito na Igreja em relação à comunidade LGBTQ+. Nesse sentido, tanto o encontro que Cobo realizou com os responsáveis pelo evento há algumas semanas, quanto sua intenção de estar presente, representam um passo à frente. Assim como o "Jubileu das Pessoas com Orientações Sexuais Diversas e Suas Famílias", que acontecerá em Roma em outubro, e que Cobo também acolhe com satisfação. Ou a participação no evento, entre outras, das teólogas María Luisa Berzosa e Cristina Inogés.
"No contexto deste Ano Jubilar, em que a Igreja abre suas portas àqueles que caminham juntos na esperança, espero que este evento que vocês prepararam sirva para prepará-los intensamente para 'entrar pela Porta Santa', e que isso os leve a um encontro mais profundo com Cristo", escreve o Cardeal de Madri. "É Ele quem acompanha e sustenta incondicionalmente nossas vidas. Ele nos conhece muito melhor do que nós mesmos. Confio vocês a Ele e peço que esta Assembleia dê frutos abundantes no serviço de anunciar a alegria do Evangelho em todos os contextos", acrescenta.
“Independentemente da complexidade das situações e do nosso mundo, a centralidade da pessoa e da sua dignidade deve ser normativa para todos os cristãos”, observa Cobo, que apela às “comunidades cristãs, também elas a caminho e desejosas de evitar todo o tipo de discriminação injusta e processos que nos desumanizam, que, além do acolhimento, promovam uma cultura do diálogo, do acompanhamento e da inclusão efetiva daqueles que desejam caminhar na Igreja”.
“Para isso, estamos abrindo novas portas e novas atitudes pastorais que permitam compreender e nos façam sentir a todos como caminhantes de esperança”, conclui o Cardeal de Madri, que deseja aos participantes do encontro “uma assembleia frutífera e um diálogo iluminado pelo Espírito Santo”.

Carta à Assembleia da Rede Mundial dos Católicos Arco-Íris. (Foto: Arquidiocese de Madri)
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