15 Agosto 2025
O artigo é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, publicado por Religión Digital, 11-08-2025.
A palavra "amor" é assustadora até de se pronunciar. É tão corrompida que abrange o melhor e o pior, o mais sublime e o mais vil. No entanto, o amor está sempre na fonte de toda vida saudável, despertando e fomentando o que há de melhor em nós.
Quando falta amor, falta o fogo que move a vida. Sem amor, a vida se esvai, vegeta e, eventualmente, se extingue. Aqueles que não amam tornam-se cada vez mais retraídos e isolados. Giram loucamente em torno de seus problemas e ocupações, ficam presos nas armadilhas do sexo e caem na rotina do trabalho diário: falta-lhes a força motriz que impulsiona a vida.
O amor está no centro do Evangelho, não como uma lei a ser disciplinada, mas como o "fogo" que Jesus deseja ver "arder" na Terra, para além da passividade, da mediocridade ou da rotina da boa ordem. Segundo o Profeta da Galileia, Deus está próximo de nós, buscando fazer germinar, crescer e frutificar o amor e a justiça do Pai. Essa presença de um Deus que não fala de vingança, mas de amor apaixonado e justiça fraterna, é o aspecto mais essencial do Evangelho.
Jesus vê o mundo repleto da graça e do amor do Pai. Essa força criativa é como um pequeno fermento que deve fermentar a massa, um fogo aceso que incendiará o mundo inteiro. Jesus sonha com uma família humana habitada pelo amor e pela sede de justiça. Uma sociedade que busca apaixonadamente uma vida mais digna e feliz para todos.
O grande pecado dos seguidores de Jesus será sempre deixar o fogo se apagar: substituir o ardor do amor pela doutrina religiosa, pela ordem ou pelo cuidado do culto; reduzir o cristianismo a uma abstração disfarçada de ideologia; permitir que seu poder transformador se perca. No entanto, Jesus não estava preocupado principalmente em organizar uma nova religião ou inventar uma nova liturgia; em vez disso, ele encorajou um "novo ser" (P. Tillich), o nascimento de um novo homem radicalmente movido pelo fogo do amor e da justiça.