25 Julho 2025
Segunda-feira, 21-07-2025, Laura Santi escolheu morrer em sua casa, em Perugia. Ela confiou uma carta à Associação Luca Coscioni. Publicamos aqui na íntegra.
A carta de Laura Santi é publicada por Perugia Today, 21-07-2025.
Quando vocês lerem estas linhas, eu já não estarei mais aqui, porque terei decidido parar de sofrer.
Apesar de minha decisão já ser conhecida por todos, esse meu gesto final acontece em silêncio e causará desapontamento e dor. Muitos ficarão tristes, outros sofrerão por não terem podido me dar um último adeus, um último abraço. Peço que compreendam o motivo desse silêncio. Mesmo na certeza da minha decisão, trata-se do gesto mais total e definitivo que um ser humano pode realizar — são necessários sangue frio e nervos de aço. Como eu poderia vivê-lo com serenidade, acrescentando luto ao luto antecipado, dor à dor, resistências, lágrimas, reações e apegos? Peço também um esforço adicional de compreensão.
Tentem imaginar o tormento de dor que me levou a esse gesto, dia após dia, hora após hora, minuto após minuto. Façam o esforço de entender que, por trás de uma foto bonita nas redes sociais, por trás do sorriso que vocês podiam ver arrancado com esforço da rotina e dos sintomas em alguma ocasião pública — cada vez mais rara — havia o pano de fundo de um cotidiano doloroso, vazio, feroz e em constante piora. Um sofrimento crescente, dia após dia. A situação se desenrolava há anos, mas nos últimos meses e semanas evoluiu em tempo real. Meu marido Stefano e minhas assistentes viram isso, eles — e só eles — e, mesmo assim, nem mesmo eles, por razões óbvias, podiam compreender o que eu sentia em meu corpo, quanto doía, o quanto era cada vez mais exaustivo. Não conseguir mais realizar o menor gesto. Não mais desfrutar da vida, nem das relações sociais. E isso, para mim, é o que define uma vida digna.
Tive muito tempo para elaborar e amadurecer essa decisão, muito tempo para saber quando era realmente a hora. Tinha aquele famoso parapeito — sobre o qual vocês leram tantas vezes — de onde me debruçar. Tive muito tempo também para mudar de ideia e adiar a decisão. E me permiti, enquanto ainda conseguia, saborear os últimos resquícios de vida e de beleza. Despedir-me de cada canto, cada lugar, cada rosto, cada pessoa, cada situação, cada céu, cada cor, cada mínima caminhada ao ar livre. Dizem: viva cada dia como se fosse o último. Dizem também que isso é impossível na prática. Pois bem, eu quase consegui. Parto tendo saboreado os últimos bocados da vida de forma intensa e consciente. Entendam-me: eu acredito que toda vida continua sendo digna de ser vivida mesmo nas condições mais extremas. Mas somos nós — e só nós — que devemos escolher.
Às pessoas que ficarão sem um adeus, além das minhas desculpas, vai um abraço fortíssimo. É impossível enumerar todos os rostos que preencheram minha vida. Sintam-se como se eu estivesse me despedindo e abraçando vocês. Minha vida foi plena também graças a vocês.
Minha família de origem: papai Renato, mamãe Gabriella, minha irmã Elena, meu sobrinho Matteo; todos os parentes; Laura, Chiara e as amigas de longa data de uma vida, todos os amigos, colegas e conhecidos, os companheiros de doença, os companheiros de ativismo, todos aqueles com quem compartilhei um trecho do caminho. Minha amada Perugia. Meus médicos, minhas paliativistas, meus fisioterapeutas — um agradecimento especial à Daniela por ter me dado, ao longo dos anos, as ferramentas para lutar. Minhas assistentes, minha segunda família nesse último percurso. A boa política, Fabio e Vittoria, os jornalistas amigos, como as duas Francescas; quem me ajudou; o bispo Ivan, um amigo especial com quem conversei mais de uma vez sobre a vida e a morte.
Só consegui vencer a minha batalha graças aos amigos da Associação Luca Coscioni. Sigam essa associação e defendam os direitos e liberdades individuais, nunca tão ameaçados como hoje. Sobre o fim da vida, ouço um falatório sem fim, a ingerência crônica do Vaticano, a incompetência da política. O projeto de lei que está sendo levado adiante pela maioria é um golpe que anularia todos os direitos. Exijam, ao contrário, uma boa lei, que respeite os doentes e suas necessidades. Exercitem o espírito crítico, façam pressão, organizem-se e não fiquem parados assistindo, mas ajam — porque um dia pode dizer respeito a vocês ou a quem vocês amam.
Lembrem-se de mim como uma mulher que amou a vida.