24 Julho 2025
A “COP da implementação” pode ser chave para definir o futuro das negociações climáticas depois de 2025 - mas desafios persistem.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 23-07-2025.
Dez anos depois da assinatura do Acordo de Paris, representantes de praticamente todos os países se encontrarão na COP30 com uma questão de fundo bastante importante: definidos os instrumentos de aplicação e monitoramento do regime climático internacional, o que caberá aos negociadores nas COPs futuras? O mote da implementação definido pela presidência brasileira para a COP30 pode oferecer um caminho para a resposta.
Como o presidente da COP30 André Corrêa do Lago repetiu diversas vezes nos últimos meses, a COP em Belém será diferente das anteriores, já que não há um item importante de agenda que concentre a atenção dos negociadores e dos observadores. As regras de funcionamento do Acordo de Paris estão definidas, goste-se ou não delas. Por isso, o Brasil vem propondo que esta seja a “COP da implementação”, focada na concretização dos compromissos assumidos nos últimos dez anos.
Essa abordagem foi destacada pelos enviados especiais da Presidência da COP30 para regiões estratégicas em artigo publicado no Project Syndicate. Assinado por nomes como Jacinda Ardern (ex-primeira-ministra da Nova Zelândia) e Laurence Tubiana (uma das arquitetas do Acordo de Paris), o texto pontua que a Agenda de Ação definida pela presidência da COP30 é uma novidade bem-vinda que pode potencializar resultados concretos e positivos nas negociações em Belém.
“A presidência brasileira da COP30 deve evitar resultados chamativos em favor de caminhos pragmáticos para cumprir os compromissos assumidos. Felizmente, o Brasil reconhece isso”, assinalaram os autores.
O foco na implementação pode ajudar a destravar as conversas em meio a um contexto internacional particularmente difícil. “Esse foco em resultados previamente acordados é adequado ao contexto geopolítico atual, no qual qualquer acordo pode ser difícil de alcançar”, ressaltaram.
Mas o cenário internacional deve seguir complicando a equação diplomática de Belém. O Globo pontuou como a escalada dos gastos militares nos EUA e na Europa podem restringir ainda mais os recursos destinados à transição energética. No ano passado, os gastos militares globais atingiram um recorde histórico de US$ 2,7 trilhões, cerca de R$ 15,3 trilhões. Para efeito de comparação, a nova meta de financiamento internacional climático anual representa metade desse valor, US$1,3 trilhão, com recursos públicos e privados.
“As guerras comerciais e militares não apenas causam sofrimento e destruição, mas desviam recursos e atenção da batalha mais urgente que precisamos enfrentar juntos, que é contra a mudança do clima. Trata-se de uma guerra silenciosa que mata muitos todos os dias”, ressaltou a CEO da COP30, Ana Toni.