03 Junho 2025
A aprovação do PL da Devastação (2.159/2021) pelo Senado e os ataques à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, provocaram revolta nas redes sociais e manifestações nas ruas. No fim de semana passado, protestos contra o projeto de lei que praticamente extingue o licenciamento ambiental aconteceram em dezenas de cidades pelo Brasil. E novas manifestações estão marcadas para 5ª feira (5/6), Dia Mundial do Meio Ambiente, e também no próximo fim de semana.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 02-06-2025.
Diante da repercussão e das cobranças ao governo Lula, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, entrou em campo. Além de declarar apoio à ministra do Meio Ambiente, Gleisi disse que o governo atuará para mudar o texto, que deverá ser analisado pela Câmara ainda neste mês.
A Folha registrou mobilizações em São Paulo, Manaus, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. Ainda houve manifestações em Belém, Rio Branco, João Pessoa, Maceió, Aracaju, Teresina, Vitória e Goiânia, além de outras 24 cidades, de acordo com a organização nacional dos atos. Os protestos foram repercutidos também por Sumaúma, ac24horas, Agência Brasil, CBN e GZH.
Na avenida Paulista, em São Paulo, a passeata começou por volta das 14h e abraçou também a defesa de Marina. “É inacreditável que uma autoridade seja tratada com tanto desrespeito”, disse a socióloga Claudia Paes, 55 anos, que participava do ato. “Mas a gente sabe o que é ser mulher neste país”.
Os manifestantes também criticaram a reação do governo à situação de Marina. “Cadê o presidente defendendo em rede nacional o trabalho da própria ministra?”, questionou o motorista Vicente de Paula, de 37 anos.
Com as críticas à “timidez” da reação governamental à votação do PL da Devastação e aos ataques machistas e misóginos à Marina, o Planalto resolveu se mexer. No domingo (1/6), enquanto ocorriam os protestos, Gleisi Hoffmann disse que o governo está atuando, junto com a ministra do Meio Ambiente, para impedir o avanço de medidas que fragilizam o licenciamento ambiental. Segundo Gleisi, o objetivo é reverter a “descaracterização” das regras de proteção ao meio ambiente, informaram Correio Braziliense, Brasil 247 e IstoÉ.
“Como bem destacou em entrevista a companheira Marina, os corajosos avanços na legislação ambiental em nosso país não teriam sido possíveis sem o compromisso do presidente Lula”, escreveu a ministra das Relações Institucionais nas redes sociais.
Contudo, lembrou o Metrópoles, Marina tem uma posição solitária na Esplanada dos Ministérios, com outros integrantes do governo defendendo, inclusive publicamente, a aprovação do PL da Devastação. Os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária, são exemplos disso, opondo-se à posição da ministra.
Promessa de campanha de Lula e defendida por Marina Silva, a Autoridade Climática deve ser enterrada de vez, supostamente por restrições no orçamento do governo, segundo o Valor. Fontes avaliam que a COP30 poderia viabilizar a criação, mas, a pouco menos de seis meses da cúpula, as expectativas foram frustradas. A criação da autoridade era motivo de [outro] embate entre Marina e Rui Costa. A Casa Civil é contra deixar a autoridade no Meio Ambiente, pois avalia que isso daria um caráter de “secretaria”. Já o Meio Ambiente é contra a Casa Civil ou a Presidência da República ser o chapéu da proposta.