20 Março 2025
O Dom Juan brasileiro perdeu a vergonha, quando agressor, de sua prática violenta: 37,5% das mulheres com 16 anos ou mais – ou seja, 21,4 milhões ouvidas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública disseram que sofreram algum tipo de agressão nos últimos 12 meses; 91,8% das agredidas sofreram violência em episódios assistidos por terceiros – filhos, parentes, amigos, conhecidos.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Para muitas dessas mulheres – 57% das entrevistadas – a residência foi o palco da violência, seguida pela rua, com 11,6% dos relatos. Uma em cada dez mulheres (10,7% do total) relatou ter sofrido abuso sexual e/ou foi forçada a manter relação sexual contra a sua vontade; 3,9% das mulheres tiveram fotos ou vídeos íntimos divulgados na internet sem o seu consentimento.
O amante brasileiro, agressor, não hesita em partir para as vias de fato: 16,9% das mulheres – cerca de 8,9 milhões – sofreram tapas, empurrões, chutes, e 4,4 milhões – 8,9% - sofreram algum tipo de lesão em decorrência de algum objeto que foi atirado conta elas. Maior percentual – 31,4 % ou 17,7 milhões de brasileiras – relataram insultos, humilhações ou xingamentos.
E os agressores, quem são? De acordo com os dados levantados, 40% das práticas violentas foram cometidas por ex-cônjuges, ex-companheiros ou ex-namorados; 6,4% das mulheres foram ameaças com facas ou arma de fogo e 7,8% foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento. O dado impressionante da pesquisa é que 47,4% das agredidas tiveram como reação não fazer nada. Apenas 25,7% recorreram a órgãos oficiais e 33,8% buscaram apoio com amigos e familiares.
A pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil” foi aplicada pelo Instituto Datafolha, ouvindo mulheres acima dos 16 anos de idade, de todas as classes sociais, das regiões metropolitanas e de cidades do interior. As entrevistas foram realizadas de 10 a 14 de fevereiro de 2025, ouvindo 2.007 mulheres em 126 municípios de pequeno, médio e grande porte.