06 Dezembro 2024
"As redes sociais mantêm as pessoas conectadas, até em amizades virtuais, mas tiram as pessoas do convívio pessoal, da integração entre si", escreve Edelberto Behs, jornalista.
Pesquisa realizada nos Estados Unidos pelo Survey Center on American Life indica que tanto homens como mulheres tinham mais amigos e amigas no passado em comparação aos dias hoje, por causa ou apesar das redes sociais.
Em 1990, quase 70% dos estadunidenses tinham cinco ou mais amigos próximos; em 2021, aquele percentual caiu para 40%. O número dos entrevistados que disse não ter amigos próximos quintuplicou. O mesmo fenômeno foi constatado entre as mulheres, embora seus grupos de amigas não tenham diminuído tão rapidamente. A pesquisa indicou que americanos e americanas passam hoje apenas a metade do tempo com seus amigos – três horas por semana – em comparação há uma década.
Análises indicam que são menores, na atualidade, as oportunidades regulares das pessoas se encontrarem pessoalmente, olho no olho.
Há quem aponte as redes sociais como responsáveis pelo fenômeno. Mas elas não respondem por sua totalidade. Parece claro que as redes sociais mantêm as pessoas conectadas, até em amizades virtuais, mas tiram as pessoas do convívio pessoal, da integração entre si.
Vejam o panorama da cidade de São Leopoldo. Os clubes sociais, entre eles o Orpheu, o mais antigo do estado, já não são mais tão frequentados. A cidade já contava com grupos de bolão, tanto masculinos quanto femininos. Não que as sociedades recreativas estejam desativadas, mas elas não conseguem mais atrair associados para um baile, uma festa de final de ano.
A Rua Grande, principal artéria da cidade, abrigava bares e restaurantes, onde a juventude, principalmente, se reunia para um chopp, sorvete, sanduiche, e aquele bate-papo. Hoje, é o espaço de lojas e farmácias.
As comunidades eclesiais veem a sua membresia diminuir nas celebrações religiosas. Os cultos, as missas, são menos frequentadas em comparação há dez anos. Certamente as associações de serviço, como o Rotary e o Lions Clube, também perderam frequência.
As torcidas organizadas de clubes de futebol ainda conseguem fazer frente a essa onda de amizades online, com encontros nas arenas e nos estádios em dias de jogos. Mas os assim denominados “terceiros espaços”, distintos de casa e trabalho, estão em baixa. São os novos tempos, de milhares de seguidores em redes sociais e poucos amigos próximos a quem se pode contar nos dias de alegria e de tristeza.