20 Março 2025
A intensificação da crise climática atingiu patamares inéditos e preocupantes em 2024, alertou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) em seu novo relatório sobre o estado do clima global. A análise confirmou que 2024 foi não apenas o ano mais quente em 175 anos de registros, mas também foi, com grande probabilidade, o primeiro ano civil no qual a temperatura média terrestre superou 1,5°C acima da média pré-industrial.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 19-03-2025.
Segundo a OMM, a temperatura média global de superfície registrada em 2024 foi 1,55 ± 0,13 °C (entre 1,42°C e 1,68°C) acima da média de 1850-1900. Ao mesmo tempo, a concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO2) está nos níveis mais altos dos últimos 800 mil anos, o que ajuda a explicar a escalada recente das temperaturas médias. Os dez anos mais quentes nos registros históricos ocorreram na última década, e cada um dos últimos oito anos estabeleceu um novo recorde de calor absorvido pelos oceanos.
Outros indicadores climáticos reforçam o cenário desafiador do clima global. De acordo com a OMM, as 18 menores extensões de gelo marinho no Ártico já registradas ocorreram nos últimos 18 anos. Já na Antártica, as três menores extensões de gelo dos registros históricos foram identificadas nos últimos três anos. Da mesma forma, a maior perda de massa glacial registrada em três anos ocorreu nos últimos três.
Em grande parte, o calor experimentado em 2024 foi em parte influenciado pelo El Niño, que se encerrou no 1º semestre do ano passado, mas seus efeitos continuaram sendo sentidos nos meses subsequentes. No entanto, o aquecimento global de longo prazo se aproxima perigosamente do limite de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. O relatório da OMM indica que o aumento da temperatura média global de longo prazo, que considera a trajetória mais abrangente de aquecimento, está entre 1,34°C e 1,41°C na comparação com a linha de base de 1850-1900.
Com o aquecimento em alta, o clima extremo está ficando descontrolado, com reflexos diretos nas condições de vida, especialmente nas comunidades mais pobres e vulneráveis. A procissão de ciclones tropicais, inundações, secas e outros perigos em 2024 resultaram no maior número de novos deslocamentos registrados nos últimos 16 anos, contribuindo para o agravamento das crises alimentares e causando enormes perdas econômicas.
Apesar do cenário desafiador, o relatório da OMM ressalta que ainda existem caminhos para a humanidade evitar o pior e conter o aquecimento do planeta em, no máximo, 1,5°C neste século. Para tanto, os governos precisam elevar a ambição de seus compromissos climáticos na rodada atual de atualização das contribuições nacionalmente determinadas (NDC) do Acordo de Paris.
“Embora um único ano acima de 1,5°C de aquecimento não indique que as metas de temperatura de longo prazo do Acordo de Paris estejam fora de alcance, é um alerta de que estamos aumentando os riscos para nossas vidas, economias e para o planeta”, disse Celeste Saulo, secretária-geral da OMM. Os dados da OMM sobre o estado do clima global em 2024 tiveram grande destaque na imprensa nacional e internacional, com matérias na Agência Brasil, Axios, Bloomberg, Deutsche Welle, Euronews, Folha, Guardian, NY Times, Reuters, Um Só Planeta e UOL, entre outros. O Observatório do Clima também abordou os principais pontos do relatório.
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