13 Fevereiro 2025
Desvio de recursos destinados à transição energética e à proteção ambiental representa um “enorme obstáculo” para ação climática global, aponta a organização em novo relatório.
A informação é publicada por ClimaInfo, 12-02-2025.
O labirinto da corrupção pode dificultar a luta dos países, incluindo o Brasil, para conter as mudanças climáticas. O alerta é da Transparência Internacional, que publicou nesta 3ª feira (11/2) a versão 2024 de seu Índice de Percepção da Corrupção (IPC). Pela 1ª vez, a análise considerou os efeitos da corrupção e da falta de transparência sobre a agenda climática.
De acordo com a entidade, a Humanidade está “emparedada” devido à erosão dos sistemas democráticos em todo o mundo e à intensificação da crise climática, com impactos diretos nos esforços de mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças do clima, especialmente nos países mais pobres e vulneráveis.
Países com níveis mais baixos de corrupção geralmente demonstram um maior preparo para enfrentar os desafios impostos pela crise climática. “A influência indevida de grupos políticos e econômicos nas decisões e órgãos públicos, o desvio de recursos públicos e práticas de fraude e corrupção associadas a crimes ambientais minam os esforços de adaptação e mitigação”, destacou a Transparência Internacional.
O Brasil figura como um dos países em que a corrupção afeta diretamente a ação climática. Em 2024, o Brasil registrou 34 pontos e ficou na 107ª posição, entre 180 países, no IPC – as piores nota e colocação do país na série histórica, iniciada em 2012.
O relatório cita o caso da Operação Overclean, que evidenciou um esquema de corrupção no Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), iniciado na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro e que perdurou até o começo do governo Lula. O grupo criminoso investigado teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão a partir de desvios de licitações de obras e de emendas parlamentares.
Outro caso citado foi revelado pela Operação Greenwashing, que descobriu um esquema que envolvia grileiros e gestores públicos no sul do Amazonas para invasão e utilização de Terras da União para geração e venda de créditos de carbono, em um esquema que movimentou mais de R$ 180 milhões.