21 Agosto 2024
Suspeito que participou da COP28 criou esquema para tomar uma área pública do tamanho Distrito Federal no Amazonas e desmatá-la.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 21-08-2024.
O Fantástico (TV Globo) deu destaque à história de um médico do interior de São Paulo que comandou um megaesquema de fraude de créditos de carbono gerados em Terras Públicas invadidas no Amazonas. Ricardo Stoppe Júnior teria lucrado R$ 180 milhões com a venda desses créditos de carbono certificados e mais de R$ 600 milhões com a extração ilegal de madeira.
O esquema fraudulento envolvia a duplicação e a falsificação de títulos de propriedade, o que resultou no roubo de cerca de 538 mil hectares de Terras Públicas na região de Lábrea (AM). Os crimes ocorriam há mais de uma década, mas se intensificaram nos últimos três anos, com certidões falsas emitidas por um servidor da Secretaria de Terras do Amazonas (SECT/AM).
Segundo a PF, o esquema também envolvia funcionários de cartórios da região e do INCRA. Os policiais conseguiram gravar conversas telefônicas que comprovam a negociação e o pagamento de propinas.
O Fantástico também mostrou como Stoppe se promovia publicamente como um grande player do mercado de carbono brasileiro. Ele participou da última Conferência da ONU sobre o Clima (COP28), realizada em novembro de 2023 em Dubai, nos Emirados Árabes, como o “rei do crédito de carbono” no Brasil.
Em junho, a PF começou a desbaratar o esquema criminoso por meio da Operação Greenwashing, que cumpriu mandados de prisão preventiva, inclusive contra Stoppe, e busca e apreensão em seis estados. Além do empreendimento ilegal em Lábrea, o grupo também operava dois projetos de geração e venda de créditos de carbono no sul do Amazonas, em um esquema que pretendia utilizar mais de 3,5 milhões de hectares de área grilada.
O governador do Pará, Helder Barbalho, confirmou que o estado pretende fazer sua primeira emissão de créditos de carbono durante a Semana do Clima de Nova York, que acontecerá em paralelo à reunião da Assembleia Geral da ONU no final de setembro. De acordo com Barbalho, a comercialização será feita pelo valor de US$ 15 por tonelada, acima da média do mercado. “Isso [acontece] pela qualidade do crédito, pela comprovação da redução das emissões do estado”, disse o governador.
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Grileiro lucra R$ 780 milhões com venda de créditos de carbono e madeira - Instituto Humanitas Unisinos - IHU