04 Fevereiro 2025
A falta de alinhamento do governo em temas como desmatamento e combustíveis fósseis é obstáculo no caminho de André Corrêa do Lago até a COP30.
A informação é publicada por ClimaInfo, 29-01-2025.
Não falta trabalho na mesa do embaixador André Corrêa do Lago, o presidente da COP30. Além dos impasses entre países ricos e pobres em temas como financiamento e ambição climática, o diplomata precisará aplicar sua expertise em negociações para dentro do próprio governo. Apesar da realização da Conferência da ONU sobre o Clima no Brasil, o governo está dividido em temas que podem causar constrangimento ao país, como o combate ao desmatamento e o fim da produção de combustíveis fósseis.
A Folha fez um panorama geral da divisão interna do governo federal. De um lado, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, comandado por Marina Silva, defende zerar todo tipo de desmatamento no Brasil e restringir a exploração de petróleo, gás e carvão em áreas ambientalmente sensíveis, como a foz do Amazonas. De outro, pastas como a da Agricultura e de Minas e Energia sustentam uma abordagem mais flexível (para dizer o mínimo) desses compromissos.
As divisões podem complicar a atuação do Brasil na COP30. Por isso, Corrêa do Lago entende que precisa construir um consenso interno sobre esses assuntos espinhosos para fortalecer a credibilidade do país junto aos demais negociadores. O perfil do futuro presidente da COP ajuda: bem-recebido em diferentes setores dentro e fora do governo, o embaixador tem credenciais para tentar costurar um entendimento.
A tarefa já começou a ser executada. Na última 2ª feira (27/2), Corrêa do Lago se reuniu com o ministro Carlos Fávaro (Agricultura) e com a presidente da EMBRAPA, Silvia Massruhá, para discutir a participação do setor agropecuário brasileiro na Conferência: “Conversamos sobre nossos objetivos para a COP30. Queremos mostrar ao mundo o potencial do agro brasileiro.” O Canal Rural deu mais detalhes.
Enquanto a presidência da COP30 se movimenta para preparar as negociações, o governo do Pará enfrenta uma crise política que pode tirar o sono – e melindrar os sonhos eleitorais – do governador Helder Barbalho (MDB). Os protestos recentes de grupos indígenas contra mudanças no modelo de educação básica para as comunidades tradicionais, somados aos recentes resultados ruins nos índices de desmatamento e degradação florestal no estado estão dificultando a estratégia publicitária do governo paraense para a COP30. Como destacou Daniel Camargos, na CartaCapital, essas notícias escancaram a contradição entre o discurso pró-Amazônia e as ações que prejudicam os direitos dos Povos Originários e do campo.