24 Janeiro 2025
Em Davos, António Guterres chamou a dependência mundial de combustíveis fósseis de “monstro de Frankenstein” e lamentou recuos de EUA e bancos em compromissos climáticos.
A reportagem foi publicada por ClimaInfo, 24-01-2025.
O avanço desenfreado da inteligência artificial (IA) e a omissão dos países no enfrentamento à crise climática podem ser ameaças à sobrevivência da Humanidade neste século, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em discurso na última 4ª feira (22/1) no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).
“Nosso mundo está enfrentando uma caixa de Pandora de problemas. Enfrentamos divisões geopolíticas cada vez maiores, desigualdades crescentes e ataques aos Direitos Humanos”, comentou Guterres. “Hoje temos duas novas e profundas ameaças que exigem muito mais atenção e ação global porque ameaçam destruir a vida como a conhecemos: a crise climática e a expansão descontrolada da inteligência artificial.”
Sobre as mudanças climáticas, Guterres lamentou a dependência global dos combustíveis fósseis, que seria um “monstro de Frankenstein” para a Humanidade. “Ao nosso redor, vemos sinais claros de que o monstro se tornou o mestre. Acabamos de passar pelo ano mais quente e pela década mais quente da história. É provável que 2024 seja o primeiro ano civil a ultrapassar 1,5oC acima dos níveis pré-industriais”, disse.
O chefe da ONU também destacou os retrocessos recentes de instituições financeiras e bancos, que abandonaram compromissos corporativos para neutralizar as emissões de gases de efeito estufa (net-zero) de seus investimentos. “Quero dizer em alto e bom som: [isso] é míope. E, paradoxalmente, é egoísta e também autodestrutivo. Vocês estão do lado errado da história”, criticou.
Sobre a inteligência artificial, Guterres reconheceu que a tecnologia traz uma “promessa incalculável” para a Humanidade, com avanços potenciais importantes em várias áreas. No entanto, ele criticou a falta de governança sobre essa tecnologia e defendeu o Pacto Digital Global, adotado pela ONU em setembro passado, como um caminho para colocar a IA a serviço da humanidade, e não o contrário.
Guardian, R7 e UOL, entre outros, repercutiram a fala de Guterres em Davos.