17 Dezembro 2024
Plano aprovado pelo governo é anunciado após Netanyahu afirmar que as Colinas de Golã, anexadas em 1981, seriam território israelense "por toda a eternidade".
A informação é publicada por DW, 16-12-2024.
O governo de Israel aprovou neste domingo (15/12) um plano para dobrar a população israelense nas Colinas de Golã, um território sírio anexado desde 1981.
A medida faz parte de um projeto aprovado por unanimidade pelo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ao custo total de 40 milhões de shekels (cerca de R$ 67 milhões).
Netanyahu já havia dito na semana passada que as Colinas de Golã seriam israelenses "por toda a eternidade".
As Colinas de Golã são uma região estratégica da Síria. Israel ocupou cerca de dois terços dessa área durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e os anexou formalmente em 1981, num ato não reconhecido pela ampla maioria da comunidade internacional.
O território ocupado é montanhoso, com cerca de 60 quilômetros de comprimento e 25 quilômetros de largura, totalizando cerca de 1.300 quilômetros quadrados, e também faz fronteira com a Jordânia, ao sul, e o Líbano, ao norte.
Em 2019, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou o apoio dos EUA à soberania israelense sobre as Colinas de Golã, mas a anexação não foi reconhecida por nenhum outro país.
A área ocupada das Colinas de Golã é o lar de cerca de 30 mil israelenses. Muitos trabalham na agricultura, incluindo vinhedos, e no turismo.
A região também abriga cerca de 23 mil drusos, uma minoria árabe que pratica uma ramificação do islã e cuja presença é anterior à ocupação. A maioria mantém a cidadania síria, mas tem status de residente em Israel.
Esta não é a primeira vez que Israel anuncia planos para aumentar a sua população nas Colinas de Golã. Em dezembro de 2021, o governo do então primeiro-ministro, Naftali Bennett, aprovou um programa semelhante de cinco anos no valor de 317 milhões de dólares. Na época, a população israelense nas Colinas de Golã ocupadas era de cerca de 25 mil.
A Arábia Saudita, o Catar os Emirados Árabes Unidos condenaram a medida israelense. O Ministério do Exterior em Riad chamou o plano de parte da "sabotagem contínua das oportunidades de restaurar a segurança e a estabilidade na Síria".
Os Emirados Árabes Unidos – que normalizaram as relações com Israel em 2020 – descreveram o plano como um "esforço deliberado para expandir a ocupação".
Já o governo em Doha afirmou que a medida israelense foi um "novo episódio numa série de agressões israelenses em territórios sírios e uma violação flagrante do direito internacional".
A Turquia também denunciou o plano israelense para dobrar a população que vive nas Colinas de Golã ocupadas como uma tentativa de "expandir suas fronteiras".
Na semana passada, Netanyahu ordenou às tropas israelenses que entrassem na zona-tampão patrulhada pela ONU que desde 1974 separa as forças israelenses e sírias. Essa zona-tampão fica entre a área ocupada por Israel das Colinas de Golã e o restante do território sírio e é supervisionada pela força de manutenção da paz Undof, da ONU.
As tropas israelenses também operaram em algumas áreas fora da zona-tampão "para manter a estabilidade", de acordo com militares israelenses. O ministro da Defesa, Israel Katz, ordenou que as tropas "se preparem para permanecer" na zona-tampão durante os meses de inverno.
O líder do grupo rebelde islamista Organização para a Libertação do Levante (HTS, na sigla em árabe), Abu Mohammed al-Jolani, acusou Israel de "uma nova escalada injustificada na região" ao entrar na zona-tampão. Porém, ele acrescentou que "a exaustão geral na Síria após anos de guerra e conflito" não permite ao seu grupo entrar em novos conflitos.
O governo de Israel chamou a incursão no território sírio de uma medida limitada e temporária para garantir a segurança da fronteira após a queda do regime do ditador Bashar al-Assad na Síria e afirmou que não pretende permanecer no local.
Após a queda de Assad, Israel lançou centenas de ataques contra a Síria, visando locais militares estratégicos e armazéns de armas, inclusive armas químicas.
No domingo, Netanyahu disse que seu país não tinha nenhum interesse em confrontar a Síria e que a política de Israel para a Síria seria determinada "pela evolução da realidade no terreno".
Numa declaração em vídeo após uma ligação telefônica com o presidente eleito Donald Trump, Netanyahu disse que a Síria havia atacado Israel no passado e permitido que outros, incluindo a milícia libanesa Hezbollah, o fizessem a partir de seu território.
"Para garantir que o que aconteceu no passado não aconteça de novo, tomamos uma série de ações intensivas nos últimos dias", disse. "Em poucos dias, destruímos as capacidades que o regime de Assad havia construído ao longo de décadas."
O ministro da Defesa de Israel disse que os últimos acontecimentos na Síria aumentaram a ameaça a Israel, "apesar da imagem moderada que os líderes rebeldes afirmam apresentar".
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Israel planeja dobrar população nas Colinas de Golã - Instituto Humanitas Unisinos - IHU