05 Novembro 2024
No sul do Líbano, após semanas de combates intensos em uma área de 120 quilômetros situada entre o Mediterrâneo e as Colinas de Golã, ocupadas por Israel, a situação ainda é tensa. As tropas israelenses conseguiram avançar em direção aos redutos do Hezbollah nos setores ocidental, central e oriental da fronteira e encontraram forte resistência dos combatentes xiitas.
A reportagem é de Paulo Khalifeh, publicada por RFI, 04-11-2024.
Soldados israelenses entraram nos arredores de cerca de dez cidades fronteiriças após a retirada israelense do Líbano em 2000. Algumas destas localidades são emblemáticas, como Maroun el-Ras, Kfarkila, Edeissy ou Aita el-Chaab. Vários postos avançados do Hezbollah foram destruídos, armas e munições foram apreendidas e cerca de dez combatentes foram capturados.
Os sucessos táticos, amplamente divulgados com imagens pelo Exército israelense. Mas apesar desses avanços, o Exército israelense não conseguiu garantir o controle de nenhuma localidade libanesa ou ocupar de forma duradoura um dos oito pontos estratégicos ao longo da fronteira.
Os soldados israelenses enfrentam uma forte resistência da primeira linha de defesa do Hezbollah, que continua lançando diariamente dezenas, às vezes centenas, de foguetes e drones sobre a Galileia e mais no interior do território israelense. Todas as localidades israelenses na fronteira, desde o Mediterrâneo até o Golã, continuam sendo alvos diários dos foguetes de curto e médio alcance do Hezbollah.
As tropas israelenses que entraram no Líbano, assim como as suas bases na retaguarda, estão sujeitas a bombardeios intensos, o que impede que elas se estabeleçam de forma duradoura nas terras conquistadas. É provavelmente por essa razão que o Exército israelense se dedica a uma demolição sistemática de bairros inteiros em localidades libanesas na Galileia antes de bater em retirada.
No sábado (2), as tropas israelenses se retiraram dos bairros leste e sul da localidade estratégica de Khiyam, no setor oriental, sem conseguir entrar no centro da cidade. Segundo fontes, o próximo alvo dos israelenses pode ser a cidade de Bint-Jbeil, no setor central, a cinco quilômetros da fronteira. Bint-Jbeil é simbólica porque, em 2006, o Exército israelense sofreu perdas na área sem conseguir ocupá-la.
Especialistas militares concordam, de maneira quase unânime, que o período de incerteza após os golpes sofridos pelo Hezbollah, depois da morte de Hassan Nasrallah e de seus principais comandantes militares, em setembro, parece ter sido superado. A cadeia de comando e controle foi restabelecida, e a coordenação entre as três unidades territoriais que defendem os três setores da fronteira e a força de elite móvel al-Radwan parece estar funcionando normalmente.
Segundo informações, o Hezbollah recentemente substituiu unidades que estavam no front há meses por novas tropas. Os reforços foram enviados após a implementação de um novo sistema de mobilização de reservistas. Vale lembrar que a maioria dos 3.500 feridos na explosão dos bipers, em 16 de setembro, eram reservistas que haviam sido mobilizados justamente por meio desses dispositivos de telecomunicação eletrônica.
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Apesar do sucesso da ofensiva no Líbano, Israel não consegue neutralizar o Hezbollah - Instituto Humanitas Unisinos - IHU