30 Novembro 2024
Bactérias estão por toda parte. Algumas são inofensivas ou úteis, enquanto outras são bastante perigosas, especialmente quando elas desenvolvem resistência a antibióticos.
A reportagem é de Zulfikar Abbany, publicada por DW, 26-11-2024.
Milhões de pessoas morrem todos os anos em consequência de infecções bacterianas, mesmo quando tratadas com antibióticos. Em muitos casos, os medicamentos deixaram não funcionam porque as bactérias se tornaram resistentes a eles.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a resistência bacteriana aos antibióticos foi diretamente responsável por 1,27 milhão de mortes em todo o mundo em 2019. Estima-se que 4,95 milhões de óbitos estejam associados a essa resistência.
Neste artigo, tratamos da resistência das bactérias aos antibióticos. Já o termo resistência antimicrobiana (RAM) se refere a todos os tipos de micróbios – como bactérias, fungos, vírus e parasitas –, que se adaptaram para serem resistentes aos tratamentos usuais.
O problema: medicamentos existentes já não funcionam tão bem ou simplesmente não fazem mais efeito. Muitas vezes não existem alternativas disponíveis. Mesmo doenças facilmente tratáveis, como infecções urinárias, podem ser fatais.
A OMS classifica as bactérias como perigosas com base em vários critérios:
As bactérias recebem uma pontuação para cada critério e são dessa forma são classificadas. A lista 2024 da OMS contém 24 patógenos prioritários. Relacionamos abaixo os oito mais perigosos.
Klebsiella é um tipo de bactéria presente nos intestinos e nas fezes humanas. A Klebsiella pneumoniae pode causar pneumonia, envenenamento do sangue e infeccionar feridas. Se a bactéria entrar no sistema nervoso, pode causar meningite.
Nos hospitais, a Klebsiella pneumoniae pode evoluir e se tornar a chamada superbactéria, que se espalha rapidamente, além de ser multirresistentes, o que faz com que os tratamentos com vários antibióticos sejam ineficazes.
A Klebsiella pneumoniae também é resistente aos carbapenêmicos, os chamados antibióticos de reserva, que são utilizados somente em último caso, quando não há outra alternativa. O uso indiscriminado destes antibióticos promove o desenvolvimento de resistência.
Assim como a Klebsiella, a bactéria Escherichia coli (E. coli) é geralmente encontrada no intestino humano e de animais, mas também pode ser encontrada no meio ambiente, nos alimentos e na água.
A maioria dos tipos de E. coli são inofensivos. No entanto, alguns podem causar doenças, como diarreia, infecções urinárias, pneumonia e sepse. Os níveis de E. coli no rio Sena em Paris geraram debates acalorados durante os Jogos Olímpicos de 2024 na capital francesa.
A E. coli é resistente às cefalosporinas de terceira geração – um antibiótico comumente prescrito que também é usado para tratar infecções sexualmente transmissíveis, como a gonorreia. A E. coli também é resistente aos carbapenêmicos.
Em 2012, os pesquisadores descreveram a Acinetobacter baumannii como um "patógeno bacteriano oportunista emergente" associado a infecções hospitalares.
O risco de infecção aumenta conforme o tempo em que os pacientes permanecem hospitalizados. Pessoas com sistemas imunológicos vulneráveis estão particularmente em risco. A Acinetobacter baumannii também é resistente aos carbapenêmicos.
A Mycobacterium tuberculosis (TB) causa tuberculose – uma infecção bacteriana dos pulmões potencialmente fatal. Algumas cepas desta bactéria são multirresistentes, ou seja, não respondem mais a vários medicamentos.
Em 2023, a tuberculose causou 1,25 milhões de mortes. "A tuberculose voltou a ser provavelmente a principal causa de morte no mundo devido a um único agente infeccioso, depois de ter sido ultrapassada pela covid-19 durante três anos", afirmou a OMS.
A Mycobacterium tuberculosis é resistente à rifampicina, um antibiótico usado para tratar infecções como tuberculose e lepra.
A Salmonella typhi causa febre tifoide, que afeta principalmente pessoas que vivem em regiões com saneamento precário em partes da África, Ásia e América Latina. Cerca de 9 milhões pessoas são infectadas por ano.
A Salmonella Typhi é resistente à fluoroquinolona, que pode desencadear vários efeitos colaterais. Por Isso, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) restringe seu uso.
Existem quatro espécies de Shigella: Shigella sonnei, Shigella flexneri, Shigella boydii e Shigella dysenteriae. Essa bactéria causa diarreia, dores abdominais e febre.
Elas se espalham através de alimentos e água contaminados, mas também são transmitidas sexualmente. A Shigella é resistente às fluoroquinolonas.
A Enterococcus faecium vive na flora intestinal, também chamada de microbioma. Essa bactéria pode causar doenças graves em pessoas com diabetes ou doenças renais crônicas, além de infecções urinárias e no sistema nervoso.
Essa bactéria é resistente à vancomicina.
A Pseudomonas aeruginosa causa infecções no sangue, pulmões, trato urinário e outras partes do corpo, geralmente após cirurgias em hospitais. Pessoas com sistema imunológico enfraquecido devido a doenças ou medicamentos estão particularmente em risco. Essa bactéria é multirresistente, inclusive contra carbapenêmicos.
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Quais são as bactérias mais perigosas do mundo? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU