03 Outubro 2024
Bombardeios, confrontos e uma incursão terrestre em um dia sangrento em resposta à ofensiva iraniana de segunda-feira.
A reportagem é publicada por Página 12, 03-10-2024.
Pelo menos 90 pessoas morreram na Faixa de Gaza nas últimas horas, após Israel intensificar seus ataques aos territórios fronteiriços, coincidindo com o ataque massivo do Irã contra seu território na noite de terça-feira, segundo informam fontes do Ministério da Saúde de Gaza.
A nova ofensiva israelense atingiu o norte, centro e sul do território, com bombardeios em escolas e orfanatos, confrontos com civis e uma incursão terrestre durante o mesmo dia.
De acordo com autoridades locais, pelo menos quatro moradores de gaza morreram e outros 15 ficaram feridos na tarde desta quarta-feira, como resultado de um bombardeio israelense em uma escola para meninas, que operava sob a jurisdição da Agência das Nações Unidas para Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa.
Os projéteis atingiram uma sala de aula no andar térreo do centro de ensino primário, que, como o restante das escolas de Gaza, havia se tornado um refúgio para a população deslocada – atualmente 90% dos habitante de gaza estão nessa situação – em razão da guerra. Segundo o jornal local Filastin, a escola estava abrigando dezenas de deslocados pela ofensiva israelense das últimas horas.
O hospital Al Awda, no campo, relatou ter recebido dezenas de pessoas afetadas pelo bombardeio da escola, e os feridos mais graves foram transferidos para o hospital dos Mártires de Al Aqsa, em Deir al Balah, ao norte do território.
O exército israelense, por sua vez, confirmou sua responsabilidade no ataque, chamando-o de um ataque “de precisão”, reiterando suas acusações de que o alvo era “um centro de comando e controle” do Hamas que operava nas instalações, “anteriormente usadas como uma escola feminina em Nuseirat”, segundo detalha o comunicado.
Este é o quarto ataque israelense a escolas nas últimas 24 horas, após os ataques desta madrugada contra a escola Al Bureij, no centro da Faixa, e os bombardeios de terça à noite nas escolas de Muscat e Rimal. Todos foram apresentados como ataques a "centros de comando terroristas" pelas forças israelenses.
Além disso, segundo informações da Agência Palestina de Notícias WAFA, as forças armadas israelenses atacaram o orfanato Al Amal na noite de terça-feira, causando um total de nove mortos.
No centro do enclave, enquanto isso, 18 pessoas morreram, incluindo três menores e quatro mulheres, após um grupo de pessoas tentar cruzar o corredor de Netzarim, uma passagem artificial construída pelas forças israelenses para dividir a Faixa, sendo abatidas pela artilharia do Exército.
O exército de Israel confirmou, por meio de um comunicado, ter enfrentado um grupo de pessoas que se aproximaram das tropas no perímetro do corredor de Netzarim, mas se limitou a informar que nenhum soldado foi ferido no confronto.
No mesmo dia, os hospitais de Khan Younis e Rafah relataram ter recebido pelo menos 37 cadáveres após uma nova incursão terrestre israelense no sudeste da Faixa.
Estima-se que, junto com esses 37, cerca de 50 pessoas morreram e várias dezenas ficaram feridas devido a essa invasão, concentrada na cidade de Khan Younis, segundo denúncias das autoridades de Gaza.
As informações fornecidas pela mídia local detalham que os cadáveres foram recuperados nos bairros de Maan, Al Manara e Al Salam, que cercam Khan Younis, após a retirada das forças israelenses. Até o momento, o Ministério da Saúde palestino já reportou 51 pessoas assassinadas e 82 gravemente feridas como resultado do ataque.
Segundo o meio local Al Jazeera, a incursão israelense, que durou horas, foi apoiada por fogo de artilharia, destruindo vários prédios residenciais onde as pessoas estavam refugiadas.
A agência palestina de notícias WAFA relatou que um jornalista local, Ahmed al Zard, ficou ferido após a ofensiva, conforme informou sua família, que também acrescentou que vários familiares dele foram mortos no ataque.
Nesse sentido, o Ministério da Saúde de Gaza detalhou que até o momento foram confirmados 41.689 mortos e 96.625 feridos desde o início da guerra, há menos de um ano, incluindo os 91 mortos e 165 feridos nas últimas 24 horas.
Em 7 de outubro de 2023, milícias do Hamas invadiram Israel, mataram cerca de mil pessoas e tomaram 245 reféns.
Assim, a autoridade local acusou as tropas israelenses de cometer cinco massacres nas últimas 24 horas, enquanto alertava que “ainda há várias vítimas entre os escombros e jogadas nas ruas, sem que as ambulâncias e as equipes de Defesa Civil possam chegar até elas”, o que pode aumentar os números de mortos.
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Pelo menos 90 mortos na Faixa de Gaza - Instituto Humanitas Unisinos - IHU