01 Outubro 2024
"Política é a arte de lutar pelo bem comum. Quem fala que política é só corrupção está se iludindo e enganando as pessoas, pois a política interfere no nosso dia a dia sempre! Para o bem ou para o mal. Ela está no preço do pão, do leite, da carne, das verduras, do aluguel da casa, na qualidade de ensino da escola pública para nossas crianças e jovens, no atendimento à saúde pelo SUS, nas demandas judiciais com um Ministério Público forte e com advogados/as pagos pelo Estado para servir à população que não pode pagar e assim por diante. Não existe vida social sem a arte da política, por isso temos de participar dos debates e fazer boas escolhas", escreve a Pastoral Popular Luterana – PPL.
Amigas e amigos da caminhada, irmãs e irmãos de fé!
Tempo de eleger prefeitos e vereadores para as cidades deste país-continente é sempre um tempo de decisões. Por isto, a PPL procura se manifestar a cada eleição para contribuir nos debates sobre as nossas escolhas. Diferente de outras igrejas, a IECLB não escolhe candidatos nem aponta partidos. A PPL, como uma das pastorais da igreja, segue a mesma diretriz. Ela se baseia numa palavra de Jesus que diz: “Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça. E o mais virá por acréscimo” (Mateus 6.33).
Nesse sentido e como consequência da palavra de Jesus, a PPL expressa aqui, com muita responsabilidade cidadã, seu posicionamento no que se refere a critérios para a escolha de candidatas e candidatos. Entendemos que a escolha do Partido é importante, fundamental mesmo. Política é a arte de lutar pelo bem comum. Quem fala que política é só corrupção está se iludindo e enganando as pessoas, pois a política interfere no nosso dia a dia sempre! Para o bem ou para o mal. Ela está no preço do pão, do leite, da carne, das verduras, do aluguel da casa, na qualidade de ensino da escola pública para nossas crianças e jovens, no atendimento à saúde pelo SUS, nas demandas judiciais com um Ministério Público forte e com advogados/as pagos pelo Estado para servir à população que não pode pagar e assim por diante. Não existe
vida social sem a arte da política, por isso temos de participar dos debates e fazer boas escolhas.
Em 1521, Lutero escreveu um comentário ao Cântico de Maria (Lucas 1.46ss) conhecido pela primeira palavra em latim, Magnificat. Este escrito expõe o que o reformador entende como “ética política”. Nele, Lutero afirma que o exercício do poder é um dos mais nobres, mas ao mesmo tempo o mais sujeito às tentações da soberba, do abuso de poder e da opressão. Citando um sábio da época, recorda: “O exercício do poder revela o tipo de pessoa que alguém é”. Ele lembra ainda 1 Pedro 5.5: “Deus resiste aos soberbos, mas aos humildes concede a sua graça”.
Por isso, o primeiro critério para avaliar uma candidatura é a ética política, a coerência entre o que diz e o que sua vida mostra. A Justiça Eleitoral muitas vezes é falha, pois nestas eleições já foram identificados mais de 60 candidatos com mandados de prisão por diferentes crimes, mas que continuam com seus nomes firmes nas campanhas. Considerando este critério básico, sugerimos que se observe algumas das seguintes pautas quando for decidir sua candidata ou seu candidato, seja para Prefeito ou Prefeita, para vereadora ou vereador. Um bom candidato ou candidata defenderá como eixos de sua atuação o seguinte:
- Prioridade total para as creches das crianças, escola fundamental de qualidade, bons salários para professoras e pessoal de apoio, manutenção rigorosa dos prédios escolares e quadras de esporte. Não se iluda com a terceirização dos serviços públicos! Exemplo: depois de privatizar os serviços de água e esgoto, Londres, Berlim e Paris, voltaram a tornar este um serviço público. É mais eficiente e acaba sendo mais barato!
- Luta por melhorias permanentes na infraestrutura da cidade como estradas, pontes, praças, serviços de segurança, água, esgoto. Apressadamente, asfaltar ruas em ano eleitoral é enganação. Não se deixe iludir!
- Comunicação permanente com a população, reuniões nos bairros para escutar as demandas do povo, sobretudo quem mais precisa, por exemplo, com serviços de água e esgoto, transporte coletivo certo, iluminação pública e segurança através das guardas municipais. Nesse sentido, um bom prefeito ou prefeita irá adotar o Orçamento participativo, praticado desde os anos de 1980 e que se mostrou eficiente como instrumento na definição de políticas públicas.
- Uma administração popular irá incentivar a criação de cursos de profissionalização para jovens, atrairá empresas para desenvolver a economia da cidade, irá recompor salários e abrirá concursos para funções de servidores do município, de modo que toda a cidade seja beneficiada. Não é justo dar incentivo a empresas sem a contrapartida para a população. Dinheiro público não é privativo de quem administra a cidade! Muito menos das empresas que requerem incentivos fiscais;
- No atual momento da nossa história local e mundial, a defesa e proteção ambiental será um eixo das ações públicas em qualquer cidade do país. Prefeito ou prefeita que se preze irá propor ações integradas para não só defender as matas e rios da cidade, recompor as matas ciliares, incentivar o plantio de milhões de árvores, mas será claramente um crítico dos negacionistas e de quem destrói o meio ambiente para lucrar mais e rápido. A emergência climática veio para ficar! O desastre que o RS viveu desde 2023 e, especialmente, em maio de 2024 com as enchentes monumentais que atingiram cerca de 2,1 milhões de pessoas, demonstra que com a natureza não se brinca. Proteção ambiental não é luxo, é garantia de vida para todas as pessoas e um futuro digno para nossas crianças e jovens.
Como cantou o poeta bíblico, profeticamente: “Cantem de alegria as árvores da floresta na presença do Deus vivo, porque ele vem julgar a terra” (1 Crônicas 16.33). Os povos originários aprenderam por séculos que é preciso respeitar a natureza como parceira da humanidade e não como inimiga.
Por mais democracia, por uma economia solidária, por justiça social e ambiental!
Palmitos, setembro de 2024.
Coordenação Nacional da PPL
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Carta para discernir o Joio do Trigo. Carta da Pastoral Popular Luterana - PPL - Instituto Humanitas Unisinos - IHU