15 Agosto 2024
O artigo é de Pedro Eduardo Salinas, jornalista e ex-membro da comunidade, em artigo publicado por Religión Digital, 15-08-2024.
Em princípio, é uma boa notícia. No entanto, quero supor que é a primeira de uma série de notícias tão ou mais importantes do que a expulsão de Luis Fernando Figari. Infiro que estamos apenas no início das ações conclusivas da Missão Scicluna-Bertomeu. Caso contrário, seria um escárnio, uma espécie de gesto para a plateia, e ponto.
Quero acreditar que esta decisão do Papa Francisco é o início do fim. É impossível acreditar que, como sugere o Sodalício, Figari tenha agido sozinho e que a instituição só tenha tomado conhecimento da cultura de abuso de poder por meio das denúncias jornalísticas. Agora falta que caia a guarda pretoriana de Figari. Jaime Baertl, José Antonio Eguren, José Ambrozic, Eduardo Regal, Juan Carlos Len, entre muitos outros, têm que cair. Toda a sua ‘geração fundacional’ precisa cair. Ou seja, todos os cúmplices e encobridores da cultura de abuso de poder, da cultura sectária e da cultura mafiosa que imperou durante meio século com absoluta impunidade.
Bertomeu e Scicluna, junto com Paola Ugaz e Pedro Salinas | Foto: Religión Digital
Em termos pessoais, espero que isso também seja um ponto de inflexão para que termine a campanha de assédio e derrubada contra os jornalistas que realizamos a investigação, que já dura quase seis anos. Este edito papal, além disso, evidenciou as falhas da justiça no Peru, assim como as omissões tímidas e covardes por parte dos bispos peruanos, com a exceção de três notáveis exceções: Carlos Castillo Mattasoglio, arcebispo de Lima, o cardeal Pedro Barreto, e o bispo de Caravelí, Reynaldo Nann.
O restante, dos quase cinquenta pastores católicos, começando pelo presidente da Conferência Episcopal Peruana, Miguel Cabrejos, se comportou com covardia e timidez. Da mesma forma, este decreto vaticano expôs a metodologia da cúria romana para enganar o chefe dos católicos. Por isso, a remoção de personagens nefastos nesta história, como José Rodríguez Carballo (ex-secretário do dicastério ao qual o Sodalício depende) e Noel Antonio Londoño (ex-comissário pontifício no Caso Sodalício), para citar alguns, deve ser vista como extremamente positiva neste contexto.
Quanto à resposta do Sodalício, não há muito a dizer. A não ser que parece ser um gesto desesperado. Uma última tentativa de comunicar 'internamente' que 'está tudo bem', que depois disso 'voltaremos à normalidade', e outras bobagens semelhantes. Esse comunicado simplesmente projeta o negacionismo dos seus principais líderes.
Eles não querem perceber que, após esta decisão do Papa Bergoglio, não há volta. E ainda sugerir que o atual superior é, na verdade, o responsável pela expulsão, é como a cereja do bolo dos eufemismos 'sodálites'. É tratar os que acompanham o caso como se fôssemos tolos. Não há retorno, caso não tenha ficado claro. E o que se avizinha é a supressão, ou algo muito parecido com isso. Quando isso acontecer, só então sentiremos que foi feita justiça. Enquanto isso, resta esperar. Mas isso é extremamente importante: finalmente podemos sentir que será por pouco tempo.
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Pedro Salinas, diante da expulsão de Figari: "Agora só falta a Guarda Pretoriana" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU