Cardeal diz que as reformas do Papa continuarão

O Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, assina a Declaração sobre a Fraternidade Humana durante o Encontro Mundial sobre a Fraternidade Humana na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 10 de junho de 2023. (Foto: CNS/Vatican Media)

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26 Abril 2024

Os projetos de reforma lançados pelo Papa Francisco, reformando não apenas instituições como a Cúria Romana, mas também atitudes e abordagens pastorais, não serão revertidos, embora alguns possam assumir formas diferentes no futuro, disse o Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano.

A reportagem é de Cindy Wooden, publicada por National Catholic Reporter, 25-04-2024.

O discernimento contínuo, "que não é simplesmente intuição, mas o fruto da oração contínua no Espírito", mostrará à Igreja "como continuar e o que tornar institucional", disse o cardeal em 24 de abril em uma apresentação do livro. Mas "precisamente porque é a ação do Espírito, não pode haver reversão".

O livro, Five Questions that Agitate the Church (Cinco perguntas que agitam a Igreja), foi escrito por Ignazio Ingrao, o principal correspondente do TG1 no Vaticano. O TG1 é o principal programa noticioso da Itália. A quinta pergunta que ele fez foi: o que acontecerá com as reformas empreendidas por Francisco?

As outras quatro perguntas do livro são: Para quem a Igreja fala hoje? Como a Igreja pode responder ao declínio da prática religiosa? A abertura para os leigos e as mulheres é real ou apenas uma fachada? Como a Igreja pode falar às pessoas modernas sobre gênero, o início e o fim da vida?

Falando no Ministério da Cultura da Itália, Parolin apresentou as perguntas e o conteúdo do livro sem entrar em detalhes sobre como ele responderia às perguntas ou mesmo se acreditava que essas eram as principais questões enfrentadas pela Igreja.

Ao se concentrar na última pergunta do livro, o cardeal citou Tiago 5,7: "Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor. Vejam como o agricultor espera pelo precioso fruto da terra, sendo paciente com ele até que receba as primeiras e as últimas chuvas".

"Sabemos que a Igreja é semper reformanda no sentido de que ela sempre deve ser trazida de volta à sua forma adequada", disse ele, porque, como o Concílio Vaticano II ensinou, embora a Iigreja seja sempre santa, ela sempre precisa de purificação porque abraça os pecadores.

Parolin disse que o título do livro, com sua referência à agitação, convida os leitores a considerar as questões "com a consciência e a prudência com que abordamos situações turbulentas ou assustadoras", mas também com a confiança no Senhor, como os discípulos tinham quando estavam no barco jogado nas ondas do Mar da Galileia.

As diferenças e dificuldades "podem ser lidas não apenas como agitações ou perigos", disse o cardeal, "mas também como oportunidades. Elas fazem parte da sábia pedagogia de Deus, como Ele nos educa, nos ajuda a amadurecer e a progredir. Elas nos ajudam a entender que nós, discípulos, também temos uma necessidade contínua de sermos corrigidos, porque podemos ter a ilusão de que nosso ministério - e a própria Igreja - está a salvo de qualquer inadequação".

"Sobre esse ponto", disse ele, "o Papa Francisco fez e continua a fazer reflexões muito relevantes. No entanto, nós - ao contrário dos discípulos no barco, que ainda estavam imersos na fase pré-pascal da história de Jesus - sabemos que o Espírito Santo, ou seja, o sopro de Deus dado por Jesus na cruz e depois no dia de Pentecostes, torna a Igreja capaz de resistir ao clima de agitação cultural e capaz de resistir aos pecados dos homens e mulheres que são seus membros".

"Apesar de tantas dificuldades que experimentamos, de tantas tensões que fazem parte da vida cotidiana, sabemos que temos pontos fixos, que não falharão", disse Parolin. O livro, disse o cardeal, sugere que existe um tipo de "teologia da escrivaninha" que se baseia apenas na "lógica fria" e ignora situações pastorais da vida real.

O autor cita como reação a esse absolutismo a declaração Fiducia Supplicans, do Dicastério para a Doutrina da Fé, texto publicado em dezembro e que abre a possibilidade de padres e outros ministros darem bênçãos não litúrgicas a casais homossexuais e outros casais não casados na Igreja.

Parolin disse à plateia que até mesmo o Cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do dicastério doutrinário, reconhece que "o texto está aberto para ser mais preciso, enriquecido e melhorado, e, talvez, para ser melhor iluminado pelo ensinamento do Papa Francisco".

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