19 Outubro 2023
O Sínodo sobre a Sinodalidade começou o Módulo B3 nesta quarta-feira, no qual se refletirá sobre "Participação, responsabilidade e autoridade". Isso após um trabalho que o cardeal Hollerich, relator geral do Sínodo, definiu como bonito, apaixonante e exigente.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
O arcebispo de Luxemburgo alertou sobre duas tarefas a serem realizadas após o término da sessão atual da Assembleia: devolver às Igrejas locais os frutos do trabalho, reunidos no relatório-síntese, e coletar elementos para concluir o discernimento no próximo ano, carregados com uma consciência mais clara do Povo de Deus sobre o que significa ser uma Igreja sinodal e os passos a serem dados para sê-la.
A pergunta inicial do 4º Módulo leva à reflexão sobre os processos, estruturas e instituições necessárias em uma Igreja sinodal missionária. Ele abordará questões relacionadas às mudanças na vida do discipulado missionário e na corresponsabilidade. Tudo isso em uma Igreja que, nas palavras de Hollerich, "parece pouco sinodal", onde muitos "sentem que sua opinião não conta e que poucos ou uma única pessoa decidem tudo".
A partir daí, analisou as cinco fichas de trabalho do módulo que serão trabalhadas pelos círculos menores: a renovação do serviço da autoridade, afirmando que "onde prevalece o clericalismo, há uma Igreja que não se move, uma Igreja sem missão", algo que também pode afetar os leigos; a prática do discernimento em comum, perguntando como introduzi-lo nos processos de tomada de decisões da Igreja, em diferentes níveis, buscando consenso que supere a polarização; a criação de estruturas e instituições que favoreçam a participação e o crescimento; a promoção de estruturas continentais, assembleias eclesiais, redes entre as Igrejas locais, garantindo a unidade com Roma; a relação dinâmica que une sinodalidade, colegialidade episcopal e primado petrino.
Hollerich reconheceu que "são questões delicadas que exigem um discernimento cuidadoso", ao que será dedicado o trabalho deste módulo e do ano que se passará até a segunda sessão da Assembleia Sinodal. São temas delicados "porque afetam a vida concreta da Igreja e também o dinamismo de crescimento da tradição", afirmando que "um discernimento equivocado poderia cortá-la ou congelá-la. Em ambos os casos, a mataria".
Nas palavras do relator-geral, "é através da participação que podemos tornar concreta a visão inspiradora e dar continuidade ao impulso da missão ao longo do tempo", advertindo que "a concretização também traz o risco de dispersão em detalhes, anedotas e casos particulares". Daí, ele chamou a "fazer um esforço especial para manter o foco no objetivo que perseguimos", algo refletido nas perguntas para o discernimento de cada ficha, pedindo para evitar desviar-se do assunto.
Sobre o trabalho dos grupos para o discernimento comunitário, Hollerich pediu para "chegar a expressar convergências, divergências, questões a explorar e propostas concretas para avançar", pedindo aos facilitadores, a quem agradeceu pelo trabalho, que "não tenham medo de nos empurrar, mesmo com um pouco de decisão, quando precisarmos de ajuda para não perder o foco".
Finalmente, desejando "um trabalho frutífero neste módulo, que redundará em benefício de toda a Igreja", enfatizou que "o discipulado missionário e a corresponsabilidade não são apenas frases feitas, mas um chamado que só podemos realizar juntos, com o apoio de processos, estruturas e instituições concretas que funcionem verdadeiramente no espírito da sinodalidade".
Cardeal Hollerich (Foto: Vatican Media)
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Hollerich: “Onde reina o clericalismo há uma Igreja que não se move, uma Igreja sem missão” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU