Sem uma Igreja com ministérios de homens e mulheres não há corresponsabilidade na missão. Artigo de Luis Miguel Modino

Pela segunda vez na história dos sínodos, uma mulher, a japonesa Momoko Nishimura, presidiu a sessão como presidente delegada nomeada pelo Santo Padre. (Foto: Reprodução | Vatican Media)

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17 Outubro 2023

"É verdade que estão sendo dados passos, que há sinais nessa direção, mas se eles não forem perpetuados no tempo e assumidos nas comunidades, paróquias, pastorais, movimentos, dioceses e outras estruturas eclesiais, continuarão sendo fogos de artifício", escreve Luis Miguel Modino, padre espanhol e missionário Fidei Donum.

Eis o artigo.

Uma Assembleia Sinodal que está entrando gradualmente em questões que são decisivas em uma Igreja que quer caminhar junto. Daí a importância do módulo que está sendo trabalhado durante esses dias, o Módulo B2, o terceiro do Instrumentum Laboris, no qual o tema é a corresponsabilidade na missão e leva a questionar a melhor forma de compartilhar dons e tarefas a serviço do Evangelho.

A ministerialidade como uma dinâmica decisiva

Nessa corresponsabilidade na missão, tudo o que se refere à ministerialidade desempenha um papel fundamental, uma dinâmica que é decisiva se quisermos tornar uma Igreja sinodal uma realidade, uma Igreja onde possamos caminhar juntos, em comunhão. A partir daí, pode-se afirmar que sem uma Igreja com ministérios assumidos por homens e mulheres não há corresponsabilidade na missão, dimensão que é decisiva nesse modo de ser Igreja para o qual o atual processo sinodal quer nos abrir.

É verdade que estão sendo dados passos, que há sinais nessa direção, mas se eles não forem perpetuados no tempo e assumidos nas comunidades, paróquias, pastorais, movimentos, dioceses e outras estruturas eclesiais, continuarão sendo fogos de artifício. E isso não é uma coisa fácil de fazer, porque em muitos lugares ela não se quer levar adiante. Ser uma Igreja ministerial, uma Igreja em que a corresponsabilidade na missão é vivida por meio do sacramento do batismo, deixando para trás uma Igreja que é estruturada e funciona por meio do sacramento da Ordem Sagrada, não é do agrado de algumas pessoas.

Uma Igreja sem clérigos que se empenha em ser clerical

Especialmente na velha Europa, onde, apesar da falta de clérigos, a Igreja Católica insiste em ser clerical, ela não gosta disso. De fato, muitas missas em Roma neste fim de semana não rezaram pelo Sínodo e pelo trabalho da Assembleia Sinodal. Uma atitude de não querer saber que também deve ter sido assumida em outros lugares.

Há sacerdotes que chegaram a dizer em homilias que, com este Sínodo, Francisco quer provocar um cisma na Igreja, uma afirmação que provoca risos, mas também preocupação, primeiro por causa da falta de formação, e depois pelo fato de que eles não quer abrir mão do poder, de poder viver muito melhor do que eles viveriam sem desfrutar dos privilégios clericais que eles têm. O lado bom é que muitas pessoas não toleram mais essas posições e defendem um Papa que consideram seu.

Mais uma vez, uma mulher presidente-delegada

Nesta segunda-feira, como aconteceu na última sexta-feira, uma mulher, pela segunda vez na história dos sínodos, presidiu a sessão como presidente delegada nomeada pelo Santo Padre. Momoko Nishimura, do Japão, consagrada das Servas do Evangelho da Misericórdia de Deus, que caminha pela Sala Sinodal com a cuia de mate, um costume adotado durante seus seis anos de missão na Argentina, o que demonstra a importância de levar em conta a cultura local na missão.

São sinais, passos lentos, mas sempre em frente, em direção àquela Igreja que, por mais que alguns insistam, está sendo gradualmente assumida como o caminho para encarnar o Evangelho hoje, uma Igreja de comunhão, participação e missão, a Igreja sinodal.

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