"A ialorixá era uma das maiores referências na luta por direitos das comunidades quilombolas e de terreiros e pela preservação da cultura, da espiritualidade e da história do povo negro do Brasil", constata a nota do Observatório do Clima sobre o assassinato da liderança quilombola Bernadete Pacífico, publicada em 18-08-2023.

Eis a nota.

Na noite da última quinta-feira (17/7), a liderança quilombola Maria Bernadete Pacífico foi barbaramente executada a tiros em sua casa em Simões Filho, região metropolitana de Salvador (BA). Mãe Bernadete, como era conhecida, era coordenadora nacional da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos), organização integrante do Observatório do Clima.

A ialorixá era uma das maiores referências na luta por direitos das comunidades quilombolas e de terreiros e pela preservação da cultura, da espiritualidade e da história do povo negro do Brasil. Ela lutava ainda por justiça para seu filho, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho, também líder quilombola e assassinado há seis anos em circunstâncias semelhantes. Há meses, Bernadete Pacífico denunciava estar sendo ameaçada por fazendeiros da região.

Em recente manifestação, Denildo Rodrigues, o Biko, coordenador executivo da Conaq, denunciou a crescente violência que tem se abatido sobre quilombolas em sua luta por visibilidade e direitos.

O Observatório do Clima, com tristeza e indignação, expressa sua solidariedade aos companheiros, familiares e amigos de Bernadete e se soma às exigências por investigações imediatas e punição dos assassinos.

Leia mais

• Bernadete Pacífico: morte de líder quilombola é mais um capítulo da violência contra Comunidades Tradicionais
• Vítimas de violência em conflito por terra, quilombolas ainda são “apagados” em decisões políticas
• Quando uma mulher quilombola tomba, o quilombo se levanta com ela
• Líder quilombola é assassinada na Bahia: “Estou com o corpo de minha avó aqui no sofá, ela foi executada”
• Mãe Bernadete, assassinada com 12 tiros, vinha sofrendo ameaças
• Violência no campo baiano e brasileiro é alarmante
• Violência contra quilombolas dispara em 2017
• Nota Pública da CPT sobre apuração dos assassinatos de quilombolas na Bahia em 2017
• Comunidades quilombolas tentam resistir ao avanço de grandes empreiteiras
• Assassinatos de quilombolas crescem 350% em um ano no Brasil
• Líder de assentamento Quilombola disputado pela Fibria é executado a tiros na BA
• Quilombos são territórios femininos
• No atual ritmo, Brasil levará 2.188 anos para titular os territórios quilombolas com processos abertos no Incra
• Estudo aponta 169 defensoras e defensores de direitos humanos assassinados no Brasil nos últimos 4 anos
• Direitos humanos: “Nesta luta tem que ter claro o seguinte: talvez você tenha que dar a própria vida”. Entrevista especial com Jair Krischke
• Brasil, um país em “permanente violação de direitos humanos”
• Direitos humanos pede defesa radical