Mãe Bernadete, assassinada com 12 tiros, vinha sofrendo ameaças

Maria Bernadete Pacífico (Foto: Reprodução do Youtube)

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21 Agosto 2023

“A Bahia amanhece mais triste diante de tanta violência”, diz nota da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), que tem sede em Salvador, reportando-se ao assassinato da Yarolixá Maria Bernadete Pacífico, 72 anos, conhecida como Mãe Bernadete. A líder comunitária foi morta com 12 tiros na quinta-feira, 17, no Quilombo de Pitanga dos Palmares, lar de 300 famílias, na região metropolitana da capital.

A reportagem é de Edelberto Behs.

Quando esteve com a ministra Rosa Weber há duas semanas, no STF, informa o Portal TodaBahia, mãe Bernadete pediu mais segurança. Ela lembrou o assassinato de seu filho, Binho do Quilombo, em 19 de setembro de 2017, que continua em aberto. Também relatou ameaças que vinha sofrendo.

“Recentemente, perdi um outro amigo e amiga de quilombo também. É o que nós recebemos: ameaças. Principalmente de fazendeiros e de pessoas da região. Hoje vivo assim: não posso sair que estou sendo revistada, minha casa é toda cercada de câmeras, me sinto até mal com um negócio desses”, disse para a ministra.

A CESE acompanhou a luta dessa líder “para salvaguardar seu território, suas tradições religiosas e culturais, e também sua busca por justiça pelo assassinato de seu filho”. A organização humanitária entende que “este assassinato requer uma forte reflexão da sociedade civil organizada acerca das consequências diretas do racismo estrutural na Bahia”.

A nota cobra do Estado uma resposta rápida e eficiente na apuração do crime, “dando conta de sua motivação, seus mandantes e executores”. A CESE encerra sua manifestação pedindo respeito religioso, fim da violência, e um basta no genocídio do povo negro.

Também a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) repudiou, em nota, o assassinato da Mãe Bernadete. A entidade “sente profundamente a perda de uma mulher tão sábia e de uma verdadeira liderança. Sua partida prematura é uma perda irreparável não apenas para a comunidade quilombola, mas para todo o movimento de defesa dos direitos humanos”.

Segundo informações da ONG Justiça Global, Mãe Bernadete foi desligada, em maio, do Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas, por falta de recursos, programa gerido pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

O filho da Yarolixá, Wellington, deu um recado, via TV Bahia, ao ministro Flávio Dino e ao governador baiano Jerônimo Rodrigues, do PT: “Está fácil de resolver esse crime. Eu peço que se faça justiça. Que não aconteça o que aconteceu com meu irmão. É a chance de elucidar os dois casos”.

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