14 Abril 2023
Após uma doença fulminante, o bispo francês Jacques Gaillot morreu na quarta-feira, 12 de abril, em Paris. À frente da diocese de Evreux desde 1982, em 1995 foi afastado do cargo pelo Papa João Paulo II devido a algumas de suas posições sobre a questão da ordenação de homens casados e a favor dos divorciados recasados.
O comentário é de Marcello Neri, teólogo e padre italiano, professor da Universidade de Flensburg, na Alemanha, em artigo publicado por Settimana News, 13-04-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Não isentos de responsabilidade por essa decisão disciplinar extrema do Vaticano foram seus irmãos bispos da Conferência Episcopal Francesa da época, que se ressentiam de sua liberdade de expressão e de sua capacidade de se comunicar com a sociedade civil.
Rebaixado a bispo in partibus infidelium da diocese de Partenia (Mauritânia), que desapareceu da geografia católica no século V, Gaillot assumiu efetivamente seu ministério, transformando-a - já no final do século XX - em um lugar pastoral digital. Mostrando tanto sua habilidade de criar interface com novos territórios de anunciação da fé como uma fidelidade ao mandato de uma Igreja que o havia marginalizado – transformando uma punição em oportunidade.
As margens eram, em todo caso, os territórios da vida humana que abrigavam sua vivência de fé - aqueles da sociedade e os das pessoas na Igreja Católica.
Na declaração da atual Conferência Episcopal, os bispos franceses o recordam nestes termos: “além de algumas tomadas de posição que dividiram, recordamo-lo como alguém que olhou sobretudo para a situação dos mais pobres e das periferias”.
Uma postura de fé que o tornava particularmente próximo do Papa Francisco, que o recebeu em audiência privada em setembro de 2015 – atendendo assim a um pedido expresso por Gaillot em carta enviada ao papa.
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Morreu dom Jacques Gaillot. As margens eram os territórios da vida humana que abrigavam sua vivência de fé - Instituto Humanitas Unisinos - IHU