“O casamento homossexual não é uma ameaça para a família tradicional”. Entrevista com dom Jacques Gaillot

Mais Lidos

  • Cristo Rei ou Cristo servidor? Comentário de Adroaldo Palaoro

    LER MAIS
  • Dois projetos de poder, dois destinos para a República: a urgência de uma escolha civilizatória. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Desce da cruz: a sedução dos algoritmos. Comentário de Ana Casarotti

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

Por: André | 02 Outubro 2015

O bispo espera que o Sínodo sobre a Família, que começa neste domingo, permita que a Igreja avance no caminho da abertura.

 
Fonte: http://bit.ly/1KQr9fW  

A entrevista é de Jérôme Cordelier e publicada por Le Point, 30-09-2015. A tradução é de André Langer.

Durante 20 anos marginalizado pela Igreja da França, dom Jacques Gaillot (foto) foi recentemente reabilitado pelo Papa Francisco. O sumo pontífice recebeu em audiência, longa e calorosamente, o bispo iconoclasta dos indocumentados na Residência Santa Marta, em Roma. Ardoroso partidário do reformador Francisco, o bispo francês vai acompanhar com a máxima atenção o grande Sínodo sobre a Família, que reunirá, a partir de domingo, e até o dia 25 de outubro, bispos e cardeais do mundo inteiro. E espera ver as reformas prometidas...

Eis a entrevista.

O que você espera desse Sínodo sobre a Família?

Este é um momento muito importante para a Igreja. Houve muitos avanços desde o último sínodo e a reflexão amadureceu. Esperamos que as decisões sejam tomadas, que possamos ver mais aberturas. Eu sei que há fortes resistências no interior da Igreja, mas é importante abrir novos caminhos. O papel da Igreja é acompanhar, aliviar, e não impor novos fardos. O nosso papel não é promulgar. Devemos ser capazes de abrir as portar para um segundo casamento. Da mesma forma, a sociedade abriu mais espaço para os direitos dos homossexuais, o que é uma bela evolução. Os homossexuais não são pestilentos; eles têm direito de cidadania. Entre eles encontram-se cristãos, que pedem uma bênção. Isso é importante. É um reconhecimento. O mais importante é que duas pessoas se amam. Nós não podemos ir contra isso.

Você é a favor de dar o sacramento do matrimônio aos casais homossexuais?

Não é o casamento dos homossexuais ou a acolhida dos divorciados que vai destruir a família clássica. O que corrói o casamento é o desemprego, a precariedade e a prisão. O casamento homossexual não é uma ameaça para a família tradicional.

Você acredita que esse Sínodo vai permitir que o Papa avance nas reformas?

Esse é um papa para o nosso tempo. Ele vai ao encontro das pessoas, independentemente de quem sejam e onde estejam, mesmo ao encontro dos tradicionalistas, e acho isso bom. Quem exclui não pode apelar ao Evangelho. Esse papa parte das pessoas como elas são. Ele procura levar em conta as diferentes opiniões dentro da Igreja. É um reformador, mas não quer quebrar a instituição. Ele sabe que existem conservadores, mas ele lhes dá provas, como fez recentemente sobre a família, na Filadélfia. Ele quer que todos compreendam que é preciso se abrir, mas não quer liquidar ninguém. Nós sabemos que isso dificulta um pouco a caminhada da Igreja. A família é um ponto sensível. Mas Jesus não veio para os conformados, nem para os que gozam de boa saúde.