09 Fevereiro 2023
A reportagem é publicada por Religión Digital, 06-02-2023.
O Papa Francisco não está fazendo um "curso em zigue-zague" sobre a questão LGBTQ. É o que afirma o jesuíta americano James Martin, porta-estandarte da abordagem eclesial e pastoral deste grupo, em declarações ao portal suíço Kath, recolhidas por Katholisch.
Assim foram algumas declarações do Papa sobre o tema da homossexualidade que causaram confusão. “O Papa Francisco deixou claro desde o início de seu pontificado que queria dar uma mão pastoral às pessoas LGBTQ”, disse Martin, lembrando a frase icônica de Francisco “Quem sou eu para julgar?” sobre homossexuais.
Martin garante que não está desapontado com o fato de o Papa não ser mais explícito sobre as reformas nesta questão. “E acho que muitas vezes negligenciamos as reformas que o Santo Padre já implementou”, disse o religioso, lembrando que Francisco recentemente se pronunciou a favor da descriminalização da homossexualidade.
“Ele é o primeiro Papa a fazer isso e é um grande avanço”, enfatiza Martin, que está sempre na mira dos grupos mais críticos do Papa justamente por apoiar a mudança de linguagem e atitude em relação ao coletivo LGTBQ.
Francisco reformou muitas coisas com suas palavras e gestos, visitando alguns refugiados, lavando os pés dos prisioneiros e se encontrando com pessoas transexuais, disse o jesuíta americano. "Lembre-se de que Jesus ensinou por palavras e ações. O mesmo acontece com o Papa".
Ele também não questiona o ensinamento da Igreja, enfatizou Martin, embora tenha feito um alerta: "No entanto, devemos ter cuidado como este ensinamento da Igreja é ouvido por aqueles a quem se destina", porque, afirmou ele, a Igreja ainda tem algo aprender sobre a sexualidade humana e é chamada a ouvir, especialmente no que diz respeito às pessoas LGBTQ.
Martin troca regularmente opiniões sobre este assunto pessoalmente ou na forma de cartas com Francisco. De fato, no final de janeiro passado, o Papa explicou em uma carta manuscrita a Martin suas declarações de entrevistas anteriores sobre o tema da homossexualidade, enfatizando que os atos homossexuais, como todos os atos sexuais fora do casamento, são um pecado.
Na entrevista, o Papa se pronunciou contra a criminalização da homossexualidade, dizendo: “Não é crime. Sim, mas é pecado. Tudo bem, mas primeiro vamos distinguir entre pecado e crime”. A declaração gerou discussões, já que o ensino da Igreja descreve a homossexualidade como "objetivamente desordenada", mas apenas atos homossexuais são considerados pecados. Não ficou claro na entrevista se a declaração do Papa foi simplesmente uma objeção retórica à sua declaração real, à qual ele respondeu, ou se ele próprio representa essa posição.
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James Martin: “Francisco não ziguezagueia na questão LGBTQ” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU