O presidente francês está convencido de que Francisco tem um papel fundamental para a paz.
A reportagem foi publicada por Religión Digital, 25-10-2022.
- "Eu encorajei o Papa Francisco a ligar para Vladimir Putin e Patriarca Kirill, mas também para Joe Biden. Precisamos que os Estados Unidos se sentem à mesa para favorecer o processo de paz na Ucrânia";
- "Em algum momento, dependendo de como as coisas se desenvolverem e quando o povo ucraniano e seus líderes decidirem, nos termos que decidiram, a paz será construída com o outro, que hoje é o inimigo, em torno de uma mesa".
O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu ao papa Francisco na segunda-feira que chame o presidente russo Vladimir Putin, bem como o patriarca da Igreja Ortodoxa, Kirill, e o presidente dos EUA, Joe Biden, para favorecer o processo de paz na Ucrânia.
Em entrevista à revista Le Point após sua visita de dois dias à Itália e ao Vaticano, Macron comentou os detalhes de seu encontro na segunda-feira com o Papa Francisco, com quem falou sobre a guerra na Ucrânia, mas também sobre a situação no país cáucaso, Oriente Médio e África.
"Eu encorajei o Papa Francisco a ligar para Vladimir Putin e Patriarca Kirill, mas também para Joe Biden. Precisamos que os Estados Unidos se sentem à mesa para favorecer o processo de paz na Ucrânia", disse Macron na entrevista.
O francês está convencido de que a principal figura da Igreja Católica pode influenciar Biden, com quem tem "uma genuína relação de confiança".
No terceiro encontro entre o Papa e Macron desde que se tornou presidente, o chefe de Estado francês referiu a necessidade de estabelecer também um diálogo religioso e o papel que a Igreja Católica pode desempenhar neste conflito.
No dia anterior, na cúpula inter-religiosa em Roma, Macron insistiu que a paz "será possível" quando a Ucrânia decidir.
"Em algum momento, dependendo de como as coisas se desenvolverem e quando o povo ucraniano e seus líderes decidirem, nos termos que eles decidiram, a paz será construída com o outro, que hoje é o inimigo, em torno de uma mesa", disse.
O Papa Francisco condenou a invasão russa da Ucrânia desde o seu início, em 24 de fevereiro, e tentou manter um diálogo diplomático aberto com Moscou e sua Igreja, o que está alinhado com a posição nacionalista do Kremlin.
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