03 Outubro 2022
"O meu apelo dirige-se, em primeiro lugar, ao presidente da Federação Russa, pedindo-lhe que pare, também por amor ao seu povo, essa espiral de violência e morte. Por outro lado, aflito pelo enorme sofrimento da população ucraniana na sequência da agressão sofrida, dirijo um apelo igualmente confiante ao presidente da Ucrânia para que esteja aberto a propostas sérias de paz", é o apelo dramático do Papa Francisco feito ontem, 02-10-2022, no tradicional Angelus, em Roma e publicado pela Sala de Imprensa do Vaticano. A tradução é de Luisa Rabolini.
Estas são as palavras do Papa ao introduzir a oração mariana
Caros irmãos e irmãs, bom dia!
O andamento da guerra na Ucrânia tornou-se tão grave, devastador e ameaçador que é motivo de grande preocupação. Por isso, hoje gostaria de dedicar a isso toda a reflexão antes do Angelus. De fato, essa terrível e inconcebível ferida da humanidade, em vez de cicatrizar, continua a sangrar cada vez mais, arriscando a aumentar.
Os rios de sangue e lágrimas derramados nos últimos meses me afligem. Entristecem-me os milhares de vítimas, especialmente entre as crianças, e tantas destruições, que deixaram muitas pessoas e famílias desabrigadas e ameaçam vastos territórios com frio e fome. Certas ações nunca podem ser justificadas, nunca! É angustiante que o mundo esteja aprendendo a geografia da Ucrânia através de nomes como Bucha, Irpin, Mariupol, Izium, Zaporizhzhia e outras localidades, que se tornaram lugares de sofrimento e medo indescritíveis. E o que dizer do fato de a humanidade se deparar mais uma vez com a ameaça atômica? É absurdo.
O que ainda deve acontecer? Quanto sangue ainda tem que ser derramado para que entendamos que a guerra nunca é uma solução, mas apenas destruição? Em nome de Deus e em nome do sentido de humanidade que habita em cada coração, renovo o meu apelo para que seja alcançado imediatamente um cessar-fogo. Calem as armas e busquemos as condições para iniciar negociações capazes de conduzir a soluções não impostas pela força, mas acordadas, justas e estáveis. E tais serão se fundadas no respeito ao sacrossanto valor da vida humana, bem como da soberania e da integridade territorial de cada país, e também dos direitos das minorias e das preocupações legítimas.
Deploro profundamente a grave situação que se criou nos últimos dias, com novas ações contrárias aos princípios do direito internacional. De fato, aumenta o risco de uma escalada nuclear, a ponto de temer consequências incontroláveis e catastróficas em nível mundial.
O meu apelo dirige-se, em primeiro lugar, ao presidente da Federação Russa, pedindo-lhe que pare, também por amor ao seu povo, essa espiral de violência e morte. Por outro lado, aflito pelo enorme sofrimento da população ucraniana na sequência da agressão sofrida, dirijo um apelo igualmente confiante ao presidente da Ucrânia para que esteja aberto a propostas sérias de paz. Exorto todos os protagonistas da vida internacional e os líderes políticos das nações a fazerem tudo o que estiver ao seu alcance para pôr fim à guerra em curso, sem se deixar envolver em perigosas escaladas, e para promover e apoiar iniciativas de diálogo. Por favor, que as novas gerações respirem o ar saudável da paz, não o ar poluído da guerra, que é uma loucura!
Após sete meses de hostilidade, deve-se recorrer a todos os instrumentos diplomáticos, mesmo aquelas que eventualmente não foram usados até agora, para acabar com essa terrível tragédia. A guerra em si é um erro e um horror!
Confiamos na misericórdia de Deus, que pode mudar os corações, e na intercessão materna da Rainha da Paz, no momento em que se eleva a Súplica a Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, unidos espiritualmente aos fiéis reunidos em seu Santuário e em muitas partes do mundo.
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“A guerra em si é um erro e um horror! Que as novas gerações respirem o ar saudável da paz, não o ar poluído da guerra, que é uma loucura!” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU