17 Outubro 2022
O que exatamente o Papa e o cardeal alemão Rainer Maria Woelki, arcebispo metropolitano de Colônia (Alemanha) discutiram na quinta-feira, 10 de fevereiro, no Vaticano? Sobre a questão, o interesse dos católicos alemães e de grande parte da hierarquia local, apesar do passar dos meses, não mostra sinais de diminuição.
O Cardeal Reinhard Marx também coloca essa questão no contexto dos muitos casos de abusos sexuais na Igreja. O Cardeal Arcebispo de Munique, Reinhard Marx, acusou o Vaticano de falta de transparência ao lidar com o caso dos abusos envolvendo o arcebispo Rainer Maria Woelki acusado de má gestão. [1] "São necessários procedimentos transparentes e compreensíveis", disse Marx em uma entrevista ao "Welt am Sonntag".
A reportagem é publicada por Il Sismógrafo, 16-10-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Ainda hoje ninguém conhece o conteúdo do relatório dos dois visitantes apostólicos enviados a Colônia no dia 28 de maio passado pelo Papa: o cardeal norueguês Anders Arborelius e o bispo holandês Hans van den Hende. "Mesmo o Núncio Apostólico em Berlim [Monsenhor Nikola Eterović, ndr] me informa que não conhece as conclusões do relatório", disse o card. Marx para depois acrescentar: "O que exatamente foi acordado oralmente ou por escrito entre o Papa e o Cardeal Woelki? Não sei".
Na arquidiocese de Colônia, protestos contra o bispo estão em andamento há meses em relação ao tratamento dos casos de abuso sexual. Woelki ofereceu a Francisco sua renúncia em dois momentos, mas o Papa rejeitou esses pedidos do cardeal. Em 2 de março Woelki voltou à frente da diocese depois de uma "pausa de oração" e na época se falou que uma decisão definitiva do Papa era aguardada, mas até agora nada foi dito oficialmente. É esse silêncio que vem se arrastando há meses que levantou dúvidas e questionamentos. A interrupção da relação entre o bispo da diocese e o povo de Deus é particularmente preocupante, como no caso da "pausa de oração", e por isso muitos, incluindo o cardeal Marx, gostariam de esclarecimento e maior transparência.
O card. R. Marx fez outras considerações pontuais que são o cerne da realidade atual da diocese de Colônia. A primeira diz respeito ao fato de que situações como as do Cardeal Woelki - que renunciou duas vezes e se ausentou para uma "pausa de oração" e ainda permanece no cargo no aguardo de uma decisão final - não foram regidas por binários codificados, claros e conhecidos. Tudo parece quase inventado para o momento que se vive e pronto. Depois, em segundo lugar, o cardeal Marx enfatiza que para a diocese e seus fiéis não basta dizer que o affaire Woelki é uma questão entre o cardeal e o pontífice. "É uma explicação 'não muito boa', para dizer o mínimo", destacou o cardeal.
Na Alemanha está claro para muitos, mesmo dentro da Conferência Episcopal, que no caso Woelki-Santa Sé se criou um sério curto-circuito e as repercussões já são tangíveis na vida diocesana. Um questionamento sobre essa realidade já surgiu no passado no caso de situações semelhantes que chamam em causa o "santo Povo de Deus" que, obviamente, não pode ser considerado como um conjunto de espectadores que não têm o direito de saber a verdade dos fatos, chamados apenas para aplaudir e nunca fazer perguntas.
[1] De 12 de outubro de 2021 a 2 de março de 2022, por acordo com a Santa Sé, durante um período de reflexão, o card. Woelki deixou o governo da arquidiocese de Colônia ao bispo auxiliar Mons. Rolf Steinhauser. As numerosas críticas ao cardeal Woelki referem-se a supostas omissões graves na investigação de casos de pedofilia e também ao fato de que se considera a gestão do problema pelo cardeal como inadequada, custosa e ineficaz.
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Para muitos, a situação do arcebispo de Colônia, card. Woelki, é pouco transparente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU